Luxúria: 6 - O Toque Da Paixão



Capítulo 6 – O Toque Da Paixão

            Desceram uma escada nos fundos da boate, estava escuro. Andaram por um corredor e entram em uma das salas. Além de uma luz baixa, o local estava fresco. Ao se acostumar com a luminosidade, Carmen percebeu que a sala estava cheia. Havia várias cadeiras e pufes espalhados, e várias pessoas sentadas. Na verdade, todas eram mulheres; era uma dança especialmente para moças. Margaret sentou-se em um pufe, colocando a morena sentada em seu colo; segurou em sua cintura. Alguns pares de olhos curiosos perceberam a ação, e em suas cabeças fervilhava o pensamento: quem seria aquela moça que conseguira ficar tão próxima de Margaret, ao ponto de estar naquela sala?

             Uma música começou, estava alta. Belly Dance nada mais era do que a famosa dança do ventre. Havia vários tipos             dessa dança: com véus, como ficou conhecido após a novela “O Clone”; havia o tribal fusion, que trazia o estilo tribal; a dança com espadas e fogo; entre outras. Carmen sempre achara aquele estilo de dança excitante, e estava louca para assistir. Uma moça morena entrou na sala, com uma saia comprida e solta, um sutiã com algumas pedras e tiras de pano que se ligavam à saia. Maquiagem bem marcada, pulseiras, colares, enfeites. Os cabelos negros e cacheados armados. Seu corpo acompanhava a música, o ritmo, dançando, deslizando, hipnotizando.

            As mãos de Margaret deslizavam pelas pernas de Carmen, enquanto sua boca beijava-lhe as costas por cima da blusa. E a convidada não tirava os olhos da dançarina; e a boca estava seca, sedenta por mais daquela sensualidade tão tocável, ela podia sentir! O sorriso da ruiva refletia seu prazer. Quando acabou aquele número, a moça saiu e outras duas entraram. Dessa vez, Margaret estava ansiosa, queria saber qual seria a reação da sua Carmen diante dessa outra apresentação. Usavam mais ou menos a mesma roupa, uma loira e uma morena, exceto que a loira tinha as costas nuas, os seios de fora, e uma fita de couro preta presa ao pescoço.

            A música recomeçou, e a morena dançava sensualmente, até se ajoelhar no chão. A loira pegou uma vela branca em cima de uma mesa e aproximou-a da morena. Sem deixar que a cera caísse, passava a vela por cima do corpo moreno, sem tocar, acompanhando a música. A atmosfera transpirava sensualidade, e Carmen mal podia se conter ao sussurrar para a ruiva:

- Eu quero aprender a fazer isso... – os olhos vidrados, e então, a surpresa no olhar ao ouvir a seguinte resposta:

- Não. – a ruiva recebeu o olhar surpreso com um riso, e explicou:

- Coisas perigosas e delicadas como velas e espadas só são feitas com alguém em quem você confia muito, alguém especial. – elas olharam para a loira e a morena e ela continuou – Por exemplo, elas são casadas há três anos, fazem esse número há dois.

            A morena baixou o olhar, e um sorriso apareceu no rosto de Margaret. As duas moças começaram a dançar bellydance de novo, com um pouco de tribal fusion. Logo que elas acabaram, Margaret pediu que Carmen levantasse, e essa sem entender, o fez. A ruiva andou até o centro do lugar, e apesar de não estar vestida de acordo, pediu que colocassem uma música, pois ela iria dançar. Carmen ficou encantada, mal podia esperar para vê-la dançar. A ruiva começou a balançar o corpo um lado para o outro, contraindo e soltando o abdômen, indo para frente e para trás, mantendo o contato visual com os olhos marrons.

            Carmen mal podia acreditar, seus olhos brilhavam ante aquela imagem. Novamente, todas as pessoas desapareceram ao seu redor. Somente existiam as duas. Não fazia idéia do que era aquilo, ou porque a ruiva tinha tanto poder sobre ela, porque ficava hipnotizada a ponto de esquecer o que era respirar? Margaret parecia uma pantera faminta andando em direção a Carmen, e talvez fosse. Faminta pelo seu corpo, devoradora de sua alma, de suas vontades. Passou a mão por todo o corpo, fechando os olhos levemente, enquanto a morena sentia seu corpo arder em febre, febre da paixão. Sua respiração falha lembrava-a de respirar novamente. Quando a música cessou, todos bateram palmas para o grande show.

            Margaret, feliz, com um enorme sorriso satisfeito, puxou Carmen para fora da sala. Precisava desesperadamente extravasar aquele sentimento que oprimia o peito, não sabia bem explicar o que era... Mas era como se necessitasse se libertar daquilo, como um lobo que corre para todos os lados, raivoso, com as garras e dentes à mostra, tentando se livrar da gaiola em que se encontra. Ao fechar da porta, o corredor escuro e silencioso, não deixou brechas para que a morena falasse, se pronunciasse ou emitisse qualquer som que não fosse um gemido abafado de surpresa.

- O que está fazendo? Aqui não! Espera, hey! – a morena tentou falar, em vão.

- Aqui sim. Agora. – ela sussurrou.

            Os lábios vermelhos capturaram os de Carmen, sugando-os. A língua invadiu a boca, o beijo envolvente, o calor, a vontade, o desejo. O corpo inteiro em contato com o corpo de Carmen. Mas dessa vez, nada de dedos ou penetração, não... Posicionou-se entre as pernas da morena, arranhando suas costas, mordendo seu pescoço, espremendo os seios contra os seus. Sentiu a morena tremer e gemer enquanto fazia movimentos de vai e vem furiosos na coxa da outra. Gemeu, arfou, gritou, sentindo seu corpo inteiro entrar em êxtase. Carmen, tomada de tremendo sentimento, fincou as unhas nas costas quentes da amante, e deixou que extravasasse tudo o que precisava naquele momento. O êxtase aumentando, o corpo tremendo, a respiração falha, o grito, o ápice, o gozo. A vista embaçada. Os corpos tremelicando. Os pelos arrepiados. O sorriso nos lábios. O coração acelerado. Margaret tomou os lábios doces da amada contra os seus, dessa vez um beijo lento e satisfeito, doce, encantado.

- O... O que foi isso? Vo... Você... Sentiu? – perguntou, ainda tomando fôlego, a morena.

- Nada, nada além de... Puro desejo... Sexual... – o sorriso recuperado nos lábios cor de carmim e a frieza nas palavras.

- Mas... Mas... – os olhos estavam confusos, sem conseguir ver os olhos verdes, muito menos o rastro das lágrimas da ruiva.

- Vem, vamos subir. – ela encerrou o assunto.

            Voltaram para a boate, enquanto Margaret tentava entender o que raios acontecera lá embaixo. Precisava urgentemente de um uísque. Parou no bar e pediu um copo com gelo e a bebida, tomando a maior parte de uma vez. O barman cerrou os olhos sobre ela, estava estranha. Os olhos passaram dela para a morena feliz ao seu lado. Não precisava ser um gênio para descobrir o que havia acontecido entre elas, mas Margaret... Estava diferente. Não era novidade para ela transar com mulheres, ou com homens, das mais variadas formas, então, o que seria?

- Minha linda, vou ir para o camarim, pois preciso me arrumar para o trabalho agora a noite. – deu um abraço por trás na outra.

- Tudo bem, eu fico andando por aqui, conhecendo o pessoal, enquanto te espero.

- Ok, mas se ficar muito tarde para você, não tem problema em ir. – deu um beijo intenso nos lábios rosados e mordiscou seu lábio inferior. – Até mais tarde.

            Então, ela ficou sozinha na boate, Margaret sumiu entre as pessoas. Sentou-se em um dos sofás que havia no canto, enquanto observava o movimento. Alguém sentou-se ao seu lado, olhou-a com curiosidade. Uma moça de calças largas, tênis, moicano nos cabelos loiros, pintado de preto somente na parte de trás, pequenos alargadores nas orelhas e um cigarro entre os dedos. A estranha levantou uma sobrancelha, percebendo que estava sendo analisada de cima a baixo.

- O que foi? Nunca viu não, hein? – seu mau humor estava estourando.

- Desculpa, não quis ofender. Só estava curiosa mesmo. – ela respondeu sem dar tanta atenção. – Prazer, Carmen.

- Eu sei, a nova queridinha da Margaret. – um sorriso de desdém. – Prazer todo meu, Mike. – apertou-lhe a mão.

- É... – ela sorriu.

- O que acha da boate?

- Na verdade, estou adorando. Bem diferente de tudo o que eu já tinha visto.

- Que bom. Eu sou professora da academia de dança Levi’s Latter no centro. Em geral, comando street dance e hip hop.

- Que demais, adoro esses estilos! – agora a estranha conquistara sua completa atenção.

- Se quiser ter algumas aulas de graça lá para experimentar, é só passar lá e me procurar.

- Obrigada, irei sim! – mal respondeu, a mão direita de Mike foi direto em sua nuca, puxando-a para um beijo, ao qual ela correspondeu.

            Margaret acabava de descer as escadas, de mãos dadas com um cara de meia idade, quando viu a cena. O ciúme ardeu dentro dela. Cerrou os pulsos, e se pudesse, dava um soco naquela filha da puta da Mike. Tentava-se convencer que sua raiva era puramente causada por sentimentos e desentendimentos passados com Mike, e não pela cena que via diante de seus olhos.

2 comentários

  1. CONTINUA... PLEASE!!! Vc é uma escritora maravilhosa e projetos assim merecem serem terminados e expostos. Vc arrasa. #Força

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