Dança Comigo



Querida, por que você tem que complicar tudo?
Esquece sua dor por um minuto e venha comigo.
Prometo lhe dar uma noite inteira assim de bobeira,
Dançando jazz, ouvindo blues, tomando um vinho...

Encaixa seu corpo no meu, querida, sente o movimento.
Entrelaça seus braços em meu pescoço e me beija,
Deixa eu lhe guiar no palco dessa vida noturna,
E lhe fazer minha guitarra dedilhando-lhe com meus dedos.

Vem aqui, querida, por que essa cara de brava?
Não faz bico, que eu me desmancho inteira em ternura.
Senta aqui e me conta o que lhe aflige o coraçãozinho.
Prometo escutar e cuidar da menina mais linda do salão.

Está frio lá fora, está frio aqui dentro. Meu coração chora, transborda minhas dores e mágoas. Já não consigo segurar as lágrimas. O ar a minha volta está tão vazio, mas aqui dentro está tão cheio... Já não me aguento mais. A solidão aperta o peito. Querida amiga, sempre lhe tentei manter afastada, longe de mim, mas é a única que não consegue me deixar. Meus olhos vazios miram o céu, que começa a escurecer, tornando-se cinza, para combinar com meu humor. Não há ninguém, nunca houve ninguém. Tentei segurar as pessoas, fazê-las ficar ao meu lado, mas não é assim que funciona... No começo elas ficavam... Mas quando começavam a me conhecer de verdade, não me aguentavam. Pediam espaço... E tudo o que eu queria era alguém para ficar. Assustados, debatiam-se pedindo passagem, doidos para voar, livrar-se das correntes que se tornaram meus braços e abraços. E eu, eu implorava para que ficassem. Não me deixem sozinha, fiquem... Eu tenho medo do escuro. Mas eles não enxergavam minha solidão, apenas minhas palavras distorcidas. Seria eu louca? Se perguntassem para eles, talvez diriam que sim... Fazendo-me de vítima, quando era uma insana obsessiva. Talvez, talvez eu deva permanecer sozinha para não machucar ninguém. Não ferir ninguém. Não prender ninguém. É injusto... Injusto ter que me segurar e me trancafiar e que ninguém me pergunte verdadeiramente como eu estou. É injusto que ninguém se importe. É injusto que ninguém se arrisque por mim, que ninguém me escolha. É injusto estar rodeada de pessoas e me sentindo completamente só. É injusto eu saber que mereço alguém legal, e que não há ninguém para mim. Ninguém me escolhe. Eu sou uma opção, mas uma opção que todos preferem ignorar. Não se arriscar. É injusto pois sei do meu potencial, e me vejo grande... E no fim, no fim eu não sou ninguém. No fim eu sou apenas essa garota perdida e excessiva. Quem quer alguém extravagante? Quem quer alguém ciumento, chato, obsessivo, falante e insistente? Quem quer alguém que põe os outros antes de si mesmo? Quem quer alguém que tenta sempre ser o centro das atenções? Quem quer alguém egoísta? Quem me quer? Ninguém. Essa sempre foi e sempre será a resposta. Eu juro que tento acreditar no contrário, mas a cada ano que passa, isso não muda. As ilusões são as mesmas e o coração já está cansado de tantos machucados. Fico pensando se não vão ler e me dizer que me faço de vítima, que eles estão lá por mim sim e eu que não reconheço. Eu que não confio. É... Vê? Ainda penso nos outros, quando eu tenho o direito de me sentir triste, chateada, quebrada, sozinha, magoada. E eu só queria que alguém me abraçasse e dissesse que tudo vai ficar bem. Eu só queria saber que quando eu chorar, gritar, e estiver enlouquecendo na dor, alguém iria me segurar, abraçar e me deixar chorar. Confortar. E dizer que tudo ia acabar. Melhorar. Mas no fim do dia não há ninguém, apenas eu mesma e Deus. Minha fé está aqui, apesar de tudo, mas seria demais pedir alguém? Seria demais? É... Talvez seja. Não há ninguém.

Eu quero você.


Eu quero você. É tão simples, não é? Eu quero você. Consegue me ouvir? Eu quero você. Aqui. Agora. Urgente. Consegue sentir? Eu quero. Eu mando. Se fosse simples assim... Você, especialmente você, sabe que eu não mando em nada, eu apenas obedeço, mas me concede um pedido? Passa essa noite comigo. E amanhã à noite. E na outra noite. Eu quero você, é, vou repetir. Será que você pode me ouvir agora? Eu quero você em minha cama, espreguiçando-se nos lençóis brancos, esfregando-se e ronronando, e me olhando desse jeito. Eu quero minhas mãos deslizando pelo seu corpo quente e macio, enquanto eu a observo. Sabe que eu gosto disso, não sabe? Quero me aproximar do seu ouvido, meu corpo colado ao seu, mordiscar o lóbulo da sua orelha e sussurrar: "Dança para mim, minha linda. Dança para mim..." E ao sentir seu corpo se mexer embaixo do meu, repetir "Dança... Rebola pra mim... Só pra mim..." Eu quero morder você. Assim, devagar... Pedaço por pedaço, devorá-la inteira. Eu quero sentir seu gosto... Por favor...
A calmaria em que meu corpo se molda,
Mal esconde o caos trancafiado aqui dentro.
Anseio por libertar essa língua afiada em veneno,
Destilando dores e se afogando em sabores,
Como eu outrora costumava fazer.
Se eu pudesse cantarolar minha dor,
Transformá-la em canção-torpor...
Mas da minha garganta só sai um riso frouxo,
Um grito rouco arranhando o desespero.
Mas caso o fizesse, eu deixaria uma trilha
De respingos de sangue e lágrimas,
Pois não há como controlar o dano colateral.
Iria lhe ferir, doce pássaro, o que eu jurei não fazer.
Desde que aceitei esse caminho, preciso me conter.
Mal nenhum eu hei de fazer, pois só o bem-querer.
Então agora, me resposta: O que fazer

Com a tempestade que se acumula em meu ser?

Imagens Que Contam Histórias 28


Música: I Don't Dance - Lee Brice 
(https://www.youtube.com/watch?v=fBEBbgQEJy4)

Respirou fundo algumas vezes, tentando se acalmar, enquanto se preparava para subir no palco. Onde ela estava com a cabeça quando inventou aquilo? Claramente não estava em cima do pescoço! Respirou novamente uma, duas vezes, como se o nervosismo que embrulhava seu estômago pudesse desaparecer. Olhou da onde estava para a multidão que curtia o show de talentos da escola. Tantos adolescentes pulando enlouquecidos com o som de rock que rolava. Provavelmente achariam brega o que ela tinha para dizer? Talvez... Mas estava decidida a tentar, pois desde o dia em que a conheceu sua vida inteira mudou. Esperou que os meninos do terceiro ano acabassem de tocar, e enquanto se despediam jogando beijos e piscadelas, ela fechou os olhos brevemente, reunindo coragem. Era agora ou nunca. Chamou sua amiga, que carregava um violão, e ambas subiram no palco. A plateia ficou o mais quieta possível para jovens daquela idade. Todos estavam curiosos, e alguns até externaram seu pensamento gritando o que ela iria cantar. Morrendo de vergonha, ela escaneou a multidão com os olhos castanhos até achar quem ela queria. Seus olhos se fixaram nos verdes, e ela poderia jurar que a loira prendia a respiração ao vê-la ali em cima. Sorriu, e tentou de uma vez deixar de lado seu nervosismo.

Indomável


Eu escolhi o cabelo vermelho, ou ele me escolheu? Quem sabe de fato o que aconteceu, mas de qualquer forma, foi ele que combinou melhor com minha personalidade. Cor forte, cor do fogo, cor do amor. E eu sou assim, forte. Extrema. Difícil não me ver, especialmente quando eu faço de tudo para que me vejam. Eu não vou me calar. Eu não vou me esconder. Eu não vou desistir. Por algum tempo andei perdida entre os tantos caminhos que a vida oferece. Esqueci-me de mim mesma, e até as palavras me faltaram. Como!? Eu também me fiz essa pergunta tantas e tantas vezes... Estava entrando em desespero, sem poder externar meus sentimentos, tentando trancafiá-los em uma caixinha para depois enterrá-la bem fundo. Talvez quem sabe nunca mais mexer ali, deixar passar. Como eu poderia fazer isso? Onde eu estava com a cabeça? Não sobrevivo de meias verdades, meios sentimentos, meias tristezas, meios amores. É tudo ou nada. Pegar ou lagar. Chorar ou sorrir. Gritar ou silenciar. E eu grito. Eu grito! Eu GRITO! Consegue me ouvir? Não? Pois eu vou gritar até o planeta inteiro me ouvir! Não consegue me ver? Pois eu vou pular e pular e pular até aprender a voar. E eu vou voar! Sabe por quê? Porque gaiola nenhuma jamais vai me prender. Ninguém me prende! Ninguém me doma! Eu sou indomável, cavalo selvagem correndo pela floresta. Águia selvagem voando pelo céu, sem limite. Eu vou sentir o sol em minha pele, eu vou rir até chorar. Peguei a chave e abri um por um, soltando todos os meus sentimentos. Desamarrando minhas mãos. Vou chorar, vou sentir raiva, vou gritar, vou rir, vou sorrir, vou enlouquecer. Eu vou fazer o que eu quiser! Estou aprendendo a me reencontrar, voltar a ser quem eu sou. E quem quiser vir comigo, vai ter que me aceitar como sou. E ficar ao meu lado sem medo. Eu sou assim. Extravagante. Eu sou assim. Extrema. Eu vou assim. E eu amo ser assim! Eu vou falar alto, eu vou dançar o quanto eu quiser, eu vou amar e vou tentar e eu vou porque eu vou porque eu vou. Eu sou livre! Eu gosto de ser livre, e ninguém vai me prender. Jamais. Eu não vou permitir. Mas vou me permitir sentir o que quiser, falar o que quiser, e fazer o que eu quiser. Eu sou dona de mim mesma, e não preciso ser domada. Com Deus guiando meu caminho, eu escolho o meu destino. 

Gostaria eu de poder abrir minhas veias e retirar à força o que eu preciso escrever... Esse não escrever está me sufocando aos poucos. Essa falta de emoção, de choro, de raiva, de amor... Está me matando aos poucos de tédio. Ainda se fosse de solidão, daria uma bela canção. Mas nem mesmo isso me restou.

A Menina dos Óculos Vermelhos


Crônica: A Menina dos Óculos Vermelhos
Nota; Feliz aniversário, Aly! Espero que goste desse singelo presente. 
Escrevi escutando "You're Beautiful" do James Blunt.
ps: na imagem o óculos não é vermelho :/ mas eu não achei outro que eu gostasse e combinasse, e eu gostei do título e também achei que não deveria trocá-lo.

Era um dia comum, ensolarado, e ventava um pouco. Eu estava sentada em um daqueles bancos de madeira da faculdade, esperando... O quê? Não sei, alguma coisa, qualquer coisa. Eu apenas esperava... Que algo mudasse, acontecesse. Talvez alguém caísse. Talvez o céu se abrisse. Talvez alguém me chamasse... Mas nada estava acontecendo. Era um dia comum. E como sempre, lá estava eu sozinha observando as pessoas que passavam por mim. Uma brisa bagunçou meus cabelos, fazendo com que caíssem em meus olhos. Quando consegui me livrar dos fios, prendendo-os atrás da orelha, aconteceu. Eu a vi. Ela vinha em minha direção, eu não a conhecia, era óbvio que ela não iria falar comigo. Era óbvio que ela nunca tinha me visto na vida, e assim sendo, uma garota como ela não daria bola para uma estranha tão comum e tão solitária. Os seus cabelos escuros estavam compridos, e balançavam com o vento. Ela usava uns óculos vermelhos, e eles emolduravam seu sorriso. Era um sorriso tão lindo! Usava um jaleco branco por cima do vestido azul claro. Ela vinha com algumas amigas, e eu fiquei meio sem jeito, mas ainda assim a observava. Ela ria do que elas falavam, mas de vez em quando olhava em minha direção. Ia se aproximando... Aproximando... E eu ainda imaginava que ela fosse passar reto. A poucos passos do meu banco ela parou, despediu-se das amigas, sorriu mais um pouco, e enquanto elas saíam ela virou-se para mim, ainda sorrindo, e deu os passos finais até chegar a mim.
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