Noite Triste


Noite Triste

A festa acabou, as luzes se apagaram, as máscaras caíram
No espelho reflexos distorcidos de felicidade 
Já não podem esconder a tristeza que reina aqui dentro
E eu já não tenho mais certeza do que sentir. 

Quando finalmente achei-me livre dos fantasmas teus,
Caí no abismo da tua lembrança, hoje quase finda,
Tentando segurá-la com meus dedos trêmulos, 
Para recriar as ilusões outrora tão dolorosas. 

A cada passo em falso me rasgo em ódio profundo,
Amargura de solidão infinita que me acometeu
Quando na linha do amor, ninguém me escolheu,
E comecei a duvidar da minha capacidade de amar.

Love me like you do


Música: Love me like you do (cover)
https://www.youtube.com/watch?v=ZAnbP4rMVZA


Nunca pude lhe encontrar, e talvez fosse por uma boa razão. No instante em que meus olhos te encontraram, naquele momento em que você me reconheceu, eu soube. Você também sentiu, e não me importava quantas mentiras dissesse para tentar esconder o fato de que tinha sentido, eu iria saber. Depois de tantos anos duas desconhecidas finalmente se vendo pela primeira vez. O riso nervoso escapou de meus lábios secos, enquanto meus olhos tentavam guardar todos os seus traços, para que eu sempre pudesse me lembrar deles. O abraço veio tímido, cheio de reservas, mas assim que o gelo inicial foi quebrado, a química logo se instalou. Em uma sinfonia de risos e sorrisos parecia que nos conhecíamos há séculos, o que não seria de todo mentira. A todo momento eu procurava as íris cor de chocolate, ainda que furtivamente, e esperava esbarrar em seus braços para sentir o calor do seu corpo. Se eu pudesse, gostaria que essa noite durasse para sempre; mas infelizmente, tudo chega ao seu fim. E levantando-se, você decretou o fim da noite. Não poderia deixar que fosse... Não assim, com mil perguntas rondando minha mente, com tanta coisa não dita entalada na garganta, com tanta esperança dentro do peito. E num misto de nervosismo e ansiedade, fiz o pedido indecente: fica. E ao responder que não teria como voltar pra casa, continuei: dorme na minha.

Muros e Pontes


Minhas mãos estão machucadas, meus pés estão machucados. E eu estou cansada. Demorei tanto tempo construindo pontes... Retirando tijolo a tijolo dos muros tão bem guardados da fortaleza. A cada tijolo eu pude olhar mais dentro, observar, entender. E a cada tijolo fora, mais luminosidade entrando. Isso é bom, eu pensei. Nos buracos em que eu abri resolvi colocar pontes, para que houvesse um caminho de ida e de volta de dentro da fortaleza, e não só apenas para a dona dela, mas para mim também. Fui convidada a entrar no castelo. E assim eu o fiz, dia a pós dia, às vezes para o almoço, outras para a hora do chá, outras para dormir... E em algumas, fiquei de guarda. Mas então, em um dia de tempestade intensa, a moradora se desesperou e começou a tapar os buracos que eu abrira. Eu estava do lado de fora. Ela me deixou para fora. Eu ouvia os gritos de angústia, e em desespero, comecei a esmurrar os muros do castelo. Esmurrei e esmurrei e esmurrei, até ouvir o som abençoado do cimento caindo. Eu entrei de novo. E no lugar do buraco, ao amanhecer, a luz entrou. E isso começou a incomodar a dona da casa. Fui expulsa.

Pontos de vista.


Você me disse que gostava dos meus cabelos vermelhos. 
Então eu os cortei.
Você disse que gostava daquela minha camiseta vermelha.
Então eu a rasguei.
Você disse que gostava daquele meu CD do Kid Abelha.
Então eu o quebrei.
Você disse que gostava daquele meu all-star velho.
Então eu os joguei fora.
Você disse que gostava do café que eu fazia.
Então eu parei de o tomar.
Você disse que gostava dos meus lábios rosados.
Então eu os arroxeei.
Você disse que gostava do meu corpo como ele era.
Então eu o cortei.
Você disse que me amava.
Então eu me odiei.
Você disse que ia embora.
Então eu fiquei.

Eu estou aqui!


Eu estou aqui. Repito. Eu estou aqui. Cadê você? Depois de tantos anos... Eu finalmente consegui chegar. Eu estou aqui! Eu estou aqui! eu grito. Mas você não pode me ouvir. Eu sussurro. Eu estou aqui... Mas você não pode me ouvir. Após tanto tempo... Como você estará? Será que mudou muito do que eu me lembro? Ainda que eu nunca tenha pousado meus olhos em seu corpo, ainda que minha mão nunca tenha tocado a sua, ainda que meus lábios nunca tenham sentido a quentura da sua bochecha ao se avermelhar, eu saberia exatamente lhe reconhecer. Depois de tanto tempo... Eu esperei por tanto tempo... Esperei e esperei... E na verdade, isso foi o que todo mundo me aconselhou a não fazer. Não esperar. Engraçado, não é? Pois dentro de mim uma esperança gigantesca crescia a cada ano. Ainda que eu nunca mais tenha trocado palavras com você, a cada viagem meus olhos lhe procuravam desesperadamente pela multidão. Mas... Eram poucos dias... Lugares diferentes... Mas hoje? Hoje eu estou aqui. Olho para essa cidade grande, toda cinza, cheia de prédios. Mas eu não estou admirando a cidade.
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