Love me like you do


Música: Love me like you do (cover)
https://www.youtube.com/watch?v=ZAnbP4rMVZA


Nunca pude lhe encontrar, e talvez fosse por uma boa razão. No instante em que meus olhos te encontraram, naquele momento em que você me reconheceu, eu soube. Você também sentiu, e não me importava quantas mentiras dissesse para tentar esconder o fato de que tinha sentido, eu iria saber. Depois de tantos anos duas desconhecidas finalmente se vendo pela primeira vez. O riso nervoso escapou de meus lábios secos, enquanto meus olhos tentavam guardar todos os seus traços, para que eu sempre pudesse me lembrar deles. O abraço veio tímido, cheio de reservas, mas assim que o gelo inicial foi quebrado, a química logo se instalou. Em uma sinfonia de risos e sorrisos parecia que nos conhecíamos há séculos, o que não seria de todo mentira. A todo momento eu procurava as íris cor de chocolate, ainda que furtivamente, e esperava esbarrar em seus braços para sentir o calor do seu corpo. Se eu pudesse, gostaria que essa noite durasse para sempre; mas infelizmente, tudo chega ao seu fim. E levantando-se, você decretou o fim da noite. Não poderia deixar que fosse... Não assim, com mil perguntas rondando minha mente, com tanta coisa não dita entalada na garganta, com tanta esperança dentro do peito. E num misto de nervosismo e ansiedade, fiz o pedido indecente: fica. E ao responder que não teria como voltar pra casa, continuei: dorme na minha.
Você hesitou, e naquele momento meu corpo estremeceu. Acostumada a ouvir tantos não, mal pude acreditar no sim que escorregou de seus lábios carnudos. Aproveitamos o resto da noite no bar, entre conversas, risadas e brincadeiras. Então a hora de partir chegara. As amigas se despediram e a sós finalmente ficamos. Enquanto esperávamos pelo táxi, encostou-se em mim, entrelaçando nossos braços, e aquele encaixe nunca parecera tão perfeito. Não somente o frio da noite me arrepiava, e olhando para o céu estrelado, agradeci mentalmente. Percurso sem som, apenas o batimento acelerado dos nossos corações. Uma vez dentro do apartamento, entramos em meu mundo particular. Conversas paralelas acontecendo até que a hora da verdade não tardou a aparecer. Você ainda me ama? Respondi com um aceno de cabeça. Por quê? E eu não soube responder o porquê. Jamais saberia. Dei de ombros. Você me esqueceu? Foi a minha vez de perguntar, e receber uma negativa com a cabeça. Novamente nossos olhos se encontraram. Verdes e marrons. Não havia espaço para perguntas, nem resposta, e muito menos teorias. Naquele momento não havia nada mais do que aquele sentimento nos espremendo em um mesmo espaço apertado. Nossas mãos se juntaram, e o toque se tornou urgente. O beijo em seguida foi natural. Quanto tempo desejando sentir o gosto dos seus lábios! Suas mãos deslizando pelo meu corpo como se já soubessem o caminho. Apertei-a forte em um abraço, podendo finalmente lhe sentir. Dedilhar meus dedos em seu corpo moreno, sentir o cheiro da sua pele, ouvir seus suspiros contra meus lábios. Após tanto tempo pude ser sua fonte de prazer, bebi de você e me doei como sempre o fiz. E no momento em que ambas ficamos sem ar, eu me senti completa. Completamente fora de órbita. Como se o tempo e o espaço não mais existissem. Como se finalmente, após tanto tempo esperando, nossas almas tivessem se encontrado novamente. Após o êxtase, afastei todos os questionamentos humanos que tentavam me tirar a paz, e deitada em seus braços eu indaguei. Por que agora? E a sua resposta veio cheio de ternura. Porque chegou a hora. E com um sorriso nos lábios, descansei, certa de que finalmente meu destino me encontrara.  

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