Conto - Can You Read My Mind


Can You Read My Mind

- Eu vou me arrumar agora porque vou sair com os meninos.

Aquelas palavras rondavam a cabeça de Julia. Ela tentou não demonstrar a pontada de ciúme que sentira, murmurando:

- Ah sim que bom! Se quiser acho que eu já vou indo então...

- Não precisa! – respondeu Marina indo ao quarto. – A gente vai conversando enquanto isso.

- Tudo bem. – a ruiva a seguiu até o quarto.

Ficou sentada na cama enquanto ouvia Marina falar sobre a tal garota de quem gostava. Julia já tinha se acostumado a começar a gostar de alguma menina, e essa menina estar apaixonada por outra, e era ela sempre que as ajudava a ficar juntas.


- E você, não vai sair? Hoje é sábado à noite! – Marina tirou-a de seus devaneios.

- Não... Acho que vou ficar em casa mesmo, além do que estou sem companhia.

Julia virou o rosto, nunca gostava de falar sobre sair. Todos sempre perguntavam se ela não saia. Sim, tinha vontade, mas não tinha com quem. E toda vez que falava isso, sentia que afastava as pessoas. Marina acabou de se trocar e quando ia arrumar o cabelo castanho claro, seu celular tocou. Ela o atendeu e depois de alguns minutos o desligou bufando.

- Era o Gabriel. Disse que não vai dar mais para sairmos hoje.

Ela sentou na cama, enquanto Julia falava:

- Ah que pena! Você queria tanto sair... – ela queria que a outra se divertisse, mas estaria mentindo se dissesse que não gostaria que ela ficasse ali consigo.

- Tudo bem. Pelo menos eu fico aqui e você me faz companhia! – Marina disse sorrindo.

Julia sorriu também. Elas ficaram ali, lado a lado sentadas na cama, pensando... Ainda não havia um assunto que pudessem comentar. Os olhos castanhos de Marina olhavam dentro dos olhos verdes de Julia, que sorria minimamente.

- O que acha de bebermos? Devo ter uma garrafa lá na cozinha. – sugeriu Marina. A outra fez uma careta, então ela voltou a falar:

- Eu sei que você não bebe!
- Como você sabe? – ela fez uma cara de surpresa, fazendo a amiga cair na risada.

- Eu posso ler mentes! – As duas começaram a rir.

- Ah claro que pode!

- Mas sério agora, eu que iria beber. Você não precisa beber se não quiser.

Julia sorriu, retrucando:

- Sim claro! Mas aí depois você ia me acusar de te agarrar quando você estiver bêbada.

- Duvido que eu te acusaria...

Depois dessa frase houve um silêncio. Elas já tinham percebido que fazia algum tempo que a amizade estava mudando. Passar um dia sem se verem ou se falarem já era motivo para o peito explodir de saudades. Sempre sentiam falta uma da outra. Com o tempo foram ficando mais próximas. Brincadeiras foram surgindo...

- E então, vamos fazer o quê? – perguntou Julia, depois de um tempo.

- Eu sei bem o que você quer fazer... – Marina sorriu maliciosamente.

- Ah é esqueci que você pode ler minha mente... – sorriu de volta. Aproximou-se um pouco mais e voltou a perguntar:

- Então o que a gente faz quando o assunto acaba?

Marina apenas sorriu e se aproximou mais. Seus lábios se tocaram, e o beijo aconteceu naturalmente. No começo mais calmo, se conhecendo, se tocando, se sentindo. Quando se separaram, ficaram sem saber o que dizer. Marina deitou de costas na cama e Julia fez o mesmo, ficando ao seu lado.

- Você não tem medo de mim não? – perguntou Marina, de repente.

- Por quê eu teria? – a outra deu uma risadinha. Os olhos castanhos a encararam, enquanto Marina respondia:

- Não sei. A maioria tem medo de mim.

- Eu não teria. – ela sorriu.

- E se eu andasse com uma espada, um estilete e uma algema?

Julia pensou um pouco e depois respondeu:

- Eu andava ao seu lado com um escudo! Ia até pegar um autógrafo!

Marina caiu na gargalhada dizendo:

- E as algemas? – Julia olhou-a maliciosamente e Marina riu dizendo:

- Não precisa responder, leio mentes, não é? – elas caíram na risada.

Depois de um tempo elas voltaram a se olhar. Não tinha mais como negar, o desejo estava estampado em seus rostos. Só precisa de uma fagulha para poder acender o fogo da paixão e do desejo. O que não demorou a chegar.

- Você ficaria sexy segurando uma algema. – Julia disse mordendo o lábio inferior.

- Eu adoraria te prender com elas. – ela sorriu maliciosamente.

Julia levantou se debruçando por cima de Marina, sussurrando em seu ouvido:

- Será que você tem energia suficiente para me agüentar?

Marina trocou de posição, rolando por cima de Julia, provocando:

- Eu agüento qualquer coisa bem. – mordiscou o queixo de Julia, depois voltou a beijar seus lábios vermelhos. O beijo foi ficando mais profundo e exigente.

- Eu vou te morder, te beijar, e te lamber onde eu quiser e o quanto eu quiser. – Marina sussurrou no ouvido da outra.

- Humm eu deixo você fazer o que quiser amor. – gemeu Julia.

Marina começou a beijar levemente o pescoço da ruiva, fazendo-a se arrepiar. Intercalava com leves mordidinhas, enquanto suas mãos desciam pelas pernas da outra.
Como que de umas simples conversas, tinha evoluído tão rapidamente para aquilo? Elas não saberiam dizer. Mas era um sentimento que aflorara algo inesperado.

Julia arranhava levemente as costas da outra, fazendo-a se arrepiar. Enquanto Marina arrancava a blusa da outra, descendo os beijos para o colo, depois para os seios ainda cobertos do sutiã. Antes que ela pudesse fazer mais qualquer coisa, Julia virou para o lado deixando Marina de costas para o colchão. Tirou-lhe a blusa, enquanto beijava seus lábios, seu colo, seus seios, dizendo:

- Eu te quero, só para mim.

- Você vai ser minha. E eu vou ser sua. – Marina buscou os lábios para mais um beijo dentre tantos que viriam.

Passaram a noite na cama, naqueles jogos de ver quem agüentava mais, quem surpreendia mais. Beijos ardentes em todas as partes imagináveis e inimagináveis. Lambidas, arranhões, mordidas... Teve espaço para tudo. Seus corpos suados faziam uma dança invisível na cama, deslizando um pelo outro, exalando seus cheiros. Saciaram sua sede incontáveis vezes, gritaram e gemeram toda vez que chegavam ao ápice do prazer. E no fim da noite, acabaram nos braços uma da outra, descansando.

- Essa foi a melhor noite da sua vida, não é? – Marina disse sorrindo.

- Você nem é convencida! Mas sim, foi. – respondeu Julia rindo.

- Ainda vou te dar muitas noites assim...

- Mas... Eu só não gostaria de que fossem apenas noites... – Julia suspirou. A outra olhou para ela sorrindo e respondeu:

- Amor, com você não serão apenas noites... Nunca será.

Ela deu mais um beijo nos lábios de Julia. Estavam felizes. Julia se enroscou no corpo de Marina, sorrindo feito boba. Ali elas tinham dito que parecia que algo ia começar. Ela sentia uma necessidade de querer chamar a outra de namorada... Mas tinha receios, apesar de tudo. Acabou adormecendo nos braços de Marina, e inevitavelmente seus sonhos foram com ela. É, Marina podia ler mentes. Sabia de suas vontades, do que ela queria... E por mais incrível que pareça, sabia de algumas coisas que ela sentia.

Não tinha nada decidido. Não era uma promessa de um pra sempre... Aliás, talvez até poderia ser. Mas ela sentiam que dali nascia algo novo, que iria as unir ainda mais. Não era apenas sexo, era carinho, era afeição... Era amor. 

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