Love Game: 8 – Mais Do Que Somente Sexo


Capítulo 8 – Mais do que somente sexo

            O ônibus parou no acampamento, foi aquela algazarra. Todo mundo pegando suas mochilas e querendo sair primeiro, e como falam! Estava com meus óculos escuros novamente. Esperei que todos saíssem, e quando fui descer, o motorista olhou pra mim com um sorriso naquela cara gorda, e deu uma piscadela.

            Fingi que nem vi e desci do ônibus. Cara de pau! Provavelmente deve ter adorado a cena de duas mulheres juntas. Ele desceu e abriu o compartimento de bagagens. O pessoal pegou suas malas.

            Olhei em volta, o lugar era realmente bonito. Estava fresco, tinha bastante grama, ao fundo montanhas. Do lado direito era o alojamento masculino e do lado esquerdo o feminino. Depois de descer uma rampa e andar um pouco ficava o refeitório.

 - Gostei daqui! – disse Helena, parando ao meu lado. Quase a tinha esquecido.

- Até parece. – dei uma risada, olhando para o seu traje.

            Usava botas pretas de salto alto, calça jeans apertada e uma camiseta preta com alguns brilhos. Óculos escuros e acessórios. Detalhe: tudo de marca. Talvez eu tenha me esquecido de mencionar, mas Helena tem dinheiro e usa e abusa dele.

- Nossa é muito bonito por aqui! – eu odiava essa voz. Por um momento havia esquecido que Camila tinha vindo junto.

            Pegamos as malas e fomos andando até chegar ao nosso alojamento. As garotas entravam e saiam das portas, escolhendo seus quarto. Ficamos com o último e é claro, as três juntas. Era capaz de eu acabar matando a Camila antes do fim do acampamento.

            Fiquei com a cama do canto, Helena com a cama ao lado da minha e Camila com a cama do outro canto. Éramos para descer até o salão onde haveria a apresentação, a abertura do acampamento. Os monitores iriam comandar.

            Enquanto andávamos até o salão, eu ia conversando com Helena.

- Eu só posso ter ficado maluca! Ainda me parece irreal.

- Também, transar no banco de um ônibus, cheio de adolescente enquanto vai pra um acampamento... – deu uma risada.

- Não ria que eu sei que você e a Sara já fizeram coisa pior! – sorri maliciosa.

- Abafa o caso amiga! Mas no amor, vale tudo.

            Eu ia protestar quando apareceu um cara se apresentando. Se não fosse por ele, acho que tinha batido na Helena.

- Bom dia garotas, meu nome é Marcelo. Sou um dos monitores do acampamento.

- Bom dia. – Helena segurou em sua mão.

            Limitei-me a um aceno de cabeça. Passei por ele, que ainda olhou para minha bunda. Dei um sorriso de canto, sempre adorei ser o centro das atenções. Sentamos em um banco que tinha perto da porta, onde estavam os professores de outras escolas. A garotada ficou lá na frente, perto do palco, sentados no chão do salão.

- Bom dia, moçada! Eu sou o Cabeção e esse aqui é o Kico. Sejam bem vindos ao acampamento Nosso Recanto – NR.

            Eles continuaram dando as instruções a as boas vindas. De repente, descobri no canto, um par de olhos violetas olhando para mim. Nunca vira olhos tão intensos. A loira mordeu o lábio inferior ao perceber que tinha conseguido minha atenção. Tirei os óculos escuros e sorri para ela, piscando o olho. Eu sei, não presto.

- Gostosa ela, não é? Parece que é professora de uma escola do Rio.

- Helena, Helena. Porque mesmo a Sara ficou em casa e você veio? – virei, dizendo para ela.

- Cala a boca! Se não fosse por mim, você estaria ferrada só com a Camila como companhia.

- Falar nisso, onde está aquela infeliz? – eu sei, sou uma candura de pessoa.

            Comecei a procurar e de repente a vi, encostada na parede, ao lado de Paola. Conversavam animadamente e Paola sorria de algo que ela dizia. Senti meu sangue ferver de raiva! Filha de uma mãe! Acho que Paola podia sentir meu olhar, pois seus olhos vieram em minha direção. Fechei a cara e recoloquei meus óculos escuros. Ela deu uma risada discreta. Adora se divertir com meus ciúmes.

            Dispensaram-nos. Teríamos a tarde livre e ao entardecer teria um lanche. Quando me levantei, com a intenção de ir até a Paola, Helena me cutucou, fazendo eu me virar, dando de cara com a professora loira ao meu lado.

- Prazer, Bruna. – disse estendendo a mão.

- Prazer todo meu. Sally. – apertei-a, sorrindo.

- Não pude deixar de te notar. Você é linda. – disse, medindo-me de cima a baixo.

- Obrigada. Você além de linda, é gostosa. – ela sorriu quando me ouviu dizer isso. Agora sabia que eu compartilhava das suas intenções.

- Me procura hoje a noite, depois do jantar. – passou a língua pelos lábios e eu mordi meu lábio inferior.

            Ela saiu andando sensualmente e eu não pude deixar de olhar para aquele corpo. E que corpo, fala sério! Eu não nego quem eu sou, simplesmente apaixonada por elogios. Ouvi alguém chegar perto de mim e tinha certeza de quem era.
- Quem era?

- Bruna. – sorri ao dizer o nome.

- Bonita ela, não é?

- Se você pode conversar com a Camila, eu posso conversar com a Bruna.

            Olhei dentro dos olhos de Paola, sorrindo. Adorava quando ela sentia ciúmes. Demonstrava que se importava comigo e que sentia um pouco de posse. Ela ficou calada e olhou-me dentro dos olhos.

- Não posso ficar brava com você. Temos a tarde livre. Quer aproveitar?

- Eu adoraria, mas tenho uma classe para...

- Eu tomo conta. – Helena me interrompeu, sorrindo.

- Não sei se bato em você ou te beijo. – sorri, agradecendo.

- Vamos! – Paola saiu na frente e eu saí atrás dela.

            Andamos um pouco, indo atrás de um dos alojamentos, estava deserto. Havia algumas árvores, onde Paola sentou-se no chão, encostando-se a elas. Sorri e deitei-me em seu colo. Ela começou a fazer carinho nos meus cabelos, era a primeira vez depois de muito tempo que eu deixava que coisas assim acontecessem.

- Sabe, eu precisava desse tempo, um pouco de sossego. – ela quebrou o silêncio.

- Sei como é. Sua vida é muito corrida? – ela pareceu escolher as palavras certas...

- Bem, digamos que sim. Eu trabalho, e isso toma muito tempo em minha vida, além dos estudos.

            Ficamos quietas durante algum tempo, e acho que ela começou a falar mais para si, quando disse:

- As vezes é tão difícil... Eu só... Só... Queria poder ser eu mesma.

- Eu também. – respondi, olhando para ela.

            Pareceu me notar, lembrar que eu estava ali. Sorriu de volta e fez um carinho em minhas bochechas, depois desceu os dedos pelos meus lábios.

- Eu adoro seus lábios. E eu amo seu sorriso.

            Senti alguma coisa boa me invadir, uma vontade imensa de sorrir, e foi o que eu fiz. Era indescritível a sensação de poder ter alguns momentos bons, onde as pessoas não somente me admirassem pelo meu corpo! Eu sabia, a verdade estava escondida dentro do meu coração. Aprendi a erguer muitas barreiras... 

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