A Ilusionista


Nossa protagonista, exímia ilusionista, vivia dos sonhos que sonhava. Sem dinheiro para viagens, andava pé ante pé na corda bamba da sua vida amorosa. A cada semana eram apresentações de tirar o fôlego da plateia de olhos arregalados e respirações suspensas: tirava um coelho da cartola, e um pombo, e um relacionamento quebrado; entrava em caixas cheias de espinhos, e saía viva de lá, apenas por causa da sua fé inabalável no amor; cerrava suas assistentes ao meio, como se podasse as raízes da sua tristeza; desaparecia atrás de um pano azul de tranquilidade, e reaparecia atrás do vermelho, pura sexualidade; tirava lenços intermináveis da boca, assim como suas palavras, que nunca se esgotavam. E assim era sua vida, a cada dia um show diferente, uma ilusão diferente, e um punhado de sorrisos congelados.
De noite, em sua cama, pensava em sua vida mesquinha e sem sentido. Sem representações, sem plateia, sem ilusões, dava de cara na verdade irrefutável: a solidão. Como toda boa ilusionista, tinha fé de que tudo ia dar certo, um dia iria ganhar uma grana com a venda dos tantos coelhos que colecionava, e então poderia encontrá-la, sua grande e idealizada amada. Sabia que, em futuro distante, seus destinos se cruzariam, e somente essa possibilidade, já fazia a ilusionista feliz. O problema era quando sonhava: o riso da moça ficava ecoando em sua mente, e as imagens das duas dançando, fazendo cócegas e sendo felizes, ficavam coladas em sua retina, remotamente no mundo dos sonhos, mas vivamente quando ela acordava. A tristeza batia no peito, pois nenhum truque no mundo poderia trazer a moça para os seus braços. A realidade dura e crua de não poder ter a única pessoa em sua vida que lhe importava, esmagava suas esperanças doloridas. Mas a nossa ilusionista é a melhor em seu ramo; então, pegando seus sonhos de sorrisos e risadas, ela os transforma em ilusões, guardando-os em pequenos potinhos, em forma de pequenas palavras. Assim, quando a saudade é tanta que a sufoca, nossa protagonista se resguarda em seu próprio mundo, revivendo suas mais queridas e amadas ilusões, para quem sabe, assim, possa estar (ou pelo menos se sentir) mais perto de realizar os seus sonhos. 

4 comentários

  1. incrivel Laris...muito bom...parabens , vc e dez!

    Diego

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  2. LARIIIIIIIIIIIIIIIIIS! *___* AI, eu e meus surtos, tenho que me controlar, porque antes eu sabia comentar contidamente...mas ameeei, nossa que texto bem conduzindo, sério, você arrasou, mandou bem demais....amei amei amei! Impossível não se simpatizar por essa protagonista <3
    beijoos

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    1. Heeeeeeeey Thata!! Muito obrigada! hahaha eu adorooo seus surtos em comentários, não precisa se segurar hahaha Muito obrigada, mesmoo! :D Sim, essa protagonista é realmente especial, e exímia ilusionista ;) Valeu pelo comentário, beijos!

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