Imagens Que Contam Histórias 8


Aquela chuva era real. Ela sabia. Sabia que não era mais de um dos seus devaneios, apesar de às vezes desconfiar se era real ou se ainda estava sonhando. Sonho dentro de sonho, não era tão impossível assim. Acordou gritando, no meio da noite. Levantou-se e foi até a janela, a chuva caía, marcando a janela com pingos gelados de misericórdia. Os carros passavam na rua, fazendo barulho e lembrando-a de que lá fora a vida continuava. Tudo parecia embaçado, a janela, seus olhos, seu sentimento, seu coração. Tentava ser mais leve, não no sentido literal, mas nas palavras que dizia, sentimentos que sentia, ações que cometia, mas não conseguia. A garota do sorriso doce e meigo, que chorava facilmente frente à um raio e alguns trovões, só conseguia cuspir veneno nas palavras profundas que ia tecendo. Era um veneno não letal, mas que embriagava quem o tomava, fazia o outro sentir a dor que a sua criadora sentira, fazia parecer real. Olhou para a chuva novamente, e as gotas pareceram pequenos cristais caindo do céu, afinal, não era tão ruim assim. Talvez, sem saber se era real ou não, podia sonhar por mais tempo e manter a doce e amarga ilusão que suas palavras e pensamentos demonstravam. Assim, podia fingir que aquela chuva era real, e não mais um sonho que a forçava a dormir, por ser o doce mais doce que ela já experimentara.

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