Um Amor Além da Vida: 17 - O Ensaio



Capítulo 17 – O Ensaio

Cinco horas em ponto eu encostava minha moto em frente à faculdade da Priscila. Descemos e ela foi me guiando para dentro, apontando e explicando o que era o quê. Depois de sairmos da praça, fomos até minha casa e tomamos um banho, trocamos de roupa e eu a trouxe para cá. Chegamos ao anfiteatro da faculdade, que tinha umas poucas pessoas, e entramos pelo palco. Carla veio logo nos cumprimentar, juntamente com Rachel e mais umas pessoas, apertei a mão de todas elas distribuindo ‘ois’, até que um garoto veio cumprimentar Priscila.
- Achei que não vinha mais! – ele a abraçou.

Eu aproveitei para olhá-lo da cabeça aos pés: magro e alto, cabelos negros e curtos, espetados; um piercing no lábio inferior; moreno e de um sorriso lindo, com olhos também negros.

- Eu demorei só um pouquinho! – ela sorriu e olhando para mim, lembrou de nos apresentar:

 - Diego, essa é a Clarice, uma amiga minha. Clarice, esse é Diego, meu colega de teatro e amigo da escola.

- Prazer. – eu sorri cumprimentando, e ele o fez também, nada, além disso.

Sentamos no chão na forma de uma roda, e a professora chegou, conversando com todos os presentes. Eu fiquei na minha, apenas observando aquele universo curioso. Eu sempre achei o pessoal do teatro diferente, sempre chamando minha atenção, pelo que eu via nos filmes e etc. Eles começaram a ensaiar uma peça que uma das meninas tinha escrito, sobre um amor impossível, que seria encenada dali a alguns meses. Por incrível que pareça, Priscila era a mocinha principal, e o tal do Diego seria o amor dela, ou seja, o mocinho principal. Confesso que fiquei com uma pontinha de ciúmes, mas, teatro era teatro.

Eles levantaram e começaram a encenar e como falavam as falas espontaneamente, deduzi que já a tinham decorado. Depois de um tempo, comecei a me interessar pela peça, e o desempenho dos dois era realmente bom, me fazendo prestar atenção à cada mínimo detalhe.

Os olhares entre eles, a dramaticidade com que encenavam começou a me tocar e eu comecei a sorrir a cada movimento. Além de a minha atriz ser a estrela principal do meu palco, ou seja, eu admirava cada pedacinho do seu corpo, sorria a cada sorriso que ela dava, amava cada lágrima e feição de dor. E eu continuei presa em cada movimento, até perceber que haveria um beijo no fim, mas que ali eles não encenaram, deixando apenas para o dia.

Eles voltaram a se sentar enquanto outras pessoas levantavam, para ensaiar os seus papéis. Priscila sentou ao meu lado sorrindo, e eu sussurrei em seu ouvido:

- Você estava linda, amor!

- Obrigada. – ela voltou a sorrir para mim.

Não sei quanto tempo ficamos ali no ensaio, mas quando tudo acabou já era de noite. Todos se levantaram e começaram a se despedir, e o Diego veio conversar:

- Acho que fomos bem hoje. – ele chegou ao nosso lado e Priscila respondeu:
- Sim, concordo! Ainda bem que estamos melhorando a cada ensaio.

- Hey, o pessoal está combinando de sair daqui e ir para algum barzinho, vamos?

Priscila gostaria de ir, mas sem hesitar respondeu:

- Hoje não vai dar, deixa para outro dia. – ele sorriu.

- Ah tudo bem. Até mais então. – despediu-se dela e de mim, e depois fomos saindo andando até o estacionamento.

- Minha linda, você não gostaria de ir com eles? – eu perguntei, enquanto estávamos de mãos dadas, saindo da faculdade.

- Até gostaria, mas hoje você está comigo, não vou te deixar sozinha. – Priscila me deu um selinho e subimos na moto.

Para a minha surpresa, ela nada disse, apenas colocando o capacete e segurando em minha cintura. Eu liguei a moto e perguntei:

- Ué, você nem reclamou hoje!

- Estou me acostumando com a moto já! Além de adorar ficar abraçada à sua cintura.

Eu sorri e dei partida na moto. Dirigi até a casa dela e nós descemos, entrando na casa. Priscila foi até seu quarto para trocar de roupa e eu fiquei na sala, olhando os filmes que ela tinha, em cima de uma prateleira. Quando voltou, vestia um short e uma camiseta vermelha.

- O que achou dos filmes?

- Adorei, tem uns ótimos. – eu a olhei de cima a baixo e sorri. – E você está linda!

- Obrigada amor.

Escolhemos um filme de comédia romântica para assistir e Priscila fez uma pipoca de microondas. Sentamos no sofá uma ao lado da outra e começamos a assistir ao filme. Estava legal a história, mas eu não conseguia parar de pensar sobre o que tinha acontecido lá na faculdade, e ela percebeu.

- Aconteceu algo amor? - Priscila me perguntou, desviando os olhos da TV.

- Nada, apenas... Estava pensando.

- Em quê? - ela sabia que eu escondia algo. Suspirei e então disse:

- É que sei lá, fiquei meio assim com o Diego... - ela sorriu, dizendo:

- Ah sim, entendi. - deu uma risadinha e continuou: - Você é tão linda com ciúmes!

- Quem disse que estou com ciúmes? - eu tentei fingir estar brava, sem muito sucesso.

- Eu consigo ver no seu olhar, meu amor. Mas não há necessidade, ele é apenas um amigo meu, que está na peça comigo. Quem eu amo é você. - ela disse beijando meus lábios.

- Que linda minha flor! - a beijei também, segurando-a em meus braços.

- Eu nunca iria trocar você. - ela aconchegou-se em meus braços e voltamos a ver o filme. 

Quando o filme acabou, eu percebi que ela havia dormido então eu desliguei a tv e ajudei-a a deitar na cama dela, tentando não acordá-la, mas ela acordou.

- Eu perdi muita coisa?

- Hm... Do meio até o fim! - eu disse sorrindo e ela riu:

- Desculpa amor. Vem, deita comigo.

Eu deitei ao seu lado e fiquei olhando em seus olhos, estávamos apaixonadas e tão felizes! Era como se eu estivesse vivendo um sonho. Ficamos namorando um tempão e depois dormimos abraçadinhas.

O domingo passou normal, ficamos namorando de manhã, depois fizemos um almoço na casa da minha Priscila e adivinhe quem apareceu pro almoço? Isso, a Carla. Pra falar a verdade, eu adoro aquela garota! Muito animada e uma amiga e tanto! Tudo bem que de vez em quando é meio inconveniente, mas, ninguém é perfeito, né? Depois ficamos a tarde toda conversando e brincando de vários jogos diferentes, enquanto Carla me contava sobre a infância de Priscila, que aos protestos, tentava fechar a boca da amiga. Eu me divertia com a cena.

No fim do dia fui pra casa, pois tinha faculdade no dia seguinte, prometi a encontrar na segunda. Cheguei a casa e senti um vazio enorme sem a presença dela ao meu lado. Deitei na cama e abracei meu travesseiro, tudo ali tinha o cheiro dela. Sorri bobamente, lembrando dos momentos lindos que havíamos passado ali. Só não sabia a surpresa que eu teria no outro dia.

Nenhum comentário

Postar um comentário

Layout por Maryana Sales - Tecnologia Blogger