Imagens Que Contam Histórias 12


Gostava de dizer que cada sarda presente em seu rosto era um ano a mais que ela tinha; adorava dizer que era o tanto de dinheiro que ganhava de natal; falava que era o tanto de namorados que tivera, e o tanto que perdera também. gostava de dizer que eram o reflexo das estrelas que brilhavam alto no céu. Envaidecia-se quando alguém lhe dizia algo agradável sobre as sardas; enraivecia quando zombavam delas. Contava mil e uma histórias de como as conseguiu, dependendo de quem conversava. Mas a sua favorita, era dizer que era o tanto de lágrimas que ela chorara por alguém. Nunca dizia o nome dessa pessoa. No fundo no fundo, suas sardas não eram países, nem estrelas, nem lágrimas, nem anos, nem luz, nem mancha, nem nada. Eram apenas o tanto de esperança que ainda residia dentro dela, que a fazia levantar-se toda manhã. Eram sua força. Ficavam logo abaixo dos olhos, que brilhavam ante à luz de mais um novo dia. Eram a sua válvula de escape ante as horridades que passara em casa, pai bêbado e mãe drogada, geralmente ela virava saco de pancada. 



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