Love Game: 14 - Que Os Jogos Comecem!


Capítulo 14 – Que os Jogos Comecem!
            
“- Me fez amar e confiar novamente.” Essa frase ecoava dentro da cabeça de Lola, fazendo com que seus fantasmas revivessem. Fechou os olhos com força, tentando afastar as lembranças, mas não conseguiu. Mais lágrimas desceram amargas, e com um nó na garganta tentou lembrar-se da última vez que tinha sido feliz assim.

            Sally confiara nela, e olha quantas vezes lhe quebrara as promessas. Andou dentro do quarto, de um lado para o outro, tentando entender onde as coisas se perderam e se tornaram tão confusas. Olhou de repente para a parede. Havia um mural onde costumava colocar as fotos dos suspeitos e ficar analisando-os.

             Dessa vez era uma foto de uma linda loira. E o engraçado da foto é que era espontânea. Ela olhava para alguma coisa quando a foto fora tirada, e sorria. Não parecia em nada a mulher sedutora que ostentava aquele ar de superioridade.

            Um sorriso apareceu instantaneamente em seu rosto. Mas seus pensamentos foram interrompidos quando a campainha tocou. Rapidamente dirigiu-se até a porta e abriu-a, deparando-se com Jaque e uma mulher morena vestida elegantemente em um terno escuro.

- Achei que precisava de ajuda. – Jaque sorriu, enquanto a morena estendeu a mão, dizendo:

- Mariana, advogada, ao seu dispor.

- Entrem! – deu espaço e a morena passou por ela.

            Lola olhou para trás, admirando o belo corpo daquela mulher. Voltou-se para Jaqueline que tinha um sorriso divertido no rosto. Ela fechou a porta e as duas sentaram-se no sofá da sala.

- Bem – começou Jaque. – Como eu sei da sua situação, resolvi chamar a Mari que é minha amiga há tempos. Ela é uma ótima advogada e se interessou pelo seu caso.

- Interessou?

- Sim. – respondeu a própria advogada. – É um caso difícil, apesar de não ser complicado. Mas queria saber se está interessada em me ter como advogada, e caso a resposta seja afirmativa, eu precisaria que me contasse tudo, todos os detalhes sobre a história.

            Lola pensou por um momento, realmente precisava de uma boa advogada. Não iria recusar nenhum tipo de ajuda.

- Tudo bem, eu aceito. E quando começamos?

- Até agora, se quiser. Eu conheço o advogado de Sally, ele é um dos melhores, e o mais canalha também. Por isso, quanto mais eu souber, e mais rápido começarmos, melhor para você.

- Então vamos começar! – sentou-se na poltrona, cruzando as pernas. – Isto tudo começou por causa de uma investigação em aberto que nós tínhamos. Estávamos atrás de um criminoso e acabei topando com essa escola. Puxei a ficha para checar, coisa de rotina, até perceber que havia uma professora com diversas reclamações sobre seu comportamento. Achei melhor verificar. Havia vários depoimentos de alunos e pais de alunos sobre o comportamento indevido daquela professora. Achavam inadmissível que um membro do corpo docente fosse vestida daquela maneira para exercer a profissão.

- Em sua ficha não havia nada criminal, mas achei que ela pudesse estar envolvida com abuso de menores e coisas do gênero. Mas como tinha seus privilégios, não era pega e continuava dando aulas. Isso tinha que acabar. Falei com meu chefe e ele decidiu que um disfarce seria ótimo para descobrirmos mais coisas. Aproveitando que não aparento minha idade, conversei com a diretora e entrei na escola como aluna nova. Logo comprovei o óbvio: ela realmente dava em cima dos alunos. Gostava de toda aquela atenção.

- Eu precisava juntar algumas provas e pegá-la no flagrante. Eu só não contava com uma coisa: apaixonar-me perdidamente por ela. E o pior, ela também se apaixonou por mim. Há algo entre nós que não consigo definir, somente sei que é sólido e verdadeiro. Você devia ver, o ódio e a mágoa em seus olhos quando os detetives invadiram sua casa, prendendo-a. Tive que fazer meu trabalho, mas aquilo doeu profundamente. Depois disso, prendi-a na cadeia provisória da delegacia, enquanto esperava pelo rumo que o caso iria tomar.

- Mas fiz a besteira de ontem a noite ir até a cela dela, não me contive. Hoje de manhã, o advogado dela e o meu capitão, juntamente com Jaque, me encontraram dentro da cela dela, completamente nua.

            Tomou fôlego quando acabou de falar. Mariana prestara total atenção ao que Lola falava. Balançou a cabeça negativamente.

- É complicado mesmo. Como imaginei, John explorará você. Dirá que esse caso tem que ser encerrado, pois você pode ter comprometido as provas do crime. Não tem confiabilidade, já que dormiu com a suspeita. Assim sendo, hipoteticamente você poderia começar tudo de novo, mas na prática é impossível, todos sabemos disso. Teríamos que trabalhar a parte dos seus honrosos anos de trabalho para a policia, e dizer que ela te seduziu acreditando que fosse uma adolescente. Que o único envolvimento entre vocês duas, é o fato dela querer simplesmente abusar de você, brincar como você, exatamente como faz com os alunos dela. Ou seja, nada de mencionar a palavra amor, em momento algum.

- Mas... Não foi assim. – Mariana pegou-a de surpresa.

- Eu sei, você sabe. Mas se falarmos a verdade, você perderá o caso e o emprego. Tantos anos fazendo um trabalho maravilhoso de policial para jogá-lo fora por uma bobeira como esta?

- Não é bobeira! – não conseguiu se conter.

            Surpreendeu-se consigo mesma por fazer aquela revelação. Tudo o que se tratava sobre Sally não era bobeira, de maneira alguma. Mariana sorriu de canto, não era a primeira vez que via aquilo. Sentiu pena daquela pobre moça. Enfrentar um julgamento seria muito desgastante e ela sofreria. Sabia disso pois a única coisa que não podia haver ali, estava havendo: amor.

            Passados alguns dias, lá estavam sentados em uma mesa comprida: Mariana e Lola, e do outro lado John e Sally. O juiz acabava de entrar por uma porta, sentando-se na ponta da mesa. Iria haver uma reunião para que tentassem revolver a questão para que não precisasse ser levada ao tribunal.

            Loira e morena se encaravam por cima da mesa, sem dizer uma única palavra. Tentavam levantar uma máscara de desdém, enquanto que no fundo tentavam esconder o medo que tinham uma da outra.

- Excelência, não deve haver julgamento nenhum, já que a conduta da senhorita Lola foi indevida para uma policial e detetive com sua experiência. Oferecemos um acordo: Se ela retirar as acusações sobre a senhorita Sally, tiramos as acusações sobre sua conduta no trabalho. – começou John.

- Minha cliente já havia dito ao senhor John que não quer fazer nenhum acordo. – disse Mariana, dirigindo-se ao juiz.

- Tem certeza, minha jovem? – perguntou o juiz olhando-a por cima dos óculos de aro.

- Sim, trabalhei duro por esse caso e não vou jogá-lo fora. – disse Lola, sem olhar para Sally.

- Foi muita dureza dormir com o ‘trabalho’. – murmurou Sally, irônica.

- Fique quieta. – John tentou, mas logo Lola rebateu:

- Olha quem fala! Você também não tem dificuldade nenhuma em dormir com seus alunos! Ops, trabalho! – sorriu ironicamente.

- Mentirosa! Eu nunca dormi com aluno nenhum! – seus olhos faiscavam de raiva.

- Dormiu sim, comigo! Achava que eu era uma estudante! – gritou a policial, levantando-se.

- É dormi! – sorriu de canto. – Pois você, para mim, não passa de uma garota qualquer que eu usei para me divertir. Usei, abusei, e rejeitei. Posso ter me encantado por Paola, mas por Lola? Nunca.

            Lola ficou atônita, sem saber o que dizer, com as lágrimas teimando em sair dos olhos. Olhou-a, magoada, podendo ler nos lábios de Sally: “Xeque-Mate”.

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