Carícias


Meus dedos deslizando sobre suas costas nuas
Formando palavras que se revelam tão facilmente,
Escorrendo por entre meus lábios e inundando seu ser,
Traduzidas em carinhos e carícias sobre sua pele quente.

Minhas digitais marcam seus quadris, delineando-os,
Fazendo desenhos invisíveis, escrevendo cartas de amor.
Minha testa se franze em dúvidas e receios infinitos,
Mas suas mãos guiam-me com um sorriso tranquilo.

Conto - Nua

ps: conto baseado na música "Nua" da Ana Carolina.

O rosto colado no vidro frio do metrô, eu vejo as pessoas entrando e saindo, todos os dias. Expressões vazias, ninguém conhece ninguém aqui dentro, mesmo que deem bom dia todas as manhãs. Sentada no canto, protegida pelo anonimato, pergunto-me se viverei assim pra sempre. Invisível. Apenas mais um rosto na multidão, mais uma garota na escola, mais uma namorada na lista interminável de festas. Eu nem peço muito, na verdade. Não gosto de me destacar, não gosto de chamar a atenção de todos para mim, mas se somente ela me notasse... Se ela apenas me visse...
Todos os dias eu pego o metrô rumo ao trabalho enquanto anoitece. Vejo as estrelas no céu, sinto a brisa noturna de fim de tarde. Não tenho do que reclamar, ninguém mexe comigo. Deixam-me sozinha. Aliás, como poderiam, se ninguém me vê? As únicas pessoas que me cumprimentam são as idosas, pois com o tempo, aprenderam a ver os outros ao seu redor. A viagem de metrô dura uma hora mais ou menos, e para em cinco estações durante o trajeto. Eu durmo por meia hora, e o resto do tempo os pensamentos me consomem. Observo tudo ao meu redor, sempre atenta. É interessante... Tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, e ninguém nota. Está ali, bem a sua frente, mas você não vê. Você olha, mas não vê.

Lavar a Louça


Lavar a louça. 
Lavar a louca.
Levar a louca.
Livrar a louca.
Livre a louca.
Livre, a louca.
Livre, a luta.
Livre à luta. 
Livre a lei.
Livre lei.
Livre louca.
Livre louça.
Liberdade.


Poesia - Dolorosa Sina


Olho para o céu em busca de aprovação
Será que sou assim, tão estranha aberração?
Por tanto tempo esperei, congelando aqui fora,
Será que eu realmente escutei, ou apenas ignorei?

O fogo consome sonhos antigos,
Feridas abertas, que nunca cicatrizam.
Essa alma velha já não aguenta mais viver,
Na espera de um lindo entardecer.

Risos, Risadas e Gargalhadas


Sempre gostei de pessoas que rissem da vida. Que em meio às lágrimas, soltam doses homeopáticas de risos frenéticos, que em certas noites, transformam-se em caretas de dor e mágoa. Sempre gostei de estar em companhia de quem soubesse ver o lado bom da vida, sem ter que necessariamente virar uma lata de coca-cola misturada com vodca em noites frias e barulhentas. Sempre gostei de ir em bares e clubes noturnos para dançar até cair e fazer a noite valer. Em uma dessas andanças noturnas, encontrei uma dessas pessoas. Sentada no bar, de longe, eu a via rir rodeada de amigos tão risonhos quanto ela. Conforme ria, suas costas arqueavam ora pra frente, ora para trás, e o vestido longo e colorido colava ao seu corpo. Não vou mentir, fiquei com vontade de ouvir aquela risada gostosa ao pé do ouvido. Enroscada em um pescoço masculino, discorria sobre a vida, a política, a astrologia e sobre como ela só queria se divertir naquela noite.

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