História - Falling Star: Capítulo 02 - Sonhos


Capítulo 02 – Sonhos

            Cara, que sonho bizarro!!! Como eu consigo sonhar com tanta coisa louca e misturada ao mesmo tempo? Sério, eu gostaria de saber! Acordei essa manhã meio zonza, troquei-me quase como uma múmia e tomei meu café preto como um zumbi. Fiquei no ponto de ônibus esperando, enquanto repassava o sonho pela minha mente. O ônibus chegou e eu entrei, sentando-me no fundo, encostada a janela. Cruzei os braços em frente ao peito, como eu gostava de fazer, recostei-me ao banco, e tentei me lembrar dos mínimos detalhes.

            Eu andava em uma floresta no meio da noite, enquanto percebia leões e tigres me encarando. Conforme eu ia passando, eles iam me seguindo, vindo atrás de mim, em fila indiana. Cheguei a uma cidade, mas não havia casas, só prédios e castelos, onde viviam cachorros e gatos, que tinham como animais de estimação as pessoas. Conforme eu ia explorando o local, descobria várias pessoas entrando na fila atrás de mim, acompanhando-me até a torre mais alta do lugar. De repente, todo mundo parou, espalhou-se, e começaram a dançar o Harlem Shake! Até os animais dançavam! E aí, do meio deles, veio surgindo a Fabiana, andando sensualmente, com uma rosa na boca, e totalmente nua! Quando ela chegou perto de mim, seus braços me tocaram e eu derreti, sim literalmente derreti!

— Babi? – senti algo me cutucar e pulei, olhando assustada para os lados, deparando-me com um par de olhos verdes zombeteiros.

— Fabiana! Nem te vi chegar... – eu disse, vermelha.

— Estou percebendo, pelo jeito você é sempre desligada... – ela sorriu, sentando-se ao meu lado. Naquele dia ela estava de calça jeans clara, uma blusa de manga curta azul e o cabelo solto pelos ombros. Ou seja, continuava linda.

— Não é que eu seja desligada, é só que eu estava pensando no sonho bizarro que eu tive essa noite...

— Sonho? Hum conte-me, adoro sonhos! – ela sorriu, cruzando as pernas.
            Comecei a contar-lhe sobre o meu sonho, mas claro que omiti a parte que era ela que entrava, e que estava nua... Eu disse que era uma mulher que eu nunca tinha visto antes, o que não era mentira, já que eu nunca a tinha visto antes daquele primeiro dia no ônibus. Ela me olhava séria, mexia a boca de um lado para o outro, como se ponderasse, pensasse sobre o significado do que ouvia. Colocou a mão na frente da boca, o dedão posicionado no queixo e o dedo indicador passando levemente no lábio inferior... Fiquei presa nesse detalhe até que a sua voz me despertasse:

— Interessante...

— O que é interessante? – ajeitei-me no banco, encostando-me à janela, ficando mais de frente para ela.

— Bem, analisando o seu sonho, parece que você é uma pessoa com liderança... O seu espírito de liderança se sobrepõe ao perigo, digamos assim, que algumas pessoas poderosas exalam. Você liderava a fila, que era composta até por animais perigosos como o tigre e o leão.

— Faz sentido... – apertei os olhos, lembrando-me de como, com meu jeito comedido, mas enxergando longe, eu acabava conseguindo realizar as coisas e convencer as pessoas.

— Então, a cidade pode significar seu futuro. Não havia casas, só prédios e castelos, o que pode significar grandes coisas no seu caminho, mas também alguns deles podem ser apenas fantasias, o que sugere os castelos. A torre mais alta significa o ápice da sua vida, e lá, aparentemente, você terá sucesso e felicidade. Todos dançando e se divertindo. E essa moça que surgiu... Bem ela será um grande passo para você, terá uma grande importância, e você derreter... Pode tanto significar algo bom como algo ruim, depende do que viria depois.

— Pode ser, viu? – interessei-me no assunto, já que um grande sucesso e coisas boas no meu caminho era um bom sinal. — Como você sabe interpretar os sonhos?

— Bem, não é que eu saiba exatamente, mas eu gosto desse assunto. Adoro falar sobre os sonhos, o significado deles... Interesso-me também por signos e astrologia. Você gosta?

— Ah é legal, nunca fui muito sobre pensar nessas coisas, mas são legais...

— Hum qual o seu signo?

— Leão... E o seu?

— Libra. Bem, você sendo de leão, a sua liderança é nata. Gosta de aparecer e de estar no centro das atenções, é uma pessoa decidida. Talvez autoritária e dramática...

— Eu não sou dramática! – fiz bico, cruzando o braço em frente ao peito. Ela olhou pra mim, levantando uma sobrancelha, e deu uma risada irônica. — Ok, ok, talvez um pouquinho só... E você?

— Meu signo indica que busco a imparcialidade, a justiça, harmonia e paz. Tenho um senso apurado e criatividade, voltado para o companheirismo e os relacionamentos. Mas a parte ruim é que tenho dificuldades em decidir, insegurança, independência...

— Interessante... A parte da justiça e imparcialidade deve ser boa para o seu trabalho, já que trabalha com advocacia...

— Sim, é, mas a parte da insegurança e da dificuldade em decisão realmente me atrapalha. É uma luta diária de trabalhar nesses pontos para melhorar a minha parte profissional e a parte emocional.

— Ah sim, imagino! Acho que comigo o mais difícil é o orgulho... Sou uma pessoa bem orgulhosa e ás vezes isso atrapalha... Fora que... Bem, eu tenho um pouquinho de ego mesmo... – sorri amarelo.

— Eu sabia! – ela riu. — Mas sabendo trabalhar um pouco com essa parte, pode transformá-la em algo bom e produtivo.

— Verdade, mas tenho muito trabalho pela frente... – fiz uma careta, coçando a cabeça.

— Mas você chega lá. Ah, falando em sonhos, sonhei com você essa noite.

— Como assim, sonhou comigo? – arregalei os olhos, surpresa.

— Sonhando, ué. Sonhei que eu estava sentada em um prédio alto, curtindo o por do sol, até que você apareceu ao meu lado. Sorria para mim. Sentou-se ao meu lado, e ficamos vendo o anoitecer. Logo que o céu foi tingido de azul escuro, você segurou em minha mão e quis pular comigo. Fiquei com medo, não queria ir, mas você me convenceu. Pulamos, e a queda foi leve, como se voássemos. Quando dei por mim, havíamos caído em um lugar estranho, o chão era feito de gelatina...

— Gelatina? – comecei a rir. — Não sou a única louca que sonha coisas bizarras...

— É, não mesmo... – ela sorriu, mas percebi que tinha algo a mais por detrás do seu sorriso. Quando abri a boca para perguntar, ela falou primeiro. — Bom meu ponto já está chegando, tenho que ir.

— Ah okay, esperarei por você amanhã. – sorri.

— Com certeza, estarei aqui. – ela sorriu de volta, aproximou-se de mim e me deu um beijo demorado no rosto. Olhou dentro dos meus olhos por alguns segundos, e então se levantou.

— Até amanhã. – despedimos e ela logo desceu no ponto.

            Fiquei ali sentada, pensando em tudo o que tínhamos conversado. Interessante o que ela disse sobre o meu sonho, e fazia até sentido. Isso significava então, que o ápice da minha vida seria ela, mas o que eu não sabia era se isso era bom ou ruim. Já sobre o sonho dela... Bem, ela sonhou comigo, então isso significa que já estamos conectadas de alguma maneira. Eu seria importante na vida dela, mas ainda não tinha muita certeza sobre como isso aconteceria...

            Ponderei durante um tempo, até que chegou o meu ponto. Desci do ônibus, encaminhando-me para a loja. Eu ainda não sabia muita coisa sobre ela, mas já tinha conhecimento sobre alguns pontos da sua personalidade. Isso até que era muito mais do que se eu soubesse o seu nome completo, telefone e endereço. Você pode conhecer alguém há tempos, saber tudo sobre aquela pessoa, e ainda assim, não saber nada.

            Cumprimentei as pessoas que estavam por ali, e sentei-me a minha mesa, preparando-me para começar o dia. Havia um adesivo grudado na tela do meu computador, onde estava escrito “Bom dia” e uma florzinha desenhada. Sorri, de bom humor, procurando o autor da nota. Não deu dez segundos, avistei Bruno encostado no batente da porta que dava para o escritório dele, com os braços cruzados e um sorriso zombeteiro no rosto.

— Bom dia, flor da minha vida! – ele disse animado, aproximando-se de mim.

— Bom dia meu querido. – sorri. – Então, está de bom humor hoje?

— Como não estaria? Emma finalmente aceitou sair comigo!

— Imagino que você esteja dando pulinhos! – ri, e ele começou a pular na minha frente. — Vai, está na hora de trabalhar, antes que o patrão chegue!

— Beleza, mas depois, no intervalo, quero saber mais sobre a moça do ônibus... – ele piscou para mim.

— Contarei tudo, nos mínimos detalhes!

            Ele voltou para a sua sala, satisfeito. Bruno era meu colega na empresa há dois anos, e amigo desde o terceiro dia que nos conhecemos. A empatia foi instantânea. Começamos a conversar e percebemos que temos muita coisa em comum. Ele era um rapaz de cabelos curtos e pretos, olhos castanhos, nariz fino e todo sorrisos. Adorava rir e fazer os outros rirem. Era atencioso, talentoso, e criativo, além de companheiro e leal. Ele deixava sempre o meu trabalho muito mais interessante. Depois de tanto tempo, tratamo-nos de forma carinhosa. Sempre soube da minha orientação e se diverte com meus casos lésbicos e amorosos.  

            O dia começou tranquilo, mas perto da hora do almoço eu estava lotada de trabalho, e acabei não podendo sair. Bruno passou pela minha mesa, reclamando que eu não dava bola para ele e só furava os nossos planos. Mas acabou entendendo que, se eu queria chegar a casa naquele dia, deveria deixar o almoço pra lá e acabar tudo o que eu tinha pra fazer. Combinamos de ele passar na minha casa, à noite, assim poderíamos por o papo em dia e comer alguma coisa e um bom vinho.

2 comentários

  1. Aiai essa Babi viu...ela preocupada em contar que a mulher dos sonhos dela era a Fabiana,e a Fabiana disse de cara que a mulher dos sonhos dela era a Babi.A cada capitulo estou conhecendo cada vez mais essas duas lindas...me divertindo muito com esse romance,continue postando mais e mais viu ...

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  2. PQ não tem o resto da historia ??? Poste por favor.....

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