E Se Fosse Verdade



            Andava pelas ruas, tinham acabado de sair de uma festa, um evento. Brincava, sorria, coisa que estava se acostumando a fazer, precisava. Para esquecer. Bianca estava lá com a sua família, quando em uma das ruas, olhou para o lado e não acreditou no que viu.

            Aquele sorriso encantador, aqueles doces olhos castanhos. Sorriu timidamente, o coração querendo sair aos pulos pela boca. Então, também viu a mão dela enroscada em uma mão masculina. Sentiu um nó na garganta. Fingiu um sorriso para a garota e abaixou a cabeça. O casal se aproximou deles.


- Lisa, quanto tempo! – sua irmã aproximou-se da garota e a abraçou.

- Verdade! Senti falta de vocês! – largou do namorado e cumprimentou a todos.

- Vocês vão para o restaurante também? – perguntou o pai de Bianca.

- Acho que sim, eu e o Lucas vamos andando até lá.

- Mas a essa hora da madrugada? Nem pensar! Entrem no carro com a gente!

            Enquanto conversavam, iam andando até o carro, que já estava próximo. Bianca sorria, mas se mantinha calada. Não queria correr o risco de falar bobagens.

- Acho que não vai caber... – disse Lucas, o rapaz magro e de cabelos negros, de mãos dadas com a namorada.

- Dá sim, espera aí, vamos ajeitar! – o pai de Bianca abriu a porta do carro, e esta se sentou atrás do banco dele.

- Agora Lisa, senta no colo da Bianca.

- No colo da Bianca? – repetiu Lisa, surpresa, antes de entrar no carro.

            Entrou, sentando-se no colo da garota. Ficaram as duas, num primeiro contato, sem jeito, sem saber o que falar, constrangidas. Delicadamente, Bianca colocou as mãos na cintura da outra, amparando-a. As mãos de Lisa tocaram as da menor, e seus dedos se entrelaçaram. Lisa encostou-se em Bianca, sorrindo.

            Chegaram ao restaurante, desceram do carro e entraram no restaurante. Acharam uma mesa grande e sentaram-se. Era estranho ver Lisa ali, na sua frente. De repente, o fato de o namorado estar ao lado dela, não a incomodou. Já que Bianca nem o enxergava.

            Depois de um tempo, Bianca levantou-se e andou por dentro do lugar, deparando-se com uma casa. Não fazia idéia de onde estava e muito menos das horas que passava ali. Andou até o banheiro e pegou uma escova de dente e a pasta. Acabou de escovar os dentes, e quando enxugava o rosto...

            Lisa passou pela porta. Bianca olhou e viu Lisa passar novamente para o outro lado. Quando foi passar pela terceira vez, seus sorrisos se encontraram e Lisa entrou no banheiro. Segurou no braço de Bianca e puxou-a para perto, colando seus lábios no dela. O beijo apaixonado se intensificou, Bianca passava as mãos pelos cabelos da outra, pela nuca, enquanto andavam até Lisa encostar-se à parede.

            Naquele momento tudo o resto desapareceu. Só sobrou a saudade e o amor que sempre estivera guardado naqueles corações.


            Bianca sentou-se na cama, assustada. Olhou para os lados, estava em seu quarto. Voltou a deitar-se. A tristeza abateu-a. Fora somente um sonho. A verdadeira Lisa estava muito longe dela, muito longe de seu alcance, muito longe de amá-la.

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