Um Amor Além da Vida: 34 - Amor Verdadeiro (final)



Capítulo 34 – Amor Verdadeiro

Andava de um lado para o outro, nervosa demais para ficar parada. Já fazia alguns minutos que elas a observavam daquela maneira. Não aguentando mais, Luciana gritou:

- Pelo amor de Deus, Clarice! Você ainda vai fazer um buraco no chão!

Ela parou de andar olhando pela primeira vez para a amiga.

- Não dá! Não sei o que fazer! – a amiga se levantou da cadeira onde estava sentada, ajeitou o vestido e foi até a ela.

- Fica calma. Vem cá, você está amassando toda sua roupa.

Luciana começou a ajeitar a roupa de Clarice: camisa de mangas compridas branca, uma calça preta social e um sapato preto de bico fino e salto alto completavam seu visual. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo, deixando sua franja vermelha a cima dos olhos.

- E se ela não vier? – Clarice perguntou ansiosa.

- É claro que ela vem, pare de se preocupar! Vai dar tudo certo. – disse Marina, vindo para perto delas também.

Ela sorriu agradecendo por estar com as amigas naquela hora. Carla só não estava presente por um único motivo: estava ajudando a outra noiva.

- Então vamos? Já deve estar na hora! – sorriu Luciana, segurando na mão de Clarice.

- Sim – ela respirou fundo e sorriu.

As duas amigas ajudaram-na a sair da sala e foram por uma entrada lateral. Pararam no altar e Clarice engoliu em seco: a igreja estava simplesmente lotada! Ela começou a ficar pálida com todas aquelas pessoas a olhando. Uma voz ao seu lado deixou-a mais surpresa e aliviada ao mesmo tempo:

- Acalme-se. Sentir medo nessa hora é completamente normal. Tente não olhá-los, finja que eles não estão aqui – ela virou-se e viu sua futura sogra sorrindo em pé do seu lado, em um vestido lilás muito elegante e sandálias de salto, prata.

Ela sorriu corando um pouco, a situação com Dona Maria havia melhorado consideravelmente depois daquela conversa em sua casa.

- Muito obrigada. Mas a senhora não tinha que estar com a... – não deu tempo de acabar a frase.

Dona Maria já havia voltado para o seu lugar, o padre já estava a postos e todos se levantaram. A música já tão conhecida começou a tocar: a marcha nupcial.

Clarice olhou para frente, engolindo em seco. Seus olhos brilharam e um sorriso bobo apareceu em seu rosto. Na porta da igreja entrava Priscila de braço dado com seu padrasto. Ela estava simplesmente linda! Vestido branco longo, armado e liso, bem justo no corpo, com pedrarias no busto que iam descendo até o fim do vestido, pelo meio do corpo. Uma maquiagem leve no rosto, os cabelos ruivos estavam preso em um coque com uma tiara de brilhantes sobre ele. Seu sorriso estava encantador naquela tarde de sábado de Agosto.

As noivas sempre entram devagar, mas para elas parecia que o tempo havia parado ali, de tão lentamente que passava. Clarice desceu os degraus quando o padrasto de Priscila a entregou para ela, dizendo:

- Cuide bem dela – afastou-se enquanto Clarice segurava na mão dela, respondendo:

- Pode deixar – elas sorriram olhando-se.

Os olhos cor de chocolate brilhavam para os negros, e vice-versa. Uma corrente elétrica invisível às conectava. Elas subiram os degraus do altar e ficaram em frente ao padre, que sorriu olhando para as duas. Ele começou a falar, enquanto segurava a bíblia.

- Estamos aqui hoje para celebrar o casamento entre essas duas moças, Clarice e Priscila. Um casamento um tanto fora do comum, mas cheio de amor e de felicidade, que é o que verdadeiramente importa nessa vida. Deus prega o amor a todas as pessoas, independentemente de cor, raça, religião, sexo, entre outros. Então fico feliz em poder estar juntando essas duas mulheres com a benção de Deus.

O momento era tão surreal que elas não podiam acreditar que estavam realmente ali, ouvido aquelas palavras, era bom demais!

O padre continuou falando até chegar a hora da troca das alianças. Alice entregou a caixinha para elas e Clarice pegou a primeira, enquanto o padre voltava a falar:

- Clarice Oliveira Silva, você aceita se casar com a Priscila Medeiros? Amá-la por toda a eternidade independente do que possa acontecer? Respeitá-la em todas as horas, cuidar dela na alegria e na tristeza? Promete fazer dos dias dela únicos? Promete viver com ela até que a morte, somente a morte, as separe?

- Sim, eu aceito – ela respondeu sorrindo, enquanto colocava a aliança de ouro no dedo de Priscila.

- Priscila Medeiros, você aceita se casar com Clarice Oliveira Silva? Amá-la por toda a eternidade independente do que possa acontecer? Respeitá-la em todas as horas, cuidar dela na alegria e na tristeza? Promete fazer dos dias dela únicos? Promete viver com ela até que a morte, somente a morte, as separe?

- Sim, eu aceito – ela respondeu colocando a aliança no dedo de Clarice.

- Então, com o poder que foi concedido a mim, eu as declaro casadas. Pode beijar a noiva! – Clarice sorriu segurando na cintura de sua esposa e beijou seus lábios. Um beijo profundo, cheio de amor, felicidade, ternura.

Todos levantaram e começaram a bater palmas, gritando felicidades. Maria e Alice chegaram ao lado delas, abraçando-as, sem pararem de chorar de felicidade.

O salão estava lotado quando elas chegaram. Todos começaram a cumprimentá-las. Elas sentaram-se em uma mesa comprida junto com a família de Priscila, Marina e Carla e Luciana.

Foi anoitecendo enquanto todos se divertiam e comiam, conversando. Priscila e Clarice riam o tempo todo, enquanto ficavam de mãos dadas, não iriam se separar nunca mais. Carla levantou dizendo:

- Gente, e o discurso? Vamos, todo mundo! Discurso! Discurso! – ela puxou um coro de todos os presentes. Sem alternativas, as duas se levantaram. Clarice tomou a palavra:

- Bem eu gostaria de agradecer a presença de vocês aqui, ficamos muito felizes que estejam comemorando conosco o nosso casamento. É muito importante para nós! Hoje é um dia inesquecível, o melhor da minha vida, pois eu me tornei mulher dessa pessoa maravilhosa ao meu lado! – todos a aplaudiram. Então, Priscila tomou a palavra:

- Sim, estou muito feliz por estar aqui hoje, com vocês, e com a minha esposa! Nós passamos por muita coisa para chegar aonde chegamos, e conseguimos passar por todas as dificuldades. Com muita fé, acreditando muito e principalmente, com muito amor! Se não fosse o nosso amor que foi inabalável apesar dos erros, nós não estaríamos aqui hoje. Obrigada! Eu te amo meu amor! – elas se beijaram e o pessoal aplaudiu mais uma vez. Marina levantou-se, imitando a namorada:

- Parabéns a vocês! Mas agora tem a valsa! – Clarice e Priscila levantaram-se indo até o meio do salão. A música começou a tocar e elas começaram a dançar, com Clarice a conduzindo.

- Sabe, é tão maravilhoso que chega a ser inacreditável – disse Clarice, encarando a sua mulher.

- Mas é de verdade amor. Nós estamos aqui, para sempre juntas – seu sorriso envolveu-as de tal forma que todos pareceram desaparecer, e restaram somente as duas, naquele momento único.

Clarice e Priscila postaram-se em um canto do salão, em um dos degraus da escada. Priscila gritou:

- Gente, eu vou jogar o buquê! – todas as moças presentes saíram correndo e ficaram no meio do salão, tentando ficar numa posição melhor. Elas riram e viraram de costas. Priscila segurou o buquê de rosas brancas e disse:

- E é 1, e é 2, e é... 3! – e jogou o buquê para trás.

Quando se virou, viu um monte de gente pulando no chão, uma em cima da outra, tentando pegar o buquê, mas apenas uma pessoa deu um pulo levantando-se com o buquê na mão.

- AHH eu consegui, eu peguei! – Carla gritava abraçando a namorada.

O resto da festa transcorreu muito bem, todos dançaram, divertiram-se, brincaram e comeram. Foi uma festa maravilhosa, que acabou de madrugada. Mas as noivas, querendo aproveitar a lua de mel, já que estavam no Canadá, saíram mais cedo.
A limusine branca levou-as para um motel a alguns quilômetros do salão. Clarice entrou no quarto segurando Priscila no colo, elas riam sem parar.

- Amor eu sou pesada!

- Pesada nada! – Clarice trancou a porta e logo depois a jogou em cima da cama, subindo em cima dela. Começou a enchê-la de beijos e lambidas, mordiscando-a.

- Calma amor, ta apressada! – ela riu.

- É que não posso esperar mais para ter você inteira, te beijar, te abraçar, te lamber, e saber que você é só minha, minha esposa, para toda a eternidade.

Aquela foi uma das tantas noites cheias de amor entre Clarice e Priscila. Um amor que foi eterno, que foi verdadeiro. Um amor que durou além da vida, além da morte. Que suportou tudo, sofreu, sorriu, chorou, desejou, e no fim se concretizou. Um amor em que as pessoas precisam apenas acreditar ser possível, e quererem ser feliz. Todos erram, é preciso apenas saber perdoar e entender, descobrir o que vale mais nessa vida. E pra essas duas almas que finalmente se encontraram, o que valia mais era a felicidade das duas, que só se completou quando ficaram juntas para sempre. E quando elas tiveram que escolher entre sentar ou dançar, elas escolheram dançar, ou simplesmente, não desistir.

“I hope you still feel small when you stand beside the ocean
Whenever one door closes I hope one more opens
Promise me that you'll give faith a fighting chance
and when you get the choice to sit it out or dance,
I hope you dance, I hope you dance”


FIM

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