Soprou o ar, vendo a fumaça saindo dos seus lábios frios. Estava frio. O dia estava cinza ou era impressão dela? Abraçou-se, sentindo a mágoa e a pequena dor que a partida havia lhe deixado. Haviam partido, mais uma vez. Fechou os olhos, tranquila, mas por dentro, havia um mar, um oceano de incertezas, medos e receios, os quais a corroiam por dentro. Ela havia lhe deixado. Aquela que diria que nunca a deixaria. Podia ser coisa de adolescente, chorar por alguém que ia embora. Não, não havia feito de propósito, mas ela deixara o país. Ela, seu grande amor, iria morar longe por muito tempo. Não sabia ao certo quando iria voltar, por isso, achara melhor deixar tudo terminado, assim não causaria danos. Mais? Já estava cheia de buracos e remendos e costuras. Partidas... Sempre nos deixam assim, meio sem jeito, sem graça, sem nada. O dia, a noite estava cinza. As estrelas mal espalhavam seu brilho raro, a lua se escondia atrás das nuvens, e ela ali, parada na estação, brincando de assoprar o vento para criar aquela fumacinha. Riu. Lembrou-se, então, que sempre achara que isso era uma besteirada de criança, e agora, com o seu amor partido, jurou que poderia fazer fumacinha todas as noites se isso fizesse com que a outra voltasse mais rápido. O trem havia partido. As pessoas haviam partido. Ela, seu único e grande amor, havia partido. Ela assoprou novamente, mas a fumacinha já havia partido...
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