Todos nós buscamos um amor que seja instantâneo, rápido, e fácil. Esperamos encontrá-lo na próxima esquina, na fila da padaria, na danceteria ou na pessoa que passa ao nosso lado na rua. Quando isso não acontece, quando o acaso parece se recusar a lhe apresentar alguém, resolvemos tomar a frente e uma atitude, e então começamos uma infindável caçada. Preguiçosos demais para sairmos por aí vasculhando cada beco atrás do acessível, procuramos nas redes sociais pelo amor perfeito que está estampado nos jornais e perfis mundo afora. Pessoas aparentemente felizes, sem problemas, engraçadas e espetacularmente lindas pipocam pelos grupos e páginas, presenteando-nos com milhares de fotos e propagandas, muitas vezes enganosas, sobre suas vidas e costumes. Alguns, do outro lado do oceano, outros, na cidade vizinha, são potenciais relacionamentos se conseguirem sobreviver à distância. Ora, o que é esperar alguns meses para ver a pessoa amada, quando se tem tantos meios para sufocar a saudade que quase lhe mata?
A bola da vez é o WhatsApp, deixando-lhe acessível a qualquer hora do dia ou da noite, possibilitando conversas intermináveis com possíveis paqueras, jogando flertes aqui e ali na esperança de conseguir algo mais duradouro. Meninas e meninos se exibindo na vitrine virtual, publicando mil e uma fotos com efeitos para conseguir atenção, e aqueles que têm sucesso, não conseguem atender a tantos apelos, ignorando uma boa parte dos seus possíveis pretendentes, e estes, sentindo-se completamente esquecidos e ignorados, desiludem-se dos populares perfis lotados de gente legal e descolada. Desabafos gigantescos e detalhados sobre sua vida pessoal são expostos para qualquer um ler e dar palpite, acabando com a privacidade do outro e dele próprio, fazendo com que muitos pretendentes, sem ele mesmo saber, desistirem de tentar qualquer tipo de aproximação por desaprovar aquela atitude. As pessoas reclamam de não haver mais outras interessadas em algo realmente leal, real e duradouro, mas não percebem que estão marginalizando o amor quando distribuem curtidas, cantadas, e paqueras com qualquer um na internet. Quem quer dar atenção a todo mundo, não consegue dar quase nada a ninguém, e quem não quer viver de migalhas, desiste rapidamente. Tantas pessoas publicam posts quase que de hora em hora sobre quem elas querem e como elas querem que não deixam espaço para as pessoas reais se mostrarem, projetando o seu tipo real e afastando os imperfeitos seres humanos. Aqueles que se aproximam, travestidos de perfeição, são logo desmascarados e desiludem os pobres coitados, que voltam para as redes sociais choramingando sobre o amor perfeito perdido. Amores perfeitos não existem. Depois de tamanha filosofia sobre amores na internet, declaro: não procura-se um amor. Não procura-se essa falta de carinho e atenção; não procura-se exposições sobre vidas amorosas; não procura-se a banalização dos sentimentos; não procura-se exibição de status de relacionamento; não procura-se amor de Facebook. Procura-se um amor real, uma paixão arrebatadora que venha assim, como o vento, casual e que ninguém sabe de onde vem, e muito menos para onde vai. Procura-se não, aliás, pois esse tipo de amor é impossível de ser encontrado. Ele é rebelde, senhor de si, e se encarrega de ele mesmo achar quem lhe é compatível. Portanto, não se sinta excluído caso o amor não lhe seja dado, não o mendigue também, apenas espere, pois ele dará um jeito de chegar até você. E esse sim, não terá necessidade de ser exposto, nem mesmo vendido, somente sentido e eternizado.
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