Love Game: 5 - Perdendo A Cabeça


Capítulo 5 – Perdendo A Cabeça

            Acordei no dia seguinte com minha cabeça latejando. Sabia que estava em casa, em minha cama, mas não sabia como tinha chegado lá. De repente o celular começou a tocar, praguejei. Quem em sã consciência ligava para alguém aquela hora da manhã? Sentei rapidamente na cama, mas me arrependi. Tudo começou a rodar, senti enjôo. Após um tempo saí à procura do celular, encontrei-o perto do armário. No visor estava escrito “diretora”. Ótimo, tudo o que eu precisava. Atendi:

- Eu estou de folga hoje. – esse foi o meu cumprimento.

- Eu sei, mas preciso de você na escola hoje. Teremos uma reunião às nove horas. – ótimo, são oito e quinze.

 - Só que eu vou demorar. E volto ao fim da reunião. – desliguei.

            Xinguei-a até a quinta geração. Eu estava de folga, saco! Fui até a cozinha e coloquei o café, água e açúcar na cafeteira e a liguei. Depois fui tomar um banho. Tirei a roupa e ao olhar-me no espelho, percebi que estava cheia de arranhões e vermelhidões pelo corpo. Uau, a noite havia sido ótima! Pena que eu não lembrava quase nada.

            Tomei um banho rápido e, ainda enrolada na toalha, fui até a cozinha e peguei uma xícara, o café estava pronto. Voltei para o quarto e calmamente vesti uma calça jeans, tênis, camiseta regata preta e penteei os cabelos. Não estava com a mínima vontade de me arrumar, ressaca é foda.
           
         Coloquei meus óculos escuros e entrei no carro. Dirigi calmamente até a escola. Era minha folga, a escola que esperasse! Quando cheguei à sala, os professores me olharam abismados, era a primeira vez que eu ia pra escola sem me arrumar, ou sem me empetecar. Mas eu estava me lixando para o que eles pensavam.

            Sentei-me em uma das cadeiras da mesa e a diretora começou:

- Bem, como sabem, todo ano temos a viagem para o acampamento de verão. Dessa vez pensei em levar três professores: um responsável pelo 3ºA, outro pelo 3ºB e o terceiro para a 8ª série, que só tem uma sala. Os professores serão: Helena ficará responsável pela 8ª, Camila ficará responsável pelo 3ºB. E Sally ficará com o 3ºA. 

            Estava feliz, iria com Helena, o que me incomodava era Camila. A baixinha ainda estava brava comigo por eu não ter retornado suas ligações, mais especificamente por eu ter dito a ela que não era tão importante.

- Quando vai ser a viagem? – perguntou Camila.

- Semana que vem. Bom os detalhes vão ser resolvidos durante essa semana. Outro ponto que preciso resolver é que venho percebido...

            Eu não escutava mais o que ela dizia, minha mente estava longe dali. Foi tão nítido ontem... Parecia tanto, ela... Mas não era. E, além disso, minha cabeça doía feito doida. De repente, Helena tocou em meu braço, disfarçadamente. Olhei para ela, e percebi que todos estavam retirando-se da sala. A reunião havia acabado e eu nem tinha me dado conta.

- Está mal, né? – ela deu uma risadinha. Pelo jeito, não havia bebido tanto quanto eu na noite anterior.

- Se fosse por mim, nem vinha. – levantei-me também.

            Ia passar no banheiro e ia embora depois, não estava com cabeça para mais nada. Quando entrei, ouvi sussurros e gemidos. Ao andar alguns passos, num dos cantos, eu vi uma garota do segundo ano engalfinhada com ninguém mais, ninguém menos do que Paola. Não consigo descrever o que senti no momento, mas era algo entre raiva e ciúmes.

Fiquei ali, parada, assistindo, os dedos de Paola entrarem com fúria entre as pernas da garota, a língua passando pelo pescoço, descendo para os seios, era tanta urgência nos toques... Fiquei hipnotizada. Mas, de repente dois olhos azuis se arregalaram em minha direção: a menina me viu e tremia de medo. Não demorou muito para que a outra também se virasse para mim.

A garota saiu correndo. Mas eu não estava nem aí para ela. Já Paola... Ficou um tempo calada, apenas me olhando, enquanto voltava ao normal. Parecia ter se dado conta que tinha perdido o controle. E eu? Não conseguia dizer nada. Seus olhos estavam tão diferentes... Ela me olhou de um jeito... Inexplicável.

- Tira os óculos. – pediu.

- Não, ficou doida? – estranhei.

- Por favor, tira os óculos. – não sei por que, mas atendi ao seu pedido.

            Retirei os óculos, ela olhou bem dentro dos meus olhos. Chegou mais perto, passou a mão pelos meus cabelos, meu ombro, braço... E sussurrou:

- Você está linda... – ela estava louca, só podia. Eu, toda desgrenhada, desarrumada, e ela me achando linda.

- Paola, você... – não pude completar a frase. Ela me puxou pela cintura, encostando-se na parede, fazendo-me colar em seu corpo.

- Não fala, por favor. – entendi. Se eu falasse, se déssemos espaço para a razão, iria acabar, parar, estancar. Obedeci.

            Coloquei minha mão esquerda apoiada na parede, pressionei meu corpo ao dela, e com a outra mão segurei-lhe na cintura. Fechei os olhos, aproximando meu rosto do dela. Podia sentir seu hálito bom, sua respiração falha, assim como a minha. O encostar dos lábios, o enlaçar das línguas, a mistura dos gostos... Não há como descrever, foi mágico, incrível, doce e perfeito. Beijei-a, sentindo seu gosto adocicado e viciante. Suas mãos puxavam-me tentando fazer com que nossos corpos se aproximassem ainda mais.

            Quando o beijo terminou, seus lábios passeavam pelo meu pescoço, seus dentes mordiscavam-me, sua língua lambia-me, tudo para que aquele momento não acabasse.

- Eu estou perdendo a cabeça... – ouvi-a sussurrar.

            Afastei-me apenas um pouco e olhei profundamente em seus olhos.

- Você vai ao acampamento semana que vem, não vai?

- Eu, não posso... Eu... – ela ficou ligeiramente confusa, e eu não sabia o porque.

- Por favor. Eu nunca pedi para ninguém... – sim, era difícil o que eu estava fazendo.

            Ela fechou os olhos e concordou com um sorriso. Passei o dedo em seus lábios, dando-lhe um último beijo e saí, sem dizer ou fazer mais nada. Eu sabia, estava quebrando todas as regras da escola, inclusive a minha. Mas eu não queria pensar, não queria. Minha vida sempre fora monótona, e com ela era tão... Especial. Não queria perder aquilo.

            Voltei para casa, minha dor de cabeça havia diminuído bastante. Resolvi deitar e descansar um pouco, apesar de saber que se dormisse, iria sonhar com ela...

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