Pior do que você
Como entender, como explicar esse mundo em que vivo?
Já não sonho mais com os seus braços nem sua voz.
Agora há outra em minha cama me fazendo juras de amor.
Mas ainda há vestígios seus em meus textos surrados.
Tenho necessidade de colocar antigos sentimentos,
Pois eles me movem para escrever mais e mais.
Escrever é minha vida. Se não escrevo, desfaleço.
Mas já não é o mesmo que eu sentira outrora.
Pois não há mais um vazio para preencher, não há
solidão, alguém tomou o lugar que eu precisava.
Ela faz-me feliz, e deu-me o que ninguém jamais deu.
E ainda sim, eu acho que sou pior do que você foi.
Talvez eu seja a pior das criaturas: um poeta.
Aquele que usa o seu veneno em forma de palavras,
Tece teias que prendem os romanticos iludidos por mim,
E no fim, eu os faço sangrar assim como eu sangro.
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