Capítulo 28 – O Jantar
Naquele
momento em que nos encaramos, na sala da casa de Carla, eu sabia que estaria
perdida naquela noite. Os olhos dela me comeram de cima a baixo, desculpem-me a
palavra, mas não teria outra para descrever a ação. E tenho que confessar que
também não consegui tirar meus olhos de cima dela! Clarice estava
completamente... Linda! Toda de preto com detalhes em vermelho na blusa, o
cabelo em um rabo de cavalo, deixando que seu perfume delicioso exalasse mais
deliciosamente, e no seu decote, eu notei o pequeno colar no pescoço dela.
Rapidamente
encarei seus olhos, que me disseram muito mais do que eu queria: ambas tivemos
a mesma idéia de usar nossos segredos naquela noite. Explicando: sem eu saber,
Clarice comprou um colar exatamente igual ao meu, aquele que ela me dera na
noite da nossa primeira vez; comprou o dela logo depois que começamos a
namorar. Por isso tínhamos certeza que enquanto usássemos aqueles colares,
saberíamos que os nossos sentimentos eram verdadeiros, não importando as
circunstâncias.
Fingi que nada
acontecera e a abracei sentindo-me tremer da cabeça aos pés.
- Clarice, que saudade!
- Também estava com saudades,
Priscila! – ela abraçou-me roçando os lábios em meu pescoço, eu estremeci
novamente.
Diego
cumprimentou Clarice, eu estava temerosa de que ele acabasse sabendo de alguma
coisa, mas logo relaxei um pouco, ele nunca soube direito o que aconteceu,
enquanto eu namorava Clarice ele geralmente estava distante.
Marina nos
chamou para jantar, indo na frente com Carla e Diego, acabou que, sem eu
perceber, Clarice passou atrás de mim, éramos as últimas:
- Você está simplesmente
maravilhosa. – ela sussurrou em meu ouvido e eu suspirei, sorrindo para ela.
Percebi que ela simplesmente amou meu sorriso, não pude deixar de me sentir
lisonjeada.
Bastou eu me
sentar à mesa para perceber que, propositalmente ou não, Clarice ficara de
frente para mim. De um lado, Diego, do outro, Carla seguida de Marina e então
Clarice. Suspirei, sabia que não ia ser nada fácil, nem para mim, nem para ela.
- E então Carla, o que você anda
fazendo? – perguntara Diego, entre uma garfada e outra.
Até que o
jantar estava indo bem, a comida estava uma delícia e conversávamos
animadamente. Carla começou a contar:
- Bem, eu continuo fazendo a
faculdade de medicina, eu estou adorando cada vez mais, ainda falta uns dois
anos para acabar o curso e...
De repente eu
não escutei mais o que Carla dizia, pois sentia algo me incomodando, e quando
olhei para descobrir o que era, vi que Clarice não tirava os olhos de mim.
Percebi que Marina deu uma risadinha e começou a conversar com a namorada e o
Diego, entretendo-os na conversa. Complô?
Não consegui
completar meu pensamento, Clarice colocava o garfo na boca, e mexia a boca de
uma maneira... Mexendo a língua, provocando... Quase desfaleci de desejo ali
mesmo! Senti a umidade crescer entre minhas pernas, queria xingá-la de tudo
quanto era nome! Ah se eu pudesse...
E, observando
minhas reações, ela começou a rir discretamente. Simplesmente fuzilei-a com o
olhar, mas o que ela fez foi continuar me encarando, com aqueles olhos negros
profundos e misteriosos.
- Não acha, amor? – fui pega de
surpresa com a pergunta de Diego direcionada a mim.
Olhei-o sem saber
do que falavam, e Marina logo veio ao meu socorro:
- Que gracinha, nem consegue
falar de tanto que gostou da minha comida! – dei uma risada e agradeci
mentalmente, dizendo:
- Sim, está realmente maravilhosa
Marina!
- Isso não é a única coisa que
está maravilhosa... – ouvi Carla dizer ao meu lado e quase engasguei com a
garfada que acabara de por na boca.
Dei um
beliscão em seu braço por baixo da mesa, e ela fez uma cara de dor, ao qual a
namorada respondeu para que somente ela ouvisse:
- Bem feito.
Quando
começamos a comer a sobremesa, estávamos muito entretidos em uma conversa que
agora eu não me recordo, mas estava gerando muitas risadas.
- Ai! – ouvimos a voz de Clarice
e todos nós olhamos para ela: havia derrubado um pouco do sorvete bem no decote.
Detalhe: o sorvete gelado deixou minha pele ardendo em desejo.
Automaticamente
os olhos de Clarice encararam os meus, ela sabia exatamente o que fazia! Ah se
olhar matasse...
- Você é uma desastrada hein? –
Carla disse, se matando de rir. Clarice levantou-se apenas respondendo, entre
sorrisos:
- Vou ao banheiro me arrumar. – e
olhando em meus olhos:
- Me ajuda, Pri? – como dizer não
para aquela mulher tentadora?
O olhar de
Carla caiu sobre mim, com um sorriso zombeteiro no rosto, ao dizer:
- Isso, vai lá ajudar ela. – eu
simplesmente levantei-me e fui atrás dela, enquanto Marina tratava de puxar a
conversava novamente.
Nota mental:
lembrar-me de agradecer a Deus por ter arranjado uma namorada de amiga melhor
que a própria amiga!
Entramos no
banheiro e Clarice logo tratou de trancar a porta, sabia que era o melhor, por
experiência própria. Bem à nossa frente havia a pia do banheiro, com uma base
de mármore e um armarinho em baixo, e um grande espelho na frente. Ela estava à
minha frente, de costas para mim, olhando-me pelo espelho.
- Então, não vai limpar para mim?
– Clarice virou-se para mim, inclinando-se levemente, deixando o decote maior
ainda.
Minha mente
gritava pedindo para que eu não cedesse, para que a razão falasse mais alto na
consciência e eu saísse correndo dali. Mas aquela visão à minha frente não me
deixava pensar, sentia-me pulsar inteira de desejo por aquela mulher. Olhei-a
maliciosamente e aproximei-me dela.
- Ás suas ordens, querida. Eu
faço o que você mandar. – baixei os olhos para o decote e lentamente encostei a
língua entre seus seios, lambendo onde minutos atrás havia caído sorvete.
O gosto
levemente adocicado pela sobremesa aguçou meus sentidos, e prontamente Clarice
gemeu colocando a cabeça para trás. Não agüentei só olhar: tirei sua blusa
deparando-me com a visão de seus seios firmes dentro de um sutiã de renda
vermelho, ela sabia ser provocante, mas eu também. Lentamente passei a língua
por cima do pano do sutiã, sentindo-a suspirar com os meus toques. Trilhei com
a língua o caminho até seu pescoço, beijando-o enquanto ela sussurrava:
- Você é malvada sabia? – sorri e
beijei seus lábios, mergulhando minha língua na dela, com urgência, quase
perdendo o fôlego.
- Eu sei, e você ama. – ela
desceu as alças do sutiã, deixando seus seios á minha mercê.
Cai de boca
neles, tentando matar a saudade que aquele corpo deixara em mim, saciar a
vontade de beijar seu corpo inteiro. Clarice gemia algumas palavras em meus
ouvidos, e quando eu abri o botão de sua calça, ela segurou minhas mãos dizendo:
- Já não acha que se divertiu o
suficiente? É minha vez de brincar... – e antes que eu pudesse fazer qualquer
coisa, Clarice virou-me deixando-me de costas para o espelho, e me colocou
sentada em cima do mármore frio. Meu vestido levantou até as coxas, e ela ficou
a olhar-me lambendo os lábios, passando a mão pelas minhas pernas.
- Vai só ficar olhando? –
provoquei-a, o que surtiu efeito.
Ela trouxe-me
para a beirada do mármore, encostando seu corpo ao meu, recostando a cabeça em
meus seios enquanto seus dedos entravam habilmente dentro da minha calcinha,
constatando o quanto eu estava molhada. Suspirei, e ela sussurrou:
- Saudades desse seu corpo... – e
começou a movimentar seus dedos dentro de mim, de uma maneira que só ela sabia
fazer, sabia exatamente como eu gostava.
Suspirei mais
forte, estremecendo sob seus toques. Seus lábios buscaram os meus com urgência,
enquanto seus dedos continuavam trabalhando.
- E eu morri de saudades do seu.
– respondi sem saber direito o que falava.
Sua boca
soltou da minha para descer entre minhas pernas. Quando seus lábios e sua
língua me invadiram, foi inevitável não me reclinar jogando a cabeça para trás,
apoiada com as mãos no mármore. Eu suspirava, arfando, enquanto sentia ser
explorada em cada canto, do jeito que me enlouquecia, pela mulher que eu amava.
Sentia tanta falta daquele toque! E tê-lo depois de tanto tempo era
simplesmente indescritível!
Inevitavelmente
meu corpo explodiu em espasmos e um gemido mais alto saiu da minha boca,
enquanto o líquido escorria entre minhas pernas. Clarice não parou enquanto não
se viu satisfeita. Eu arqueei as costas abraçando-a, enquanto ela me beijava,
levando o meu próprio gosto á minha boca.
- Je t’aime. – ela sussurrou
enquanto beijava levemente o meu pescoço, de olhos fechados. Senti meus olhos
umedecerem e algumas lágrimas rolarem.
- Por favor... Não faz isso... –
ela soltou-me olhando nos olhos.
- Não diga nada. Eu espero. Eu
disse que ia esperar, eu não desisto. – voltou a beijar meus lábios e eu
suspirei, era incrível o poder que aquela garota tinha sobre mim.
Ouvimos uma
batida de leve na porta e a voz de Marina:
- Meninas, o Diego já está
perguntando o porquê de tanta demora...
- Já estamos indo. – respondeu
Clarice, levantando-se e começando a se arrumar, enquanto eu descia de cima da
pia. Ela sustentava um sorriso de vitória no rosto.
- Você não presta Clarice! – eu
disse, sorrindo também. Ela segurou-me pela cintura sussurrando em meu ouvido:
- Mas você gosta. E, ah! Eu ainda
quero mais... – senti os pelos da nuca se arrepiar.
Ela me soltou
destrancando a porta e saio do banheiro, saí logo atrás.
- Nossa! Como vocês demoraram! –
Diego disse, dando um selinho em mim, enquanto eu sorria sem graça.
- Ah desculpe! A culpa foi minha!
Comecei a conversar com a Priscila, fazia tanto tempo que não nos víamos!
Esqueci da hora. – ela deu uma risada, acompanhada por Carla, que olhava para
mim e gargalhava.
- Tudo bem, estão desculpadas.
Então, vamos amor? Já está tarde. – disse Diego, segurando em minha cintura.
- Sim, vamos. Muito obrigada pelo
ótimo jantar Marina! E obrigada pela hospitalidade Carla! – abracei-a e ela
respondeu:
- Disponha sempre que precisar. –
fingi não entender o que ela quis dizer e abracei Marina, despedindo-me delas.
Ao abraçar Clarice, ela voltou a sussurrar em meu ouvido:
- Eu vou te ver de novo, pode
apostar. – olhei-a sentindo meu coração apertar e sorri, dizendo tchau.
Diego
despediu-se delas normalmente e saímos do apartamento. Eu estava com a cabeça
cheia de idéias. Estava muito feliz, encontrar com Clarice só deixou que a
saudade dela aumentasse mais, e que fosse quase insuportável ficar longe dela.
Mas eu tinha medo, não queria voltar. Não naquela hora que estava tudo bem.
Agora, eu
tinha que concordar, aquele jantar havia sido inesquecível! Não consegui dormir
à noite, lembrando-me de Clarice, de seus beijos, enquanto me tocava pensando
nela. Aquela mulher mexia comigo de um jeito único, eu sabia que não devia, mas
meu coração falava mais alto às vezes. Deixei a mente vagar nas lembranças de
saudade até conseguir dormir.
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