Coisa Linda, Coisa Fofa, Coisa Minha


E lá estava eu, mais uma vez me vestindo para tentar chamar sua atenção. Que roupa usar? Saltos... Não, não fico confortável com eles. Sandálias, ok. Uma blusa legal, me olho no espelho uma, duas, três vezes. Pode ser. Maquiagem? Claro, onde ela trabalha estão sempre de maquiagem. Perfume, anéis, pulseiras. Mais de uma vez, checado. 
Porta. Tranca. Carro. Shopping. Estacionamento. Muita gente. Família, avó, irmã, mãe. Para pra ver um terno, foi para isso que fomos lá, certo? Pra mim, errado. Não fui pra ver terno, calça, muito menos pra ver gente. Fui para vê-la. 
Andar, empurra gente, olha sapatos. Cadê a loja que nunca chega? Crianças brincando, desvia daqui, desvia da velhinha dali, finalmente, vitrine com bijuterias. 
Entrada cumprimentando as conhecidas vendedoras. Beijos daqui, abraços dali, e ela me olha de longe. Parece que nem percebe minha presença no local. Por quê eu sempre me apaixono por mulheres que não dão a mínima para mim? 
Começo a conversar, escolhe brinco daqui e dali, a atenção e os olhos grudados nela. Me viu! Olhos nos olhos, sorrisos, e logo a atenção é desviada. Quem diria, depois de tantos olhares que eu dei da última vez, ela parece que ainda não me nota, ou pelo menos, não tem interesse. 
Sorriso amarelo, olhar nos brincos, escolhe, escolha, escolhas. Qual deles? Tanto faz, pretexto por pretexto...
Uma olhadela e lá vem ela, andando por entre as pessoas, em minha direção. Sem nenhuma surpresa, já passou por detrás e por mim tantas vezes, como se nem me visse...

- Precisa de ajuda, coisa linda? - e ela aparece do nada! Boom! Poom! Qualquer explosão que faça sentido, porque eu mesma já não faço. 

- Ah, obrigada, estou só dando uma olhada.... - continua a conversa! não a deixe ir embora! - O que acha desse brinco?

- Muito lindo, gostei. Vai ficar bom. 

Que idiotice de conversa! E do nada, como apareceu, ela escorregou por entre meus dedos, deslizando para a outra ponta da loja. Idiota, idiota, idiota! Quem iria se interessar por você, simples garota tola? E porque você sempre se interessa por loiras? Epa, que conversa é essa de coisa linda? Ela quase nunca me olha, e nunca conversa sobre nada, salvo certos "ois" e afins. E hoje, resolve me chamar de coisa linda. Para, para de dar peti garota, eu hein? Parece que nunca recebeu um elogio... De moça bonita não! 

Quando olho, ela está nos fundos da loja, com a minha amiga que é a gerente, e elas olham pra mim... Que paranóia... Mas que dei uma olhada nos dedos da garota, pra checar o tamanho das unhas, ah se dei! 

Imagino os detalhes de conversas longas que eu poderia ter com ela... Quero me enroscar, tocar seu rosto forte, sua presença, sua boca, seus olhos e sua voz... Ah que voz! Se ela me chama de coisa linda, tenho vontade de quando a ver novamente, chamá-la de coisa fofa, e quem sabe ali desenvolver um diálogo galeanteador, no qual a envolva em minhas falácias de escritora, e em meus olhos cor de esmeralda. Querm sabe, não consigo enfeitiçá-la e conseguir nem que um encontro, se não de intenções, de palavras, ou quem sabe até de corpos? Deixe que me chame de linda, fofa, maravilhosa e minha? Minha, minha e minha. Não me importo se sou tralha, coisa, treco ou garota, que me importa, contanto que seja sua. E se tudo isso que relatei não fizer o menor sentido pra você, e daí, esqueça o texto, o livro, o contexto, e volte a me chamar de linda...

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