Personagem


É só mais um personagem que você criou em frente aos meus olhos. Desde então já era atriz. Ao longo dos anos a observei tirar a peruca, as roupas, desfazer-se das falas com que me envolvera em sua teia, mas ainda assim, não vi você. Continuei enxergando o papel que você representara pra mim, oh! doce papel. Os sentimetnos em mim ainda machucam, destróem, matam. Hoje, lhe vejo como a moça que é, mas não consigo enxergar. Endenter, compreender. Nunca sei quando é real e quando não é. Se sou eu que ainda me apego ao seu papel antigo ou se tem algo de você dentro disso. Para saber, eu precisava estar ao seu lado, mas isso é impossível, certo? Eu sei o quanto me odeia, o quanto me quer longe. Sei que sou louca demais, doida demais, paranóica demais e idiota demais para você. Sei que prefere a simplicidade de garotos e garotas que não sejam eu. Sei que a idealizei demais, quis demais, enlouqueci demais e lhe afastei demais. Mas ainda lhe quero. Quero conhecer, pegar, falar, brigar, sexar? Neologismos nunca foram minha praia mesmo. Apenas lhe quero. Não sei se é certo, não sei se é bom, não sei. Mas quero, ah se quero! E você não quer, será? Com tantos personagens, não posso saber. Só quero você, nua e crua na minha frente, olhando nos meus olhos, segurando em minha carne, minha pele. Eu quero, eu preciso, eu espero. Eu sonho, eu penso, e enlouqueço.

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