Seria ela lésbica? Não, não poderia ser. Isso era só... o quê? Vai ficar inventado desculpas agora? Ela só queria esquecer, não ter que decidir, não ter que pensar. Acendeu um cigarro e deu a primeira tragada, aquilo a relaxou. Deixou a fumaça sair, acalmando-a. Sorriu de canto, ainda tinha os seios expostos, os mesmos seios que à pouco estavam na boca da outra. Aliás, todo o seu corpo tinha estado em contato com o de outra mulher. Aliás, gozara várias vezes, sentira prazer, fora tocada como nunca antes. Mas então porque continuava tensa, achando que fizera algo de errado? Pelo amor de Deus, você não é mais uma menina! Era o que falava para si mesma. E ainda assim, sentia-se constragida. Nervosa, querendo sumir. Mundos tão diferentes, pessoas tão diferentes... Achava que iam apontá-la na rua sabendo que tinha transado com uma mulher. Nunca fora tão tola! Ninguém sabia de verdade. Não havia vestígios além do seu próprio medo. Tão diferentes e singulares, e ao mesmo tempo tão iguais e comuns ao resto da população! Garotas que gostam de garotas. Andam por aí, lhe olham, lhe abraçam, lhe desejam, lhe comem. No sigilo, como felinas que se aproximam da presa. E no fim do dia, carregam aquele sorriso sacana no rosto, depois de terem transado no banheiro feminino, saem como se nada tivesse acontecido, e seus maridos nada desconfiam. O cigarro estava chegando ao fim. Deu mais uma tragada, e aquele sorriso sacana apareceu-lhe no rosto.
Nenhum comentário
Postar um comentário