Sinopse: Christopher estava surpreso ao ver Mariska a sua porta aquela hora da manhã. O que ele não esperava era a proposta irrecusável apresentada a ele. Seria ele orgulhoso suficiente para recusar? Ou finalmente aceitaria voltar para o lugar da onde nunca deveria ter saído?
Gênero: Drama, Romance, Realidade Alternativa
Disclaimer: Nada me pertence, somente a ideia persistente de shipper. Não represento os atores aqui descritos, e essa história não faz alusão a vida real ou a qualquer opinião dos atores aqui descritos.
Proposta Irrecusável
A
campainha soou, e ao abrir a porta, Christopher não podia acreditar em quem
estava a sua porta àquela hora da manhã. Fazia tanto tempo que não a via, e a
saudade só se fez presente ao sentir seu perfume característico uma vez mais.
Ela usava uma calça jeans justa, uma blusa laranja, e salto alto. O cabelo
estava preso em um rabo de cavalo. Fazia tanto tempo que não a via!
- Mariska! –
ele sorriu instantaneamente.
- Hey, Chris... – ela sorriu de volta, colocando
as mãos dentro dos bolsos da calça jeans que usava.
- Entra! – ele
deu espaço para que ela passasse, fechando a porta atrás de si.
Parada no meio da sala, ela
examinava o cômodo atentamente; o sofá branco combinando com o tapete; a
mesinha de centro de mogno; a lareira com as fotos de família espalhadas pelo
lugar... Tantas lembranças! Sempre estava na casa dele e vice e versa. Seus
cônjuges eram amigos também, então sempre faziam um programa em grupo. Mas
fazia um bom tempo em que aquilo não mais acontecia. E então, deixando as
lembranças de lado, seu olhar se voltou para o dono do lugar.
- As coisas
não mudaram muito por aqui – ela disse sorrindo, observando-o. Seus cabelos
estavam bagunçados, e ele usava uma bermuda clara com uma simples camiseta
branca.
- É, parece
que não. E como você está? Continua encantadora como sempre! – e com esse
elogio, ela se desmanchou em uma risada alta e alegre. Foi o suficiente para
quebrar o gelo inicial.
- Obrigada, e
você continua galanteador como sempre – ela piscou, continuando a conversa. – O
que tem feito? Faz tempo que não nos vemos!
Com um gesto, Christopher indicou o
sofá perto deles, e eles se sentaram, ficando lado a lado.
- Ah, algumas
participações em séries... Mas tenho passado um tempo com a família. Coisas do
gênero. E você?
- Eu tenho
trabalhado bastante... O que é a razão de eu estar aqui – um sorriso aparecendo
no canto dos lábios. Sabia que ele não aprovaria sua ideia, mas ia mostrá-la
mesmo assim.
- O que o seu
trabalho tem a ver comigo? – ele se tornou sério de repente, e Mariska percebeu
o quão parecido com o personagem ele podia ser ás vezes.
- Bem, você
sabe que eu ainda continuo em SVU, certo?
Ele concordou com a cabeça. É claro
que ele sabia, o fantasma daquele programa não o lhe deixava em paz,
perseguia-o onde quer que ele fosse. Perguntas, especulações, fotos,
comentários... entre outros.
- Pois então,
o show está, infelizmente, chegando ao fim.
Sim, ele estava ciente disso também.
Esperou que ela continuasse, mas como ela não o fez, ele finalmente perguntou:
- Novamente, o
que isso tem a ver comigo?
- Eu vim lhe
fazer uma proposta, como amiga – agora ela estava séria.
- Lá vem... –
ele suspirou, afundando no sofá, pronto para o que viesse em seguida. – Pode
falar.
- Eu gostaria
que você voltasse para gravar o último episódio da série – seus olhos marrons
encararam os azuis, esperando pela sua reação.
- Minha
resposta é não – ele disse rapidamente, sem mudar a expressão fria.
- Chris, por
favor, todos nós sentimos sua falta por lá... – ela não conseguiu continuar.
- Sentem uma
ova! – ele levantou-se de repente. – Se sentissem, tinham vindo me procurar.
Faz um bom tempo que saí, e a até agora só recebi no máximo umas quatro visitas
e dois telefonemas.
Ele cruzou os braços em frente ao
peito e ficou de costas para ela, permanecendo em silêncio. Mariska suspirou,
sabia que ele era um cabeça dura, e seria difícil convencê-lo a mudar de ideia,
mas ela tentaria mesmo assim. Levantou-se, andando até ficar perto dele, mas
sem o tocar.
- Por que você
saiu afinal? – ela fez a pergunta que não queria calar.
- Não quero
falar sobre isso, sabe disso.
- Já ficou
muito tempo em silêncio, não acha? Nós merecemos saber o porquê, eu mereço – ele virou-se para ela,
olhando-a nos olhos.
Droga, ele não podia resistir a ela,
não podia resistir olhá-la nos olhos e continuar em silêncio. Eram melhores
amigos, eram parceiros, desde muito tempo. Desenvolveram uma grande amizade e
cumplicidade durante os anos. Muitos momentos bons passados juntos, seja com a
família, um na casa do outro, ou gravando a série. Ele revirou os olhos, bufou
e finalmente respondeu:
- Eu cansei.
Cansei de tudo. Nós fazemos a série desde 1999, praticamente doze anos de
trabalho. Doze anos estando lá com chuva ou com sol seja em dia de semana ou em
feriado. Dando tudo de si, tentando fazer o melhor, dando o seu melhor, para no
fim, tudo ser em vão, jogado na lata do lixo. Eu queria fazer outra coisa,
precisava de novos ares, e não via nenhuma vontade de mudar qualquer coisa na
série. Eu cansei, só isso.
- Entendo... –
sua mão tocou no braço dele. – Escute, eu sei como é frustrante, acredite. Já
pensei mais de duas vezes se eu gostaria mesmo de continuar nesse trabalho, mas
eu não consigo ir embora. A personagem da Olívia me ensinou muito durante todos
esses anos, e eu quero dar um fim a sua história. Eu devo isso aos fãs, nós
devemos isso.
- Mas Maris,
não adianta! Não vê? Ninguém quer meu personagem de volta. Eles não querem. Sabe disso.
- Então... –
ela abriu um grande sorriso. – Os produtores mudaram, sabe disso, não sabe? –
ele continuou calado, encarando-a. – Eu falei com eles, e me disseram que se
você realmente quisesse participar e fosse conversar com eles, poderiam chegar a
um acordo.
- Já pensou em
tudo, não é? – ele sorriu, lembrando como ela era determinada.
- Claro!
- Só que eu
não vou voltar rastejando para eles.
- Chris, pelo
amor de Deus! Para de ser orgulhoso! – agora ela perdera a calma, jogando os
braços pra cima em um gesto exasperado. Ele ficou em silêncio por um minuto, e
então respondeu:
- Não sei...
Tenho que pensar...
- Vamos lá, é
só um episódio... – ela se aproximou mais ainda, colocando-se a sua frente,
sorrindo. – Digamos que ao conversar com os produtores, eu mencionei que, se
talvez Elliot ficasse finalmente com a Olívia, mesmo que por um único episódio,
a série fecharia com chave de ouro e seria a maior audiência da história. Desse
modo, eles ficaram pelo menos levemente interessados... – um sorriso sapeca se
instalara em seu rosto.
Christopher olhou para a amiga como
se a visse a primeira vez. Sorriu, lembrando-se de quanta falta sentia dela. Da
sua inteligência, sua graça, seu sorriso, sua ironia, sua companhia, sua amizade.
Sentia falta da série, e muita, mas não queria dar o braço a torcer, afinal
fora ele a pedir para sair. Sentia falta do trabalho, dos colegas, das
brincadeiras, de tudo. Por mais raiva que sentira, por mais decepcionado que
ficara, aquela série fizera parte de sua vida, de uma boa parte na verdade. Não
era fácil esquecer, deixar para lá, seguir em frente. E agora que estava
acabando, ele gostaria de participar do fim de uma grande jornada.
Quando a olhou novamente, Mariska
continuava com aquele sorriso no rosto. Ela já sabia que ele concordara. Só
precisou ouvir um “você venceu” dito cansadamente da parte dele.
- Ta afim de
uma pizza? - ela perguntou. Olhando-a confuso, respondeu:
- Pizza? A
essa hora da manhã?
- Ok, se não a
pizza, um café pelo menos? – e ela já estava se encaminhando para a cozinha.
Ele a seguiu, ainda confuso.
- Café? Bem,
eu aceito, estou precisando mesmo.
Ele sentou-se ao balcão da cozinha,
achando graça enquanto ela preparava o café para eles, como se ela tivesse
feito aquilo durante os últimos meses. Com o barulho, Sherman desceu as escadas
e entrou na cozinha, surpresa com a visita inesperada.
- Mariska! Que
surpresa! – ela sorriu, cumprimentando a morena.
- Sherman!
Sim, eu e o Chris tivemos que resolver algumas coisas... – ela piscou.
- Sei... – ela
olhou para o marido, que revirou os olhos suspirando, como se não houvesse mais
o que fazer. E falando baixo, confidenciou a ela. – Vai ser bom pra ele.
Elas riram, compartilhando o momento,
enquanto ele ficava com cara de poucos amigos. Quando o café ficou pronto,
sentaram juntos, tomando o café e comendo algumas bolachas e rosquinhas,
enquanto conversavam. Relembraram vários momentos que passaram juntos, dentro e
fora do script. A tensão partilhada entre Elliot e Olívia, os tombos e risadas
deles, as piadas contadas pelo Ice, as palhaçadas de Richard. Ainda se lembraram
de Stephanie e Diane, concordando que elas ainda deveriam estar na série.
Depois das duas, nenhuma outra atriz tinha ficado tanto tempo no posto de
A.D.A., por mais que tentassem.
Após um tempo, Mariska se despediu,
dizendo que ainda precisava buscar August na escola, e então se foi, deixando
seu perfume espalhado pela casa, e o traço de esperança que plantara no amigo.
No dia marcado, Christopher estava
lá, no set de filmagens, conversando com os produtores a portas fechadas.
Mariska observava de longe, tomando copos de café incessantemente, com medo de
que algo desse errado. Quando finalmente o parceiro saiu de lá de dentro, seus
olhos se encontraram, e os azuis brilhavam. Ela sorriu instantaneamente,
finalmente ele estava de volta, mesmo que por um único episódio. Após algumas
horas, começaram a gravar o episódio final.
O
dia estava frio, e todos vestiam seus casacos de inverno. Olívia suspirou,
olhando para a sua mesa, a caixa ainda estava ali, vazia. Aos poucos, começou a
colocar as suas coisas lá dentro. Sua carreira havia finalmente chegado ao fim.
Estava triste, mas aliviada. Teria tempo para si mesmo, para sua vida pessoal.
Quem disse que tinha vida pessoal afinal? Sem marido ou namorado, sem um filho,
sem pais, e agora sem emprego. Riu da ironia de sua vida. Olhou para a mesa a
sua frente, e as lembranças a atacaram. Um sorriso abriu-se lentamente no rosto
cansado. Se ele estivesse ali, tudo teria sido diferente. Quem sabe...
Talvez... Balançou a cabeça negativamente, nada teria mudado. Ele estava com
Kathy e com os filhos, finalmente desfrutando da vida em família. Ela não
queria ser uma destruidora de lares. Já bastava o seu destruído.
- A bagunça não vai se limpar sozinha, sabia disso?
– aquela voz penetrou em sua mente, e seu coração se acelerou. Não, não podia
ser! Virou-se assustada, vendo Elliot encostado no umbral da porta.
- O que você está fazendo aqui?
- Surpresa em me ver? – ele andou até ela,
sentando-se em cima da mesa, a sua frente.
- O que você acha? – perguntou brava. – O que está
fazendo aqui?
- Vim me despedir – ele sorria.
- Despedir? – ela riu amargamente. – Mas quando você
se foi, nem pensou em me avisar, dar um telefonema, ou pelo menos me atender! –
ela gritava agora.
- Calma, não se exalte. Eu precisava de um tempo. Um
tempo pra pensar na minha vida, no que eu queria... – ele suspirou. – Eu sei
que deveria ter avisado, atendido, falado. Eu errei, mas agora estou aqui.
- E a qual conclusão que chegou? – ela voltou a
colocar suas coisas dentro da caixa, automaticamente.
- Que eu deixei algo por terminar.
- E o que seria isso?
- Você.
Os
olhos marrons se levantaram, derretendo-se no mar de intensidade que eram as
íris azuis de Elliot. Ele sorria, sabendo o impacto que aquela única palavra
produzia nela. Há tempos ela lhe perguntara “E seus filhos, e eu?” e ele não
soubera responder. Agora sabia. Agora finalmente se resolvera com relação a
Olívia.
- Você não ouse fazer isso comigo! – ela se
levantou, a respiração rápida, o rosto vermelho.
- Liv, me escuta. Eu fiz muitas besteiras durante a
vida, e talvez ir embora daqui tenha sido quase a maior delas. Mas não vou
cometer o erro duas vezes. Estou aqui por você.
- E os seus filhos? E Kathy? – a dor passou pelos
olhos cansados. Aqueles sempre eram os tópicos comuns entre eles nos últimos
tempos, antes da partida dele.
- Não ficou sabendo? Kathy finalmente conseguiu o
divórcio. Mesmo depois de eu voltar pra casa, percebeu que não havia mais
aquela química que havia há anos atrás. Éramos colegas, e nada mais. Meus
filhos continuam com ela, mas posso vê-los sempre que quiser. Foi amigável. E
eles já estão grandinhos para entender.
Ela
ficou quieta por uns minutos, processando aquela torrencial de informações que
ele despejava, tentando entender o que ele queria dizer com tudo aquilo. Há
anos atrás teria pulado nos braços dele de uma vez, mas agora tinha medo de
estragar tudo. Teria um tempo para ela mesma, estava relativamente bem consigo
mesma, e não queria que um impulso jogasse tudo por água a baixo.
Olhou-o
nos olhos, cruzou os braços em frente ao peito, e então disse:
- Sem rodeios, sem mentir, me diga o que você quer
comigo.
- Eu quero você, Liv. Quero você como minha parceira
novamente, como minha amiga, minha colega de trabalho, minha namorada, minha
esposa e minha felicidade.
Ela
tentou conter as lágrimas e o nó que se formava em sua garganta. Esperara tanto
para ouvir aquelas palavras! O sorriso foi se espalhando pelo seu rosto,
enquanto ela corria para os braços dele e o abraçava forte. Ele retribuiu o
abraço, apoiando o queixo em cima da sua cabeça, percebendo que ela chorava
baixinho. Deixou que ela ficasse ali por alguns segundos, até sentir que ela se
acalmava. Então, afastou seu rosto dele, desceu da mesa e olhou-a diretamente
nos olhos chocolate, segurando seu rosto com ambas as mãos.
- Eu demorei muito a perceber, a aceitar, mas
finalmente descobri que não posso lutar contra esse sentimento presente todos
os dias da minha vida, desde que te conheci. Eu a amo, Olívia, com todo o meu
coração.
- Você merece apanhar, sabia Ellot Stabler? – ela
sorriu. – Eu também te amo.
Seus
lábios se juntaram em um beijo apaixonado, e tudo se encaixou em seu devido
lugar. Era como se fosse ali que sempre pertenceram, só não sabiam disso ainda.
O beijo era doce e intenso, terno e apaixonado. E pela primeira vez, Olívia
Benson estava genuinamente feliz.
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