Está frio aqui, o corpo que me aquecia partiu ao amanhecer. Está frio aqui, como todos os dias. Lá fora, observo a escuridão, perguntando-me quando me verei livre dela, minha companheira de noites sem dormir. Está frio aqui, novamente. Quando percebo um resquício de sol, luto contra, não deixo entrar, mas ele vai penetrando pela minha pele, fazendo cócegas na garganta e provocando o riso. Permito-lhe que entre, faça festa, e durma em minha cama, esquente-me, ame-me, transborde-me. Para que no dia seguinte, eu acorde na cama fria e vazia. Sempre as mesmas desculpas, as pessoas mudam, tinham coisas mais importantes para resolver, família, emprego, amigos... Não é pessoal. Ah não, nunca é. Nunca é por minha causa, há sempre uma desculpa. Está frio aqui, nem o café mais me esquenta, o desejo me alimenta e o amor amarga minha boca. Está frio aqui, e já não quero mais me aquecer.
Nenhum comentário
Postar um comentário