A vida é uma droga. E o destino é pior ainda. Há cinco anos eu imaginava você levando sua vida, casada talvez. Com um moço bonito e educado, que lhe trataria bem, como você merece ser tratada. Você estaria trabalhando, quem sabe fazendo teatro, como sempre quis. Teria uma boa casa, com todo o conforto que você merece. E apesar de estar feliz, você lembraria de mim, sentiria falta desses anos em que não nos falamos. Isso me confortava. Pois significava que eu não era certa para você porque esse não era seu destino. Você precisava do seu príncipe, afinal de contas, de uma vida em um conto de fadas, e isso eu não poderia lhe proporcionar. Isso indicava que você escolheu o caminho mais fácil, sem ter que sofrer como eu lhe faria sofrer por ser uma mulher ao seu lado. Mas a vida é ironicamente engraçada. Dolorosamente engraçada.
Você está sim, com alguém, mas uma mulher. E não uma qualquer, uma mulher mais velha, que pode até se passar por um menino. E todos sabem disso. E aparentemente, todos aceitam esse relacionamento. Ela também faz teatro, ela divide suas conquistas e vocês vão juntas a peças. Você não casou, mas não descarta a possibilidade de juntar escovas com ela. Você está feliz, mas muito feliz, e nem se lembra dos fantasmas que eu lhe envio em pensamento. Por que lembraria? Sou uma parte da sua vida que você apagou. E o que mais machuca, é saber que eu poderia lhe dar essa vida. Ela tem a oportunidade que eu morreria para ter. Vocês vivem a vida feliz e incrivelmente bem que eu queria viver ao seu lado. Eu não a odeio, só odeio as circunstâncias. Admito tristemente que ela lhe faz feliz, e eu não poderia tirar-lhe isso. Mas dói, saber que poderia ser eu. Mas que talvez, a possibilidade de ser eu jamais poderia existir. A vida é uma droga. E o destino também. Talvez um dia o destino me mostre o caminho certo, e eu seja feliz, mas agora, ele continua sendo uma droga.
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