Parte 04
— Eu tenho que
voltar para a delegacia agora. – comentou Kate, levantando-se da mesa.
— Ok... –
levantei-me também. — Você se incomoda se eu te acompanhar até lá?
— Não, tudo
bem. – ela sorriu.
Kate estava de carro, e o havia
estacionado a duas quadras dali. Fomos andando lado a lado, conversando.
Entramos no carro, e ela deu a partida.
— Tem certeza
que não quer que eu te deixe no hotel? – ela perguntou.
— Tenho. Você
vai se atrasar se o fizer, e não ligo de pegar um táxi.
— Tudo bem
então. – ela concordou.
Ao chegarmos à delegacia, ela
estacionou o carro e nós descemos. Quando eu já ia me despedir, ela pediu para
que eu subisse com ela, pois gostaria de me mostrar uma coisa. O prédio era
grande, e ela me explicou que trabalhava no penúltimo andar, na parte de
homicídios. Eu estava achando fascinante poder entrar no mundo dela, pois
quando namorei Kevin, ele me deixou afastado do seu trabalho. Não queria
compartilhar sobre o que acontecia na delegacia, nem sobre os casos, nem nada. Pegamos
um elevador, e paramos no andar dela. Kate andou na frente, guiando-me até onde
estava sua mesa. No meio do caminho, apareceram dois caras, provavelmente dois
detetives, cumprimentando-a:
— Yo...
Beckett! Achei que fosse demorar mais e... – ele parou de falar ao olhar para
mim. Era o mais moreno dos dois, e pelo jeito de falar, parecia latino ou algo
do tipo.
— Hey,
suspeita? – o de cabelos loiros e mais ajeitadinho perguntou, virando-se para
mim.
— Não, ela não
é suspeita. – Kate comentou, rindo, e nos apresentou. — Esposito, Ryan... Está
e a Addison, uma amiga. E Addison, esses dois detetives trabalham comigo.
— Prazer! – eu
sorri, estendendo a mão.
— Seu tapado,
achar que uma mulher dessas é suspeita? – o mais moreno disse, olhando feio
para o outro, e apertou minha mão.
— Mas Beckett,
você nunca nos apresentou nenhuma amiga sua e... – o mais loiro começou a
falar, mas parou abruptamente. Kate o fuzilava com o olhar, o que só me fez
rir. — Desculpe.
— Yo, Ryan,
temos que ir. Beckett, a gente se vê mais tarde. – ele acenou para nós e quase
puxando o outro pela camisa, foram em direção ao elevador.
— Não se
incomode com eles... – ela comentou, enquanto abria a gaveta de sua mesa.
— Não, de
forma nenhuma, eles parecem adoráveis. – sorri de canto.
Ela pegou uma caixinha que estava
dentro da gaveta, e a mostrou para mim. Surpresa, fiquei imaginando o que seria
aquilo.
— Humm... Isso
é pra você... – ela disse incerta. Peguei a caixinha agradecendo, e a abri. Era
uma linda correntinha, com uma pedrinha pendurada.
— Que lindo!
Uma graça! Adorei! – agradeci, dando-lhe um breve abraço. Ela parecia sem
graça, principalmente ao dizer:
— Hoje de
manhã eu estava vindo para cá e no caminho vi esse pingente em uma vitrine, e
achei que combinava com você... – ela sorriu, então voltou a falar. — Eu...
Ahn... Não costumo fazer isso, aliás, nem sei por que comprei, mas...
— Eu adorei. Vou
usá-lo hoje. – sorri sincera. Guardei o colar dentro da caixinha, e o coloquei
dentro da bolsa. — Eu vou indo, não quero atrapalhar...
— Tudo bem, eu
passo no hotel as nove, combinado?
— Combinado.
Despedi-me dela e saí do prédio,
logo indo pegar um táxi. Cheguei ao hotel e ao entrar no quarto, senti o
perfume dela ainda no ar. Apesar da cama já estar arrumada, tudo certinho, eu
ainda podia sentir o seu cheiro por ali. Inevitavelmente, as lembranças da
noite anterior me invadiram, e eu comecei a sentir uma doce nostalgia. Sorri
instantaneamente, enquanto deitava na cama. Tudo fora tão mágico e incrível!
Engraçado, justo eu que já havia dito para Nai que não acreditava muito em
magia... Sabe, primeiro beijo, primeira vez... Acho que nunca fui uma menina
muito sonhadora nesse ponto. Até eu estava me estranhando, achando que estava
ficando fofa demais pro meu gosto. Mas o que fazer, se eu me sentia assim? Se
ela me fazia sentir assim.
Eu estava certamente apaixonada por
Kate, e o que fazer com isso? Será que eu viveria com uma mulher? Namoraria
uma? Tudo parecia tão estranho... E ela? Nunca me perguntei se ela também
gostaria... Aliás, ela já era apaixonada por uma pessoa, tudo era para ter sido
apenas uma noite, uma brincadeira, e estava passando dos limites. Mas eu iria
voltar para LA no dia seguinte, então o que estivesse acontecendo, iria acabar
ali mesmo. Pelo menos eu estava me divertindo, e ocupando minha cabeça, só não
esperava que minha distração pudesse ser Kate. Acabei adormecendo, em meio a
tantas indagações.
Acordei no fim da tarde, e fui tomar
um banho quente, relaxante. Escolhi uma roupa para colocar: calça jeans, uma
blusa vermelha de gola alta e mangas compridas; coloquei um salto alto, amarrei
o cabelo em um rabo de cavalo, e coloquei o colar que Kate havia me dado. Era
realmente lindo! Passei uma maquiagem leve e um perfume, e olhando no relógio,
percebi que já estava quase na hora. Desci de elevador e fiquei esperando na
porta do hotel; não precisei esperar muito, dali a dez minutos o carro dela
estacionou em frente. Abri a porta e entrei.
— Boa noite. –
ela cumprimentou.
— Boa noite. –
respondi. Eu queria adicionar algo a mais na frase, mas fiquei com receio de
que não seria apropriado.
Chegamos ao prédio onde Kelly
morava, e então quando descemos do carro, foi que pude ver bem Kate. Ela usava
uma calça social, salto, e uma blusa azul escuro. Estava linda, e bem elegante.
Entramos no prédio, e me encaminhei para o balcão. O funcionário que estava ali
interfonou para Kelly, dizendo que já havíamos chegado. Recebendo a
confirmação, deixou-nos subir, dizendo o número do andar e do apartamento.
Permanecíamos em silêncio, enquanto subíamos de elevador. Eu estava incerta
sobre o que dizer, ou o que comentar. Quando chegamos ao andar, Kelly estava
com a porta aberta, esperando-nos.
— Addie! – ela
correu me abraçar novamente.
— Hey Kelly! –
e quando nos soltamos, apresentei. — Essa é a amiga que te falei. Kate. – elas
se apertaram as mãos.
— Prazer. –
ela disse apenas, ainda um pouco tímida.
— Uau, que
moça linda hein? – minha amiga disse, encabulando-a ainda mais. Eu só tinha me esquecido
desse detalhe: ela não era muito discreta.
Kate riu sem graça, agradecendo.
Entramos no apartamento. Sentamos na sala, no sofá, e Kelly nos ofereceu vinho,
enquanto conversávamos. Fiquei ao lado de Kate, enquanto minha amiga ficou de
frente para nós. Ela tagarelava sem parar sobre a sua vida, seu marido, etc
etc, e aquilo não estava entretendo muito Kate, até ela começar a falar sobre o
trabalho dele. Ele é um dos políticos importantes, e então eu vi a detetive
começar a defender o seu ponto de vista, e eu fiquei de fora daquela discussão
saudável. Tentava prestar atenção nas palavras que dizia, mas eu só conseguia
ver sua boca e toda a sua beleza. Eu estava ficando louca, não era possível.
— Quem está
com fome? – Kelly comentou, levantando-se, nos levando para a sala de jantar.
A
mesa estava posta, e o cardápio era carne assada com batatas, uma salada
especial e mais vinho. Sentei-me de frente para Kate, e Kelly sentou-se na
ponta. A anfitriã nos serviu a bebida, enquanto começava a conversar novamente.
Ela era uma boa amiga, mas ás vezes suas conversas intermináveis me davam nos
nervos. A conversa acabou de repente, e então ela se virou para mim,
perguntando:
— Então,
Addie, sem volta com o Derek? – ela me pegou desprevenida.
— Sim, Kelly,
essa história já acabou. Ele está muito bem com a Meredith pelo o que eu soube.
— Que pena!
Ele era um marido e tanto... – ela riu. — E o Mark? – levantou uma sobrancelha.
A detetive me olhava divertida, enquanto era uma tortura pra mim, ficar naquele
assunto.
— Não dá
certo... Eu não estava apaixonada por ele... É passado. Além do mais, cheguei a
encontrar outras pessoas em LA...
— Hum,
entendo. E está namorando alguém? – ela perguntou, casualmente.
— Bem...
Não... – eu hesitei, e meus olhos se encontraram com os de Kate.
— Tem certeza?
– ela riu. — Eu te conheço Addie, quem é o felizardo? – como eu demorei a
responder alguma coisa, ela logo se voltou para Kate e começou a falar. — Você tinha
que ver a minha amiga aqui na época de faculdade! Todos os meninos babavam por
ela, mas ela só tinha olhos para o Derek...
— É mesmo? –
Kate perguntou, levantando uma sobrancelha.
— Óh sim, ela
me contava como ele era lindo, engraçado e galanteador. Ela saiu com alguns
meninos, mas acabou que ficou com ele mesmo... Ah fora a vez que ficamos
bêbadas nas férias de verão e acabamos acordando juntas na cama... – ela ria do
que acabara de dizer.
— Não diga? –
o olhar da detetive me fuzilava.
— Não há
necessidade de falar disso, Kelly... – tentei colocar panos quentes, mas ela
não parava de falar.
— Que isso,
amiga, vai ter vergonha agora? Nossa foi incrível aquele dia! Mas foi uma única
vez, pois a Addie disse que aquilo não era pra ela. E que ela não era mulher de
ficar só por uma noite...
Percebi a expressão de Kate mudar na
mesma hora, e eu faria de tudo para calar a boca de Kelly! Como ela conseguia
ser tão sem noção assim? Tentei mudar de assunto, perguntando sobre o marido
dela, e ela logo começou a contar sobre a última viagem que ela tinha feito pra
Grécia, e como a história era hilária. Kate, bem educada, escutava a tudo,
sorrindo, mas percebia que ela estava tensa. O resto do jantar se passou assim,
e a detetive evitava olhar para mim. Eu precisava acertar as coisas. Quando nos
despedimos da minha amiga, Kelly agradeceu nossa presença e o jantar
maravilhoso. Se ela apenas soubesse...
Entramos no carro, e ela permanecia
em silêncio. Aquilo já estava me irritando, então resolvi quebrar o gelo.
— Kate, eu não
imaginava que ela iria trazer o assunto à tona... – ela continuou quieta,
enquanto dirigia. — Fala comigo... – pedi.
— Agora não. –
ela não me olhava. — Tenho que prestar atenção no trânsito.
Fiquei calada. Cruzei as pernas e
virei para a janela, observando as ruas. O caminho todo continuamos quietas. Eu
sabia que ela estava chateada, mas não achava justo que descontasse em mim,
aliás, eu não tinha feito nada. Achei estranho que ela não tinha pegado o
caminho do hotel, mas eu nada disse. Percebi, pelo modo como ela entrou com o
carro em um prédio, que aquele era o prédio dela. Quando ela estacionou o
carro, bateu com o punho no volante, resmungando:
— Merda, eu
estava tão avoada que me esqueci de te deixar no hotel.
— Não tem
problema. – eu comentei. — Eu pego um táxi daqui.
— Não... Agora
que está aqui, sobe um pouco pelo menos... – ela disse em um tom mais ameno. Aceitei.
Pegamos o elevador e quando entramos no apartamento dela, eu voltei a falar:
— Kate, me
desculpa por hoje... Eu não sabia que ela ia falar tudo aquilo, desenterrar o
passado... – ela nem me deu atenção. Sentou-se no sofá, tirando os saltos. — Me
responde! – disse impaciente, levantando a voz.
— É isso o que
sou pra você, Addison? Uma diversão, uma noite apenas? É isso o que também
pensa de mim? – ela me olhou, brava, e se levantou do sofá, andando até a cozinha,
indo pegar duas cervejas na geladeira.
— Claro que
não! Eu era muito jovem na época, não sabia metade das coisas que sei hoje...
Você é especial. Se fosse algo de apenas uma noite, eu não estaria aqui agora.
— Eu sabia que
isso não ia dar certo... Eu tinha um pressentimento...
— Que pressentimento?
— Quando
cheguei naquele edifício, percebi o que havia de errado. Somos de mundos
diferentes, Addison. – ela me olhou, séria.
— Não começa!
– eu já estava de saco cheio das pessoas jogarem aquilo na minha cara. — Isso
não tem nada a ver! Se tenho ou não dinheiro, se Kelly vive ou não cercada de
luxo. Estou cansada das pessoas viverem culpando a minha condição financeira
quando algo não dá certo! – me alterei, começando a falar mais alto.
— Fora que
tinha que ser justo com ela?
— Está com
ciúmes? – perguntei, com um indício de sorriso no rosto.
— Ciúmes, eu?
Por que teria? Não passo de uma única noite, não é!? – ela me encarou, séria,
respirando pesadamente.
— Não, não é
somente uma noite. – aproximei-me dela, encarando seus olhos intensos. — Eu
tenho pensado muito, e descobri que quero com você muito mais do que uma
noite...
Ela procurava em meu rosto, meus
olhos, algum sinal de mentira, alguma coisa que pudesse rebater e continuar a
discussão, mas não encontrou, pois eu falava a verdade. Kate segurou em minha
cintura, puxando-me para um beijo intenso, pegando-me de surpresa. Praticamente
derreti-me em seus braços. Eu estava com saudades dos beijos dela, quão insano
isso pode parecer? Ela mordiscou meu lábio, ao acabar o beijo, e sussurrou,
olhando em meus olhos:
— Eu quero
você. Eu tenho ciúmes, e não sei lidar com isso, porque está tudo sendo tão
rápido... Eu acho... Acho que... – percebi que ela estava ficando ansiosa, e
não sabia o que falar, ou tinha medo do que queria dizer.
Calei-a com um beijo, puxando-a para
mim novamente. Eu podia sentir seu coração batendo na mesma sintonia com o meu,
sua respiração entre cortada, seus suspiros... Fazia menos de vinte e quatro
horas que eu tinha estado com ela, e precisava mais e mais dos seus beijos, dos
seus carinhos, seus gemidos, seu corpo.
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Ok ok, eu adoro que você poste aqui, porque eu posso ter meu surto de comentários sempre que tem capítulo novo <3. Eu estou simplesmente tão apaixonada por esta história, quanto elas estão por elas! E, na minha opinião, esse é um dos melhores capítulos, chave pra toda a história, sabe? quando elas mostram que realmente sentem algo...revelam, awwwwwwwn foi tão fofo. Ok, começarei do começo, porque não sou apressadinha :p
ResponderExcluirVamos lá, eu amooooo amoo pessoas sem noção, e OMG, o que é essa amiga que você trouxe pra história hein? OMG que personagem perfeitaaa, eu ja comecei a imaginar um monte de histórias nelas na faculdade (vá tendo ideias ai, eu incentivo :P). Amei toda a interação entre elas, Kate com ciúmes é simplesmente fantástico...e...ahhh...eu só consigo pedir pra você escrever mais, mais e mais, sério, acho que atualmente é a única história longa que estou acompanhando, e vale muito a pena, posso dizer! A essa altura ja to torcendo pra uma das duas ficar desempregada pra ficarem juntas *olha eu desejando desgraça alheia por causa da sua fic* kkkkkkkkkkkkkkkkkk ok, brincadeiras a parte. PERFEITOOOO! PRÓXIMOOOOOO :P (we need haha)
beijinhos