Capítulo
22
Era domingo, e o dia não poderia
estar mais maravilhoso. Íamos ensaiar na casa de Camila, como combinado.
Levantei cedo, troquei-me, tomei café, arrumei algumas coisas em casa e então
fui para casa da minha amiga. Camila estranhou o fato de eu estar radiante para
um domingo de manhã, e qual era o motivo? Lucas havia viajado no dia anterior,
e só voltaria dali a uma semana, assim sendo, chamei Priscila para ficar
conosco na casa de Camila, já que os pais desta tinham saído; evitavam ficar em
casa no dia dos ensaios, achavam tudo uma barulheira infernal.
Já
estávamos na garagem, Camila atrás da bateria nova, Bianca com sua guitarra, o
Zé com o baixo e o Pedro e eu esperando nos vocais. A dona da casa preparou
alguns lanches para gente, e levou algumas latas de refrigerante, caso
ficássemos com fome. Após alguns minutos, as outras pessoas que faziam parte da
banda chegaram, e começamos o ensaio, concordando primeiro com o que íamos
tocar, selecionando as músicas, etc. O ritmo estava bem eclético, mas eu disse
que queria cantar duas músicas em especial, mesmo não sendo as melhores, pois
me faziam lembrar Priscila. Não era novidade para ninguém que eu gostava dela,
e sobre o fato de ela ser casada, ninguém queria se meter. Só Camila mesmo me
dava alguns conselhos e tinha passe livre pra me dizer o que pensava nos
mínimos detalhes.
Passadas
algumas horas, a campainha tocou. Eu estava tão absorta no que estávamos
fazendo, que nem me incomodei; ainda faltava uma ou outra pessoa pra chegar,
então achei que pudesse ser alguma delas. De repente, ouvi meu nome sendo dito
por uma voz aveludada e me arrepiei; rapidamente levantei os olhos, e vi
Priscila a minha frente. Estava linda! Usando um short preto, uma camiseta
vermelha, tênis e os cabelos presos em um rabo de cavalo. Sorria para mim
abertamente.
- Bom dia! – levantei-me imediatamente,
abraçando-a. Senti seu perfume maravilhoso em sua pele. – Demorou, hein? –
brinquei.
- Acordei tarde, perdoa! – apertou minha
bochecha.
- Humm, perdoada! – dei um beijo
estalado em sua bochecha, fazendo com que Camila revirasse os olhos. – Bem, não
sei se conhece todo mundo, mas vou apresentar. Camila, minha amiga que
gentilmente cedeu sua casa... Aquela é a Bianca, você também conhece. Esse é o
Zé, aquele sentado no banco é o Bruno, aquela ali é a Maria e esse é o Pedro. –
fui apontando um por um.
- Prazer em conhecê-los! – ela sorriu.
- E pessoal essa é a Priscila, minha
amiga. – ao dizer isso, todos começaram a abafar os risinhos. – O que foi? –
virei-me para Camila, surpresa.
- Acho que todo mundo faz uma leve ideia
de quem ela é...
Fiquei
vermelha, verde, roxa... E Priscila ria, nem um pouco envergonhada. Após as
apresentações, voltamos a ensaiar. Minha convidada sentou-se no sofá, e ficou
nos assistindo. Escolhemos algumas músicas bem diferenciadas. Califórnia
Dreamin’ do The Mamas & The Papas, Sweet Child O’ Mine do Guns N’ Roses,
Linda Tão Linda do Fiuk, Esnoba do Moinhos da Bahia e More Than Friends da
INNA. Começamos com as primeiras músicas, e não estava tão ruim. Precisávamos
de muitos ensaios ainda para ficar como queríamos, mas já era um começo.
Enquanto
eu cantava, olhava para Priscila, percebendo que ela não tirava os olhos de
mim. Ela sempre sorria, e ás vezes piscava ou mandava beijos. O pessoal ora
ria, ora ignorava, ora zoava. Demos uma pausa para comer alguma coisa lá pela
uma e meia da tarde. Largamos os instrumentos e fomos conversar. Camila disse
que podíamos cozinhar algo, o que demoraria mais, ou pedir um lanche, o que
seria mais rápido, e todos concordamos.
- Então amore, o que achou? – perguntei
aproximando-me de Priscila.
- Adorei, vocês tocam muito bem! – ela
sorriu. Passei meus braços em volta do seu pescoço, e ela colocou os dela em
minha cintura. Sentei-me em seu colo, de frente pra ela.
- Que bom que gostou! – toquei-lhe os
lábios com os meus. – Mas ainda temos muito ensaio pela frente. – Beijei-a
novamente.
- Dá para parar de sem vergonhice? –
olhei para Camila, que estava parada ao meu lado, com as mãos na cintura.
- Dá um tempo, Cá! Nem estamos fazendo
nada demais... – argumentei rindo.
- Ainda! – riu também, sentando-se ao
lado de Priscila. Olhou-nos atentamente, e então ficando séria, disse:
- Eu não concordo muito com esse...
Relacionamento... Somente pelo fato de você ainda ser casada. – quando Priscila
tentou argumentar, ela não a deixou falar. – Por favor, me escute. Eu fico
feliz por vocês duas, mas acho que essa história não vai acabar bem. Geralmente
eu falo só com a Sara, mas já vou aproveitar e falar pra você também, Priscila.
Eu acho que você deveria abrir o jogo com o Lucas. Pensem bem no que vocês
querem, e arrumem tudo, coloquem em pratos limpos. Por que senão, uma hora isso
vai ficar bem ruim, e vocês vão se dar mal. Não estou aqui para julgar ninguém,
estou como amiga, e como amiga aviso. Não quero vê-las machucadas,
principalmente minha Sara aqui.
- Agradeço pelo conselho, Camila. –
disse Priscila, séria. – Eu tenho pensado muito sobre isso... Estou meio
confusa ainda sobre o que quero fazer da minha vida, mas sei que não posso
deixar como está. Espero logo ajeitar tudo. E não vou magoar a Sara. – olhou em
meus olhos profundamente. - Você é muito importante pra mim, mais do que
imagina.
- Você também, minha linda. Espero que
logo, logo não precisaremos mais nos esconder, e nem ter medo de nada nem
ninguém. – eu sorri, com a voz embargada.
Encostou
sua testa na minha, e ambas sorrimos. Camila deu um beijo em minha bochecha e
levantou-se, dizendo que tinha que checar como estava todo mundo lá na cozinha.
Antes de sair, ainda disse, em tom de brincadeira:
- Vocês sabiam que todo mundo está louco
de curiosidade para saber mais sobre vocês duas, não é? – levantou uma
sobrancelha.
- Sim, eu sei, já imaginava. – eu ri e
olhei para Priscila.
- Bom, se quisermos ficar juntas, vão
aparecer muitas dessas situações, eu suponho. Então por que não já enfrentarmos
essa e ver no que dá?
- Por mim, beleza! – levantei-me,
puxando Priscila pela mão.
A
casa de Camila era espaçosa; havia uma porta na garagem que dava para um corredor,
do lado esquerdo tinha outro corredor com vários quartos e um banheiro, a
frente havia a copa, do lado direito já tinha a cozinha, outro banheiro e uma
área de serviço. Todos estavam na copa, por isso, quando aparecemos na porta,
todo mundo olhou em nossa direção. Eu estava nervosa, apertava a mão de
Priscila, e ela apertava a minha de volta, tentando me passar calma.
- O que foi? Tenho algo de errado?
Colado na minha roupa? – virei-me, olhando em meu corpo, procurando alguma
coisa. Todos começaram a rir, e eu sorri. – Tem espaço aí pra gente?
Sentamos
à mesa, uma ao lado da outra, enquanto comíamos o lanche. Foi um festival de
perguntas, desde as mais bobas e idiotas, até as mais sérias e interessantes.
Queriam saber se já tínhamos feito sexo, como era feito (sim, esse tipo de
pergunta sempre é feito), como tudo tinha começado, o que faríamos com relação
ao marido dela, quais as nossas expectativas para o futuro, entre outras. Respondemos
tudo com calma e uma boa dose de humor. Todos ficaram satisfeitos e nos
divertimos bastante.
O
resto da tarde praticamente foi só passando as músicas que iríamos tocar e
cantar, enquanto Priscila andava pra lá e pra cá, aprendendo algumas coisas,
conversando com o pessoal, comigo, comendo algumas coisas... Eu percebi que ela
se sentia à vontade perto dos meus amigos, parecia uma de nós. Eu sorria
bobamente, desejando que pudéssemos fazer sempre isso, mas de uma próxima vez sem
a sombra do marido dela por perto. Ao cair da noite, os pais de Camila
chegaram, e resolvemos parar o ensaio, já que no outro dia todos iríamos ter
aula.
- Foi um prazer receber você aqui em
casa hoje. – Camila disse pra Priscila. – Você é sempre bem vinda, pode vir
quando quiser!
- Obrigada, mesmo! Adorei a companhia de
todos hoje, foi muito divertido! – Priscila respondeu, despedindo-se dela.
Priscila
tinha vindo de carro, e me convidou para irmos dar uma volta de carro pela
cidade, para aproveitarmos a noite. Eu aceitei claro. Ela dirigiu por uns
vinte, trinta minutos, até parar o carro perto de uma ponte. A noite estava
fria e gostosa, era uma noite bonita. As nuvens no céu, algumas estrelas, e a lua
cheia. A ponte ficava em uma praça, e embaixo dela passava um rio. Saímos do
carro e Priscila me puxou até a ponte. Paramos ali, observando o rio, o céu, as
estrelas, e tudo parecia tão calmo e tão romântico!
- Sara... – sua voz estava fraca.
- Diga, minha linda. – enlacei sua
cintura, olhando em seus olhos.
- Eu tenho pensado muito em nós
ultimamente. Foi tudo tão rápido, tão diferente, tão maravilhoso! Eu tive
poucos relacionamentos em minha vida, que realmente importaram. Bruno, o cara
que eu te disse que namorava, e veio a falecer e logo depois conheci o Lucas, e
me casei com ele. Tive uma aventura antes disso com Lili, mas ela é minha
amiga, não foi nada sério. Tenho vivido com Lucas todos esses anos, e foi bom,
até eu te encontrar, e então, foi tudo maravilhoso.
Ela
engoliu em seco, sua voz embargada; estremeceu de frio, enxugou os olhos com as
costas da mão, então se virou para frente, olhando para o horizonte. Eu me
aconcheguei em seu abraço, esperando que ela continuasse, olhando exatamente
para onde ela olhava.
- Experimentei coisas que até então eram
desconhecidas para mim. Contigo eu rio mais, me divirto mais, me sinto mais
livre. Sou mais feliz. Sei que com o Lucas tenho uma família e uma
estabilidade, mas... Sinto-me presa. Com você tudo flui mais fácil. É difícil
me desprender da vida que tenho antes... Mas eu conseguirei. Eu disse que vou
fazer tudo certo, e vou. Só preciso de mais um tempo. Quando o Lucas voltar,
bem, quando ele voltar pode não ter mais a vida de antes, e nem mesmo uma
esposa... – ela suspirou.
- Saiba que eu estou aqui, Priscila,
estou aqui por você. – eu me soltei do seu abraço, segurando em suas mãos,
virando de frente para ela, encarando-a. Aprofundando em seu olhar intenso. –
No começo, era tudo uma brincadeira, flerte, divertido. Mas com o passar do
tempo, meu sentimento por você começou a se intensificar, a se solidificar, e
agora eu não viveria sem você. Fico feliz de saber que lhe faço bem, e quero
estar do seu lado para lhe ver sorrir sempre, enxugar suas lágrimas, e lhe
fazer feliz. Quero aproveitar essa semana inteirinha ao seu lado, pois sei que
quando ele voltar, as coisas podem ficar mais difíceis de lidar, mas estarei
aqui para lhe ajudar e apoiar.
- Obrigada, meu amor. – ela deu-me um
beijo intenso, e senti seu rosto molhado pelas lágrimas. Beijei a trilha
salgada em sua bochecha, aproveitando e mordiscando seu queixo.
Abraçamo-nos
novamente, olhando as estrelas. Eu nunca havia tido uma noite tão romântica em
toda a minha vida, aliás, nunca tinha tido um relacionamento como esse, tão
intenso e tão cheio de sentimento. Eu estava feliz com Priscila, e em pensar em
como tudo começou, eu ria sozinha, imaginando que aquilo poderia não passar de
um sonho, fantasia, mas era tudo real. A noite começou a esfriar de verdade, e
ficamos com fome, então voltamos para o carro e Priscila me levou a um restaurante
que tinha ali perto.
Tudo ali estava
delicioso, a comida, a companhia, os flashes... Flashes? Enquanto comíamos, eu
senti como se estivéssemos sendo observadas... Era tão estranho! Tive a
impressão que alguém estava tirando fotos, mas quem não tira foto hoje em dia
para publicar no tão famoso instagram? Resolvi deixar para lá, eu estava vendo
coisas demais. Após o jantar, Priscila me levou até sua casa, pediu-me para
dormir ali naquela noite.
- Mas, meu amor, eu não quero ficar
aqui... Na casa dele.
- Essa casa também é minha. – ela frisou
a última palavra.
- Eu sei, mas me sinto mal aqui... –
comentei, meio sem jeito.
- Tudo bem... – ela suspirou. – Amanhã dou
um jeito nisso. Mas por essa noite, vem dormir comigo... – ela fez uma carinha
fofa de mimada, segurou em minha mão e puxou-me pelas escadas até o seu quarto.
Deitei-me
em sua cama, enquanto ela lentamente ia despindo-se, peça por peça, olhando
diretamente em meus olhos. Ela era tão linda! Eu não me cansava de admirar! Seu
rosto, seu corpo, sua boca, suas pernas, sua barriga, seus seios... O formato
quadrado do rosto... Levantei-me da cama indo de encontro ao seu corpo quente e
moreno. Empurrei-a em cima da cama, beijando seu pescoço, arranhando suas
coxas, esfregando-me em seu corpo. Ela gemia em meu ouvido, dizendo-me palavras
que me excitavam, deixando-me louca de desejo. Beijei, mordi, lambi,
lambuzei-me em seu corpo, afogando-me no mar de intensidade que era aquela
mulher. Cada vez que eu mergulhava em seu corpo, parecia a primeira. Passamos o
resto da noite fazendo amor e nos perdendo dentro daquele rodamoinho de
paixões.
Cade o proximo ? que demora kkkkkkk
ResponderExcluirNao nos tortura com a espera do próximo capitulo.... :( :( :":
ResponderExcluirPróximos capítulos, por favor... Fãn aki <3
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