Capítulo
21
Comecei
a trabalhar na loja de tatuagens. Não era nada muito difícil, para falar a
verdade. Como a vaga era de assistente, ora eu ficava no balcão, ora ia levar
algumas coisas pro Rogério, limpar aqui e ali, coisa e tal. Eu saí direto da
faculdade, almocei por ali por perto, e fui trabalhar. E ah, antes que perguntem,
infelizmente não a vi na faculdade naquela manhã.
Eu
estava limpando o balcão na maior calma do mundo, ouvindo uma musiquinha,
quando Lili me chamou:
- Sara, você pode cuidar aqui do balcão
pra mim? Preciso buscar uma roupa numa loja, mas eu volto já.
- Beleza, pode ir. Eu dou conta. –
pisquei pra ela.
- Hum sei... Qualquer coisa, só chamar o
Rogério. – ela pegou sua bolsa, dando a volta no balcão.
- Pode deixar. – pisquei novamente. Ela
balançou a cabeça e saiu sorrindo.
Continuei
limpando, dançando, de um lado para o outro, mascando chiclete. Passa o pano,
masca o chiclete. Passa o pano, masca o chiclete. Mentira, não estava assim,
mas vocês entenderam o esquema. A loja estava tranquila, e eu ia pensando em
uma maneira de fazer com que eu e Priscila pudéssemos nos encontrar sem
problema. Estava tão absorta em meus pensamentos, que não ouvi quando me
chamaram. Só percebi que havia alguém ali quando me tocou no ombro.
- Boa tarde! – quando me virei, o
sorriso sumiu do meu rosto. Acho que até branca fiquei! Ali estava, ninguém
mais ninguém menos do que Lucas, com Priscila atrás dele.
- O Rogério está? – ele disse
simplesmente.
Observava-me,
tentando achar alguma expressão, um olhar, qualquer coisa que me denunciasse.
Priscila não me olhava, permanecia quieta com o olhar no chão. E eu? A única
coisa que eu pensava era: “Vamos lá,
finja! Pra que lhe serviram aqueles meses de teatro? Vamos! Você consegue você
consegue! Vamos, você é cara de pau!” Engoli em seco, suspirei, fiquei
séria, como se não me importasse com nenhum dos dois. Mas meus joelhos tremiam!
Ainda bem que eu estava atrás do balcão.
- Sim, está lá trás. Pode entrar. – eu
era a melhor atriz da face da Terra!
- Obrigado. – respondeu.
Mas
antes de sair, olhou pra mim, então pra Priscila, e percebendo que não houvera
nenhuma troca de olhares entre nós, sorriu satisfeito. Então saiu andando até o
outro cômodo, com Priscila em seu encalço.
- Ufa, graças a Deus! – finalmente
soltei a respiração, abanando-me.
Olhei
pra minhas pernas, elas tremiam! Eu era corajosa ou covarde? Vai saber... Mas
pelo menos consegui me manter firme frente a eles. Continuei limpando o balcão,
sem saber se já estava limpo ou não. Eu tentava me acalmar, sempre tive essa
ansiedade que me corroia por dentro. Após uns dez minutos, eles saíram da sala
do Rogério. Lucas olhou pra mim, percebi pelo canto do olho. Mas não ousei
olhá-lo. Virei-me de lado, guardando alguns desenhos que estavam no canto do
balcão. Percebi que sorria.
- Lucas, espera. – Rogério saiu da sala
apressado. Alcançando o Lucas, chamou-o no canto, havia se esquecido de
dizer-lhe algo. Com a atenção totalmente no tatuador, finalmente ele se
esqueceu de mim.
Quando
levantei os olhos, Priscila olhava diretamente pra mim. Senti minhas pernas
fraquejarem novamente. Seus olhar era profundo, e em seu sorriso havia uma
ponta de orgulho. Sorri para ela, olhei dentro dos seus olhos uma vez mais, e
voltei o olhar para o balcão. Agachei-me, ficando invisível por um segundo,
precisava tirar aquele sorriso idiota da cara, né? Antes que o Lucas
percebesse. Forcei uma careta. Levantei-me de novo.
-
Até mais, Rogério. A gente se fala por telefone. – era a voz de Lucas.
- Até, boa viagem! – Rogério entrou de
volta para a sala.
- Tchau, Sara. – ele disse,
aproximando-se do balcão.
- Tchau, Lucas. – forcei a olhar
diretamente nos olhos dele. Da onde veio aquela força? Não faço a menor ideia.
Satisfeito,
balançou a cabeça e puxou Priscila em direção à saída. Ela também era uma ótima
atriz. Não me olhou nenhuma única vez enquanto estava ao lado dele, e fingiu
obediência cega. Eles saíram da loja, e em fim eu pude respirar de verdade. Saí
de trás do balcão, corri pegar um copo d’água e me joguei na poltrona. Meu
Deus! Eu havia conseguido! Finalmente!
Depois
de cinco minutos, Lili voltou para a loja, e ao me ver ali, fingiu estar brava e
disse:
- Você sabe que não vai receber pra
ficar aí sentada, não é?
- Você não faz ideia do que me
aconteceu! – levantei de um pulo e comecei a contar.
O
resto do dia passou sem mais reviravoltas. Saí do trabalho ás sete horas da
noite. Como eu não tinha carro, eu ia ter que pegar um ônibus pra voltar pra
casa. Qual a minha surpresa ao, após andar dois quarteirões, ver um carro prata
parando ao meu lado. O vidro abaixou, e eu só ouvi aquela voz aveludada
dizendo:
- Entra.
Não
precisou dizer duas vezes! Entrei dentro do carro e fechei a porta. Priscila
sorria pra mim. Ela estava linda! Um vestido vermelho sem mangas, decotado, e
os cabelos castanhos caíam-lhe pelos ombros. Usava um par de brincos de argola.
- Você é louca, sabia? – comentei.
- E você é uma ótima atriz! – ela riu.
Aproximei-me,
capturando seus lábios nos meus. Que saudade daquele beijo! Beijei-a
profundamente, sentindo suas mãos na minha nuca. Quando nos separamos, ainda
sem fôlego, perguntei:
- E o Lucas? – ela deu partida no carro
e foi dirigindo.
- Ele pediu que eu fosse ao supermercado
para comprar umas coisas para ele, antes de ele viajar. Pensei em passar pra te
dar uma carona. – sorriu, colocando a mão em minha coxa.
- E ele não vai desconfiar da demora? –
sorri maliciosamente.
- Não, pois eu sempre demoro pra fazer
compras. O que ele não sabe, é que posso fazer as compras em um segundo, se eu
precisar do tempo pra fazer outra coisa...
Ela
dirigiu por mais alguns minutos, e quando chegou perto da minha casa, parou em
uma rua paralela a minha, um pouco deserta. Olhou para mim, virando-se de lado,
e seus olhos faiscaram de desejo. Aquela mulher era insaciável! Deus meu! Ela segurou
minha mão, e afastou levemente as pernas, guiando-me para o seu sexo. Ela
estava sem calcinha! Quando senti seu sexo molhado e latejante, ela olhou em
meus olhos, sorrindo maliciosamente.
- Eu quero você! – sussurrou em meu
ouvido, puxando-me para perto dela.
- Você me tem. – beijei-a, mordiscando
seus lábios.
Meus
dedos começaram a massagear o clitóris, fazendo movimentos circulares, enquanto
ela me beijava, mordia, abraçava. Seu corpo estava quente, e eu só conseguia
pensar que estava ficando louca. Ela gemeu no meu ouvido, uma, duas, três
vezes, enquanto eu continuava fazendo movimentos de vai e vem dentro dela. Quando
gozou, retirei meus dedos, oferecendo-os a ela. Chupou um a um, enquanto seus
olhos não desgrudavam dos meus. Sério, quase gozei naquele momento. É uma
sensação totalmente inexplicável. Ela riu gostoso, beijando-me novamente.
- Agora tenho mesmo que ir. – encostou a
testa na minha por um segundo, e então voltou sua atenção para o volante. Ligou
o carro e voltou a dirigir.
Dali
a duas ruas, já estava em frente a minha casa. Olhou-me nos olhos, abraçou-me
forte, e sussurrou:
- Obrigada, sem você eu não conseguiria.
- Eu amo você. – sussurrei de volta.
Ela
me beijou novamente, e sorriu. Combinamos de nos encontrar no dia seguinte. Era
sexta-feira. Ela disse que iria na faculdade, e daria uma passada na minha
sala. Pelo menos o Lucas não a vigiava lá. Concordei e finalmente me despedi
dela. Entrei em casa, e ouvi o ronco do carro, ela já havia ido embora. Sorri
comigo mesma. Na próxima semana, seríamos só eu e ela. Tudo o que eu sempre
quis. Será que era muito para se desejar? Uma semana de carinhos, amor,
felicidade e muito sexo selvagem com aquela garota espetacular? Eu esperava
sinceramente que não...
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