Cinco Loiras E Uma Sentença - 7


Capítulo 7 – A Sentença

Eu olhei apreensiva para a mulher de cabelos cacheados á minha frente. Parecia que eu ia ser encaminhada para a guilhotina, ou no mínimo, para a forca. Todas as atenções estavam voltadas para mim, então Marina olhou-me séria, e disse:

- Culpada! – e me deu um tapa na cara.

Isso mesmo! Um tapa! Fiquei tão surpresa que por um momento fiquei sem reação. Olhei-a de boca aberta e resmunguei:

- Hey! Sua louca, isso machuca!

- Isso é pouco para o que você merece. – ela disse olhando-me com desdém, enquanto as outras louras davam risadas.


- Mas eu já disse que a culpa não é minha!

- Deixe de se fazer de sonsa, Jéssica! Você não é uma santinha, e eu sei muito bem disso. – ela cruzou os braços em frente ao peito e eu continuei a olhá-la, ainda chocada.

Eu queria chorar, mas não poderia, não deixaria que me vissem chorar. Virei o rosto e encarei aqueles olhos castanhos cruéis. Ela sorria enquanto encarava-me também, provavelmente estava sentindo o gostinho da vitória.

- Eu não me isentei de ser santa ou não. Apenas disse a verdade, eu não enganei ninguém! – eu levantei um pouco a voz e olhei para Marina, depois voltei a olhar Alessandra.

- Vocês se merecem sabia? – ela disse voltando a sentar-se na poltrona. – Você e a Alessandra são farinha do mesmo saco! Ai que raiva de você!

De repente, as outras começaram a gritar e a resmungarem:

- Você não merece nossa consideração! – gritou Francine, seguida de Tatiane:

- Idiota! Não acredito que enganou a todas nós!

- Vocês se merecem mesmo! – veio a voz de Fabiana perto de mim.

Lágrimas silenciosas começaram a escorrer dos meus olhos. Eu estava magoada e ferida por dentro, e a culpa de tudo aquilo era dela! Sempre era Alessandra! De uma maneira ou de outra, ela sempre conseguia desfazer minha felicidade.

- A culpa é sua! – eu gritei de repente, fazendo todas as outras calarem-se e olhar de mim para Alessandra.

- Minha? Não seja imbecil Jéssica, não fui eu quem dormiu com todas essas mulheres... – ela olhou-me ironicamente. Levantei-me de súbito e continuei falando:

- Não foi! Mas a culpa é sua sim, por nunca me deixar em paz! Será que você é tão ruim ao ponto de querer acabar com a minha felicidade? Com a minha vida?

- Eu quero acabar com a sua vida sim, mas por que você acabou com a minha. – agora a raiva dela começava a aparecer e ela veio mais para perto de mim.

- Eu não tenho culpa se você sempre foi covarde ao ponto de negar um amor que nasceu dentro de você! Você teve medo, e pelo seu medo, você foi e é infeliz! – eu gritei, sentindo seus olhos fervendo sobre mim. Sabia que tinha despertado a raiva nela, mas era exatamente isso o que eu queria.

- Idiota! Você é uma vadia que não vale nada sabia? Nunca mais ouse falar essas coisas na minha cara, ouviu bem? A verdade? Eu mereço coisa muito melhor que você!

Não pude me controlar, só ouvi um estalo e então olhei para o que tinha feito: a marca da minha mão em seu rosto estava avermelhada, Alessandra olhava incrédula para mim. Eu comecei a falar, com a voz trêmula e cheia de mágoa:

- Nunca mais, ouviu bem? Nunca mais se dirija a mim dessa maneira. – parei, olhando-a cheia de ódio, com uma mágoa engasgada em minha garganta.

Só eu sabia o quão doloroso era dizer todas aquelas coisas para ela.

- Você que não merece nem metade do que eu sou. Você não é nada. Não sei como pude te amar algum dia. Sabe da verdade? A verdade é que quando você se aproxima, meu coração ainda bate forte, e a emoção pede para voltar atrás, mas eu não voltarei. Você não muda, prefere continuar orgulhosa e dona da verdade, não se importa com as pessoas á sua volta, está cega para a verdade nua e crua. O amor não escolhe á quem amar, e você perdeu sua chance. Escolheu esconder-se a vida inteira do amor. Dessa vez, eu não deixarei você ganhar, não serei apenas uma boneca em suas mãos. Dessa vez, sou eu que me recuso a te amar.

Parei um segundo e ainda olhei-a, estávamos com lágrimas nos olhos. Olhei á minha volta e todas estavam paradas, de olhos arregalados e bocas abertas. É! Eu provavelmente devia estar horrenda. Será que se eu tivesse a serra ficaria completa a fantasia do Jason? É eu sei piada em hora errada, mas é sorrir para não chorar. Voltei a falar, mas dessa vez para as outras:

- Peço desculpas se eu arruinei a vida de vocês, se as fiz acreditar em minhas mentiras, se enganei e brinquei com vocês, essa não foi minha intenção. Não tenho mais o que dizer, não irei criar artifícios para me isentar de minha culpa.

E finalmente virando-me para Marina, disse, com uma voz sincera:

- Amor, por favor, perdoe-me. Eu não queria que tudo acontecesse dessa maneira, jamais quis magoá-la. Sei que você não merece nem que eu olhe mais para você. Desculpa-me. – abaixei a cabeça e dirigi-me para o banheiro o mais rápido possível.

Tranquei a porta e deixei-me escorregar por ela. Chorava e chorava, todas que bateram na porta eu mandei embora. Até que depois de algum tempo de silêncio, uma batida leve na porta e uma voz fizeram-me abrir a porta:

- Jéssy, sou eu. Deixa eu entrar. – após abrir a porta vi Marina parada ali, podia jurar que seus olhos também estavam vermelhos.

Dei passagem para ela e voltei a sentar no chão, ela sentou-se ao meu lado e abraçou-me. Então deixei que as lágrimas rolassem e depois de uns minutos ela falou:

- Me desculpa Jéssy, por tudo. Depois de tudo o que você falou hoje, eu vi a mulher maravilhosa que é. Acho que eu estava cega pelo ciúme.
 
- Ou então porque gosta de me bater. – eu não agüentei, tive que fazer essa piada. Logo levei um cascudo na cabeça.

- Ai! Mas que mania de me bater! – fiz uma cara de dor e Marina começou a rir, abraçando-me e enchendo-me de beijos.

- Sua boba! Me promete uma coisa? – ela olhou-me nos olhos e eu disse:

- Claro! Só não sendo parar de dormir com você... – eu olhei para ela com uma cara de safada e adivinhem só? Sim! Mais um belo de um cascudo!

- Besta, é sério! Então... Promete que nunca mais irá se meter com loiras na sua vida, fora eu?

Olhei para cima, enquanto pensava, e por fim achei que estava bem essa condição:

- Tudo bem, eu prometo! – seus lábios grudaram-se nos meus e o beijo foi intensificando-se.

De repente, ela parou e olhou para mim com uma malícia e um desejo contidos. Levantou-se tirando a roupa e indo para o Box, disse:

- Vêm, me faz esquecer tudo o que aconteceu hoje aqui! – tirou a roupa e fechou a porta do Box.

Respondi que sim, estava morrendo de vontade de ir. Mas antes, peguei o diário esquecido no chão e a minha caneta e escrevi:

“Suspendam meu velório! Ou, aliás, acho que morri e estou no céu, vai saber! Bom, primeira nota: nunca mais me envolver com louras, elas sabem ser bem do mal quando querem. Outra coisa, lembrar de vestir uma roupa mais macia para suportar os tapas das mulheres (elas têm uma força... Eu que o diga!). Agora, já que estamos falando a verdade, eu não tenho cachorro nenhum, aliás, sou pobre! A única coisa que posso deixar é o meu próprio corpo, que agora será muito bem utilizado, diga-se de passagem. Bom, vou indo, quem encontrar esse diário saiba que eu prometi a Marina nunca mais me envolver com loiras além dela!

Ps: Mas ela não disse nada sobre as morenas...”

FIM

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