Tema: algo que seja indefensável, mas que seja justificável do ponto de vista do personagem.
Mariana
Seu
corpo era meu. Deu-me por livre e espontânea vontade. Eu só demorei a desfrutar
do seu presente. Sempre a admirei, sabia? Desde que éramos jovens. Seus olhos
transmitiam tanta vida... Tanta curiosidade pelo mundo... Mariana era meu bem
mais precioso. E por um tempo, eu fui o dela. Até que ela resolveu me trocar
por um desses caras musculosos cheios de tatuagem. Implorei tanto para que ela
voltasse para mim... Prometi-lhe viagens para conhecer o mundo ao meu lado, o
que ela sempre quis, mas não... Preferiu ficar presa àquele sujeitinho nojento.
Todas as noites apareci em sua porta, liguei, mandei mil mensagens... Até que
ela me dissesse para sumir da vida dela. Eu! A pessoa mais importante! Sua
metade, sua alma gêmea, sua felicidade! Ela me disse que era minha, para
sempre. E minha eu a fiz, ouvindo seus gritos desesperados, pedindo-me para
parar... Minha lâmina desenhando corações meio incertos na pele toda cortada e
avermelhada. Feliz, Janaína? Realizada? Eu estava... Passando a língua em meus
lábios sentindo o gosto adocicado do sangue do seu querido namorado. Seu corpo
inerte, com o corpo todo cortado e espicaçado, assim como ele deixara o coração
de Mariana. Se era do seu pau que ela gostava, pau eu lhe dei. Arrancado
enquanto ainda vivo, capturado entre meus dentes, de presente eu lhe dei.
Acredita que após tanto trabalho, ela ainda teve a audácia de me recusar?
Desesperada, tentou fugir. Pobre Mariana, se tivesse me ouvido... Se tivesse me
escolhido... Teria sobrevivido.
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