Vem aqui, pequena, vamos tomar um café. Senta aqui na varanda comigo, relaxa. Sente o vento batendo no rosto, observa os pássaros na pequena jabuticabeira que eu mal consigo cuidar. Que foi, pequena? Você olha para mim como se eu fosse um alienígena, e talvez eu seja. Não faz essa cara, não faz beicinho, eu não suporto lhe ver chorar. Chega mais, coloca a cabeça no meu ombro, assim. Fica triste não que tudo dá-se um jeito. Você me pergunta com esses seus olhos castanhos por quê eu te chamo de pequena. Você olha para mim como se implorasse para que eu parasse de te escrever. Desculpa, pequena, isso não vai acontecer. Sabe... Sabe por que lhe chamo de pequena? Porque eu cuido de você. Não importa o que aconteça, eu vou cuidar de você. És minha pequena, ainda que do tamanho do universo e com o brilho das estrelas. Você é real, pequena. Você não é aquela que eu almejo, mas que nunca irá olhar pra mim. Você não é intocável. Eu já toquei, já senti, já experimentei. Você é minha, pequena, mas eu não sou sua. Não, não se culpe, por favor. São fatos aleatórios da vida, do universo, de Deus... Vai saber. Mas o fato é que poderia ser, mas não o é. Por isso, pequena, eu escrevo.
Transformo você em poemas e versos e assim eu posso te escrever, digitar, tocar, apreciar, degustar. Assim eu posso finalmente fazer o que eu nasci para fazer: escrever. Eu sei, estou vendo esse sorriso querendo aparecer no seu rosto, e é assim mesmo que quero lhe ver: sorrindo. Seu coração tá doendo, pequena, mas vai passar. Vai lá, pega o merthiolate, deixa que eu passo. Vai arder, vai ficar vermelho, mas logo logo já passa. Está vendo esse sol, que lhe esquenta? Ele é todo seu, minha pequena. Sabe por que estamos aqui, na varanda? Por que você assim o quis. Sinta o sol, pequena. Sinta a grama nos seus pés. Consegue sentir o cheiro da flor? O perfume? E os passarinhos, você escuta? É... Se você ler isso, pequena, você vai saber. Vai enxergar além do que está escrito. Vai perceber o porquê de eu falar assim. Você já consegue entender. Se preocupa não, ok? Me deixa te escrever, pequena, você precisa ler o que eu escrevo. Não se culpe. Não me culpe. Eu estou aqui, consegue sentir meus carinhos? Bagunço seu cabelo, encosto meu nariz no seu pescoço, deixo que sinta minha pele quente pelo sol. Não preciso lhe provar que estou pra ficar. Sou exatamente quem você sempre quis, pare de negar. Não sou tua amante, pequena, não posso ocupar esse posto, por mais que eu queira. Nem mesmo aqui, nessa escrita sem espaço e nem tempo. Você me vê, não é pequena? Você me vê descrita nessas linhas. Respira, menina, isso, deita aqui no meu peito, e descansa. Amanhã é um novo dia, e eu prometo estar aqui. Juro que prometo que estarei, aqui, ao seu lado, isso, e apenas isso, pois daqui posso te apoiar, te abraçar, te cuidar, te observar e te ver crescer, amadurecer, e voar. Você nasceu pra voar, pequena. Enquanto suas asas não estão prontas, deita aqui, vamos conversar, tomar um café, quero te ouvir, pequena, então me conte, quero saber de tudo, vamos começar.
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