Capítulo 12 – Linda Demais
Eu estava encantada com aquela situação toda. Carla bem que podia ser uma grande estraga prazeres às vezes, mas de boba ela não tinha nada. Muito menos algo contra eu e sua amiga juntas. Pelo que percebi, ela somente gostava de se divertir às nossas custas, como no dia em que quebrou todo o clima que havia se estabelecido entre eu e Priscila. Mas ela nos recompensou depois, conseguindo me convencer á ir naquela festa.
Não sei como, mas ela sabia que a amiga gostava de mim, e que eu gostava dela também, por isso muitas vezes encurtava o nosso caminho, dando um jeito de nos juntar ou encorajar, assim como a festa á fantasia que ela tirou da manga. Eu adorava festas, e Priscila também, Carla sabia disso, e sabia também que sua amiga era tímida demais para me convidar para algo desse tipo, por isso, mais uma vez, nos fez esse favor. Uma semana se passou para a tão esperada festa. Nossos horários das faculdades estavam cheios, por isso só vi ela no meio da semana, uns dias antes da festa, em um barzinho em uma rua movimentada. Combinamos de nos encontrar lá á noite, para nos divertirmos um pouco. Eu fui com uma calça jeans e um salto, uma blusa preta como sempre, cabelos soltos. Já Priscila me surpreendera, indo com uma saia jeans, uma blusa de alcinha preta também, que dava destaque aos seus seios, e uma jaqueta jeans por cima. Nos pés, usava um daqueles sapatinhos tipo boneca. Os cabelos estavam mais curtos, feito escovas e continuavam com aquela cor de fogo. Havia passado lápis preto nos olhos, realçando ainda mais aquela cor de chocolate que me inebriava, e nos lábios carnudos, usava um gloss apenas.
Encontrei-a na porta do bar. Cumprimentei-a, sem conseguir desgrudar meus olhos dela, pois estava incrivelmente linda, totalmente perfeita.
- Boa noite. – ela me disse ao qual eu respondi:
- Você está incrivelmente encantadora. – ela sorriu e seus olhos brilharam. Percebi que ela tinha conseguido o efeito desejado.
- E você está realmente linda. – ela disse, abraçando-me. – Vamos?
- Claro. – entramos no bar e sentamos em uma mesa encostada em uma parede.
Era um ambiente legal, arejado e com música ao vivo. Pedimos duas cervejas e ficamos conversando. Depois daquela conversa que tivemos tudo pareceu mais fácil, eu me aproximara mais dela. Com certeza, Priscila sabia que eu estava apaixonada por ela, mas ela nada dizia, e nem eu, somente não conseguia parar de elogiá-la, dizer o quanto era bonita e o quanto eu gostava dela, mas nada oficial.
- E então? Como você está? – eu perguntei, colocando minha mão em cima da dela, na mesa. Ela abaixou o olhar para nossas mãos e voltou a olhar em meus olhos, sorrindo.
- Melhor. Realmente muito obrigada Clah. Sem você, acho que eu não conseguiria superar.
- Claro que conseguiria, eu apenas dei uma ajudazinha. – sorri de volta.
- Será que na festa eu conseguiria encontrar alguém pra mim? Um menino, ou menina talvez? – ela me perguntou indecisa, e eu engoli em seco.
Não poderia chorar ali, nem me mostrar magoada, por cima eu fingi, forçando um sorriso, pois estava realmente magoada. Eu que gostaria de ficar com ela!
- Lógico minha linda. Você é encantadora, linda! Tenho certeza que ninguém resistirá aos seus encantos.
- Desse jeito você me deixa envergonhada! – ela disse sorrindo sem jeito. Eu amava deixá-la daquela maneira.
- Mas é a pura verdade! E você fica linda assim! – ela sorriu sem falar nada.
Uma moça loira e bonita subiu ao palco com um violão, para cantar a próxima música, então começamos a prestar alguma atenção ao show. Ela sentou-se em um banquinho, posicionou o violão e a banda atrás dela começou a tocar, acompanhando-a no violão.
A melodia parecia tão linda e romântica. E então, a voz dela soou alta, melodiosa, começando a cantar as primeiras frases.
“Linda!
Só você me fascina
Te desejo muito além do prazer
Vista meu futuro em teu corpo
E me ama como eu amo você...”
Só você me fascina
Te desejo muito além do prazer
Vista meu futuro em teu corpo
E me ama como eu amo você...”
Eu continuava segurando a mão de Priscila, e nós duas olhávamos para a moça enquanto ela cantava. Sabíamos que era “Linda Demais” do Roupa Nova, percebi que nós adorávamos essa música, mais um ponto em comum.
“Vem! Fazer diferente
O que mais ninguém faz
Faz parte de mim
Me inventa outra vez
Vem! Conquistar meu mundo
Dividir o que é seu
Mil beijos de amor
Em muitos lençóis
Só eu e você...”
O que mais ninguém faz
Faz parte de mim
Me inventa outra vez
Vem! Conquistar meu mundo
Dividir o que é seu
Mil beijos de amor
Em muitos lençóis
Só eu e você...”
Eu fiz carinho em sua mão, segurando-a mais forte. Por um momento Priscila olhou para mim, seus olhos castanhos amendoados se aprofundando nos meus, pretos e intensos. Eu sorria e meus olhos brilhavam, enquanto uma lágrima rolava dos dela.
“Linda!
Conte a mim teu segredo
Pro meu sonho
Diga quem é você
Livre!
Nunca mais tenha medo
Pois quem ama
Tudo pode vencer...”
Conte a mim teu segredo
Pro meu sonho
Diga quem é você
Livre!
Nunca mais tenha medo
Pois quem ama
Tudo pode vencer...”
Eu sussurrava baixinho acompanhando a letra, enquanto um sorriso tímido aparecia nos lábios dela. Priscila nada dizia, apenas apreciando o momento. Eu achava-a linda, a garota mais perfeita e bonita que eu já tinha visto. Claro, ela tinha defeitos, mas pra mim, era... Inexplicável. Ela era linda demais.
“Linda!
Só você me fascina
Te desejo muito além do prazer
Oh! Oh! Oh!
Vista!
Meu futuro em teu corpo
E me ama como eu amo você...”
Só você me fascina
Te desejo muito além do prazer
Oh! Oh! Oh!
Vista!
Meu futuro em teu corpo
E me ama como eu amo você...”
Eu a amava mais que tudo, estava tornando-se impossível não gritar isso ao mundo todo, mas ela era minha amiga, por mais que demonstrasse que talvez sentisse algo por mim, nada havia de concreto, eu ficava em dúvida, por isso, dizia as coisas por baixo, timidamente, como se fossem brincadeiras. Brincadeiras de dizer verdades. A música acabou e logo outro começou a ser tocada. Mas aquilo ficou desinteressante para nós. Parecia que agora, naquele exato instante, erámos somente eu e ela.
Percebi que uma lágrima rolava de seus olhos.
- O que houve minha linda?
- Eu... Acho que talvez ninguém me diria isso. – eu sorri, respondendo:
- Você é linda demais, Pri, sempre.
- Eu gostaria que ela me dissesse isso. Essas músicas me lembram dela.
Eu senti como se um punhal atravessasse fundo meu coração. Tudo o que eu havia pensado fora por água á baixo, e doeu tão fundo na minha alma. Eu suspirei, tentando não chorar. Ela era linda demais, e não merecia isso. Como eu queria dizer que era eu que a amava, eu que queria ela em meus braços, queria dizer que ela era linda demais, sempre fora e sempre seria, dona dos olhos cor de chocolate mais lindos e do sorriso mais encantador. Senti uma dor muito profunda, mas eu era amiga dela antes de tudo, tinha que continar sempre ao lado dela, mesmo que em segundo plano, mesmo que só como amiga.
- Ela não te merece, não fique assim. – eu sorri para ela, tentando passar tranquilidade, dizendo:
- Você vai achar alguém que te ame, não duvide disso. – ela sorriu, parecendo tão verdadeiro, que meu coração derreteu-se.
- É só o que eu mais quero. – ela disse, voltando a olhar as pessoas em volta e a moça com o violão. Minha voz saiu quase inaudível, dizendo:
- Dias melhores virão, não desista.
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