Tema: uma situação ininteligível, ou seja, incompreensível, de difícil entendimento, para o personagem.
Sábado à tarde, sentada na varanda,
toda enrolada no cobertor, em pleno frio de São Paulo, tomando um café, eu lia meu
livro, já nas páginas finais, quando tocam a campainha. Merda! Bem no meio do
penúltimo capítulo! Levantei a cabeça, pronta pra xingar o retardado que tinha
descansado o dedo ali, mas fiquei sem fala, com os olhos arregalados, e o
coração pulando no peito. De cabelos pretos, botas, óculos escuros, e uma voz
rouca inconfundível, estava a Cher, em carne e osso, parada no meu portão. “Garota,
abra essa merda dessa porta!” foi o que eu entendi do seu inglês. Levantei de
um pulo, e comecei a dar gritinhos de alegria e êxtase, quando de repente, dei
um grito que rasgou minha garganta. Uma garota passou correndo, atirou na Cher,
que se agarrou no portão de grade. Eu fiquei branca, apavorada, sem conseguir
sair do lugar, completamente horrorizada. Minha cabeça estava entrando em
parafuso, sem conseguir processar o que estava acontecendo. A Cher, meu ídolo,
agarrada no portão, toda ensanguentada, quase morrendo, gritando, e a menina
ruiva ao seu lado, com a arma na mão, rindo insanamente e dando pequenos pulos.
Eu queria salvá-la, queria gritar, mas não conseguia me mexer. De repente, a
louca olhou pra mim, e apontou a arma, deu uma risada escandalosa. A primeira coisa que eu pensei, antes de
me esconder embaixo da mesa, desviando da primeira bala, foi: fodeu! Um barulho de sirene tocando ao
longe fez uma pontinha de esperança se acender, mas seriam eles rápidos o
suficiente pra nos salvar?
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