Minhas mãos estão machucadas, meus pés estão machucados. E eu estou cansada. Demorei tanto tempo construindo pontes... Retirando tijolo a tijolo dos muros tão bem guardados da fortaleza. A cada tijolo eu pude olhar mais dentro, observar, entender. E a cada tijolo fora, mais luminosidade entrando. Isso é bom, eu pensei. Nos buracos em que eu abri resolvi colocar pontes, para que houvesse um caminho de ida e de volta de dentro da fortaleza, e não só apenas para a dona dela, mas para mim também. Fui convidada a entrar no castelo. E assim eu o fiz, dia a pós dia, às vezes para o almoço, outras para a hora do chá, outras para dormir... E em algumas, fiquei de guarda. Mas então, em um dia de tempestade intensa, a moradora se desesperou e começou a tapar os buracos que eu abrira. Eu estava do lado de fora. Ela me deixou para fora. Eu ouvia os gritos de angústia, e em desespero, comecei a esmurrar os muros do castelo. Esmurrei e esmurrei e esmurrei, até ouvir o som abençoado do cimento caindo. Eu entrei de novo. E no lugar do buraco, ao amanhecer, a luz entrou. E isso começou a incomodar a dona da casa. Fui expulsa.
Sem hora do chá. Sem hora do almoço. E nem de guarda ela não me queria mais. Sentada no caminho do lado de fora, perguntava-me se eu não estava tentando demais... Não deveria tentar nada à força. Ali fiquei, na espera de que ela me deixasse entrar por livre e espontânea vontade. Mas quando isso não aconteceu, comecei a me encher de dúvidas e incertezas. Ao ouvir seus lamentos, corri para a porta novamente, e pedi para que me contasse, convidasse a entrar. Ela se recusou a abrir a porta, e acusou-me de cercear sua liberdade. Incompreendida, desisti de tentar. Voltei a sentar na ponte, abraçando-me para tentar me aquecer do frio da noite. E foi então que olhei para mim mesma. Mãos e pés machucados, de tanto pisar em pedras, de tanto caminhar; mãos cansadas de tanto quebrar muros, esfoladas, já cheias de cicatrizes. De que vale querer destruir os muros, quando quem continua protegido está lá dentro, e o machucado se torna quem está do lado de fora? O quanto eu deveria tentar? Quanto tempo mais deveria eu ficar? E então... Percebi que este não fora o único. Tentei construir tantas pontes para tantas pessoas... Mas era sempre o mesmo. Pontes cortadas abruptamente e muros reconstruídos, ainda mais fortes, sem espaço para mim. Talvez eu devesse mudar de profissão... Gostaria de andar por jardins... Cuidar das flores, que precisam de cuidados e não os recusam. Queria agradecer a brisa no rosto e não sofrer com o vento cortante. Não sentir o sol forte queimando minha pele, mas sim aquecendo-a quando sinto frio. Ao invés de muros e paredes e fortalezas, eu gostaria de cortinas e espaços abertos e amplos, bons para respirar o ar puro. Mas então... Quem traria luz para dentro dos castelos, senão nós? Volto a olhar minhas mãos... Será que essas cicatrizes valeram a pena? Seria esse meu destino? Ou deveria desistir disso de vez? Afinal, não posso obrigar a aceitarem a luz quando se trancam na escuridão.
Sem hora do chá. Sem hora do almoço. E nem de guarda ela não me queria mais. Sentada no caminho do lado de fora, perguntava-me se eu não estava tentando demais... Não deveria tentar nada à força. Ali fiquei, na espera de que ela me deixasse entrar por livre e espontânea vontade. Mas quando isso não aconteceu, comecei a me encher de dúvidas e incertezas. Ao ouvir seus lamentos, corri para a porta novamente, e pedi para que me contasse, convidasse a entrar. Ela se recusou a abrir a porta, e acusou-me de cercear sua liberdade. Incompreendida, desisti de tentar. Voltei a sentar na ponte, abraçando-me para tentar me aquecer do frio da noite. E foi então que olhei para mim mesma. Mãos e pés machucados, de tanto pisar em pedras, de tanto caminhar; mãos cansadas de tanto quebrar muros, esfoladas, já cheias de cicatrizes. De que vale querer destruir os muros, quando quem continua protegido está lá dentro, e o machucado se torna quem está do lado de fora? O quanto eu deveria tentar? Quanto tempo mais deveria eu ficar? E então... Percebi que este não fora o único. Tentei construir tantas pontes para tantas pessoas... Mas era sempre o mesmo. Pontes cortadas abruptamente e muros reconstruídos, ainda mais fortes, sem espaço para mim. Talvez eu devesse mudar de profissão... Gostaria de andar por jardins... Cuidar das flores, que precisam de cuidados e não os recusam. Queria agradecer a brisa no rosto e não sofrer com o vento cortante. Não sentir o sol forte queimando minha pele, mas sim aquecendo-a quando sinto frio. Ao invés de muros e paredes e fortalezas, eu gostaria de cortinas e espaços abertos e amplos, bons para respirar o ar puro. Mas então... Quem traria luz para dentro dos castelos, senão nós? Volto a olhar minhas mãos... Será que essas cicatrizes valeram a pena? Seria esse meu destino? Ou deveria desistir disso de vez? Afinal, não posso obrigar a aceitarem a luz quando se trancam na escuridão.
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