No dia seguinte cheguei à faculdade toda leve, feliz, sorrindo boba com o que tinha acontecido no dia anterior. Fiquei sentada lá na mesa favorita perto da cantina, pensando. Nem vi Camila chegar e sentar-se à minha frente.
- Sara? Sara! Acorda! – finalmente olhei para ela.
- O que?
- Estou te chamando a horas! O que te deu? Aconteceu algo?
Não precisei responder. Sorri maliciosamente e ela começou a rir. Resolvi abrir o jogo com ela, já que era minha melhor amiga, e contei tudo o que tinha acontecido no dia anterior. Primeiro, ela morreu de rir com o meu jeito de contar as enrascadas que eu me metia. Segundo, ela me avisou:
- Cuidado, amiga. Você não sabe onde está se metendo. Essa mulher é casada.
- Eu sei! Mas eu não fiz nada, fiz? – fingi inocência.
- Você sabe do que eu estou falando. – ela levantou uma sobrancelha.
- Sei. – fiz uma careta. – Pode deixar, não vou fazer besteiras... – sorri de canto.
Bem, minha intenção não era de fazer besteiras. Depois de um tempo entramos pra aula. Não entro em pormenores da minha parte acadêmica, pois acho que vocês não se interessam muito por ela... Os professores eram legais, muita matéria sobre português e aulas de inglês. Aliás, eu ia bem na faculdade. O problema mesmo sempre fora meu coração.
Chegou na hora do intervalo fomos para a cantina, todas nós. Sentamos à uma das mesas, com salgado, ou fruta, ou algo para comer. Como eu tinha comido pão de queijo logo de manhã com a Camila, resolvi não comer nada. Estava eu rindo de algo que a Camila falou, quando a Jéssica me deu um cutucão no ombro. Imediatamente olhei para ver o que era.
Priscila vinha andando em nossa direção. Calça jeans, camiseta preta regata, tênis, cabelo solto e um enorme sorriso no rosto. Acho que sorri boba, porque todas na mesa começaram a rir da minha cara. Aquela deusa, digo Priscila, aproximou-se de mim, dizendo:
- Bom dia. – ela olhou direto para mim. Senti minhas bochechas ficarem vermelhas.
- Bom dia Pri. – respondi sem graça.
- Olha, eu queria te mostrar algo que lembrei, depois que você foi embora ontem. Está com tempo agora?
As meninas olharam para mim, com sorrisinhos maliciosos no rosto. Se eu pudesse, tinha matado-as ali mesmo! Mas ao em véz disso, sorri e respondi que sim. Levantei-me, falando que depois as veria. Andamos lado a lado, até a sala dela, que era praticamente ao lado da minha. Ela foi até sua carteira, pegando uma folha de caderno.
- Acabei escrevendo isto, quando cheguei em casa. Sei lá, você comentou que queria ser escritora e que escrevia... Por isso pensei em te mostrar.
- Nossa muito bom! Deixa eu ver... – respondi, enquanto começava a ler.
“Impossível não olhar, não te imaginar
Não te querer na minha cama a gemer
O desejo toda semana a me corroer
Querendo, necessitando de seu corpo”
Era só isso que havia escrito no papel. Por um momento, não pude me conter. Comecei a rir, olhando para ela. Seus olhos estavam zombeteiros e um sorriso bailava em seu rosto quadrado. Ela estava curtindo com a minha cara? Não era possível!
- O que é isso? Você está falando sério?
- É só um texto. Escrevi e queria saber o que você achou. – respondeu, fingindo inocência. De inocênti ela não tinha nada!
- Hum... – levantei uma sobranchelha. – Ficou muito bom. Expressa bem o... Desejo... Do eu poético.
- Com certeza. – ela segurou um riso nos lábios. Sim, ela adorava rir da minha cara.
As pessoas começaram a entrar de volta para a sala dela, e logo eu disse que precisava ir ao banheiro. Ela disse que ia comigo. Não protestei. Naquele momento, todos já voltavam para suas salas e ali em volta estava ficando vazio. Entramos no banheiro e parei em frente ao espelho, lavei as mãos e prendi o cabelo em um rabo de cavalo. Priscila, ao meu lado, olhava-se no espelho.
Engraçado, ela continuava ali parada, como se esperasse algo. Eu não estava conseguindo me conter! Se aquilo não era um sinal, eu estaria enlouquecendo! Olhei para ela, que estava à minha esquerda. Ela continuava com aquele sorriso enigmático bailando em seus lábios cheios.
- Você veio aqui para não fazer nada?
- Não exatamente... – ela sorriu.
Não pensei duas vezes. Sorri, empurrando-a na parede, encostando meu corpo no seu. Mais que depressa enterrei minha boca no seu pescoço, beijando-o e arranhando-o de leve com meus dentes, dando pequenas mordidas. Sua pele era quente e macia. Não houve nenhuma resistência da parte dela. Ela abafou um gemido, colocando a mão nos meus cabelos.
Aproveitando, puxou minha cabeça para trás, olhando em meus olhos. Meu Deus! Aqueles olhos eram puras chamas de desejo! Sorriu e cobriu meus lábios com os seus. O beijo foi intenso, e uma vez que eu já estava ali, retribuí, deixando que minha língua se entrelaçasse na dela, sentindo o gosto da sua boca.
Ela aproveitou meu momento totalmente entregue e mordeu meu lábio inferior. Ela estava aprendendo rápido! Um gemido involuntário saíu da minha boca. Ela achava que estava no comando? Só porque era mais velha? Mais poderosa? Resolvi mostrar para ela só um pouquinho do que eu era capaz, já que ela provocara.
Prensei meu joelho entre suas pernas, esfragando por cima da sua calça jeans. Dei uma lambida quase que do colo dos seios até seu pescoço, enquanto arranhava sua nuca vagarosamente. Então, dei-lhe outro beijo, mordiscando-lhe o lábio e de repente parei. Sua boca continuou a procurar a minha, mas eu já tinha me afastado. Vi a surpresa em seus olhos e disse, rindo:
- Alguém pode entrar. Além do mais, eu comecei, lembra?
- Sua... – ela mordiscou o lábio.
- Eu sei que você gostou.
- Você vai ver... Pode esperar... – ela sorriu maliciosamente.
Ouvimos um barulho e a porta se abriu, olhamos, assustadas. Respirei fundo, ao ver que era apenas Camila, olhando-nos surpresa. Passou de Priscila até mim, e disse:
- Sara! Vocês... Vocês... São impossíveis!
- Vamos Ca, eu te conto tudo... – e virando-me para Priscila:
- Depois a gente se vê?
- Eu te procuro. – ela piscou para mim.
Eu e Camila saímos do banheiro e eu fiquei com aquela cara de safada o resto da aula. Não consigo evitar! Minhas caras sempre me denunciam! Talvez eu tenha feito a maior besteira da vida, assim como Camila dissera para eu não fazer, mas talvez tenha sido a melhor coisa. Eu só não sabia onde eu havia me metido...
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