Os dias foram passando e eu comecei a sempre cumprimentá-la, mas sem nunca conseguir dizer nada mais do que apenas um oi. Eu sei, frustrante. Mas o que você quer que eu faça? Gostaria de ver o que vocês fariam no meu lugar!
Só para terem uma idéia, eu estava outro dia na porta da minha sala, logo depois do intervalo. Eu a vi passar, maravilhosa. Viu-me e deu-me um Oi, com aquele sorriso lindo. Depois, foi para o banheiro. Aí minha amiga Lilian:
- Vai lá no banheiro.
- Ah não! Vai dar muito na cara! – disse envergonhada.
- Bom, eu tenho que ir ao banheiro. – disse Jessica, e saiu andando.
Mais do que rapidamente, eu e a Lilian fomos atrás dela. Ao entrarmos no banheiro, Priscila estava lá, se olhando no espelho. Como Jéssica a conhecia, cumprimentou-a. Jéssica entrou em um Box, Lilian no outro, e eu fiquei ali, parada.
Morrendo de vergonha, tentava não olhar muito para ela. Ela estava escovando os dentes, e eu tentando desviar o olhar. Estava frio naqueles dias, e ela usava uma blusa de frio laranja. Eu ficava imaginando se ela tinha uma tatuagem em algum lugar. Imagina, se aparecesse um pedaço e eu perguntasse:
- Nossa você tem tatuagem?
- Tenho sim. – sorriso.
- Posso ver?
- Claro! – levantaria uma parte da blusa, perto do quadril, para me mostrar.
Mas claro, isso foi apenas uma imaginação da minha cabeça. Ela continuou escovando os dentes. Depois guardou a escova dentro da bolsa e saiu do banheiro, e eu ali, com aquela cara de tonta. Eu sei, eu sei, podem me xingar.
E então, depois de tanto tempo decorrido, percebi que tinha que conversar com ela, eu não estava mais agüentando esperar. Foi numa quinta-feira. Quando acabou o intervalo, Camila havia pedido para que eu fosse com ela no Xerox, dentro da faculdade mesmo. Então, quando voltamos para a sala, a professora já estava lá.
Havia acabado de sentar, quando vi a Priscila passar com duas amigas pelo corredor, provavelmente indo embora. Era a minha chance, não podia desperdiçar! Estava quase no meio do ano, nas férias. Tinha medo de que este fosse o último semestre dela, então eu nunca mais a veria.
- Ah a Priscila acabou de passar aqui! Vamos lá comigo, Camila?
- Ah não vou não! – disse rindo.
- Então deixa... – disse meio desapontada.
- Vai lá Sarah! – Bianca encorajou, sorrindo.
- Então eu vou!
Levantei correndo e sai na porta. O corredor estava vazio, exceto pelas três. Vi-as andando até perto da roleta, e fiquei com medo de que elas pudessem estar saindo. Mas somente as duas amigas saíram, ela continuou andando pelo corredor.
Apertei o passo e comecei a andar rápido, atrás dela, mas quando percebi que não iria alcançá-la, chamei-a:
- Priscila! – ela parou, olhou para trás e acenou, me dando Oi. E continuou a andar!
- Hey, eu quero falar com você! – ela virou-se novamente e dessa vez andou até mim.
Andei mais um pouco, nervosa, com as mãos balançando e a boca seca, agora que estava ali, não sabia o que fazer, o que dizer.
- Oi, você está em qual período de Administração? – foi o que eu achei para comentar na hora.
- Ah estou no sétimo período, são oito. – respondeu simpática.
- Então tem mais meio ano não é?
- Sim! E você?
- Ah eu estou fazendo letras. – sorri.
- Hum está na sala A...
- 7. Isso. – completei, sorrindo. – Você conhece a Alexandra, da minha sala.
- Sim, uma morena.
Senti minha garganta seca, o nervosismo subindo a cabeça, mas eu tinha que perguntar!
- Ahn gostaria de te perguntar algo.
- Diga!
- Já te disseram que você é parecida com a Angelina Jolie? – ela sorriu e respondeu:
- Sim, já. Mas eu não acho muito não.
- Ah, mas é sim! O sorriso é bonito igual! – sorri.
Ela deu uma risada que eu quase morri naquele momento, e agradeceu.
- Obrigada.
- É, eu ficava olhando, pensando “Nossa, parece mesmo.”
Conversei mais um pouco com ela, e então ela disse:
- Bom eu preciso ir! – colocou a mão no meu braço.
- Tudo bem! Tchau então!
- Tchau, até mais! – e saiu sorrindo.
Eu voltei para onde tinha vindo e estava me segurando para não sair pulando pelo corredor! Tinha um sorriso estampado no meu rosto! Passei na porta da minha sala e Bianca estava lá. Quando me viu, saiu da sala e fomos até o banheiro.
Mal cheguei à porta, soltei um grito e comecei a rir descontroladamente. Meu coração batia rápido, forte, quase saindo pela boca! Comecei a contar para ela tudo detalhadamente. Voltamos para a sala, e quando contei a Jéssica, ela me disse:
- Meu Deus, você é louca! E agora, como vai olhar na cara dela?
- Não faço a menor idéia! – disse rindo.
Fui embora me sentindo a pessoa mais feliz do mundo. No dia seguinte que eu iria descobrir no que tinha dado essa minha loucura...
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