O Café
Ela estava ali.
Ela sempre estivera ali. Sentada sozinha em sua mesa preferida na Starbucks,
aquelas dentro da cafeteria, em um banco confortável, tomando seu cappuccino e
comendo um lanche de peito de peru. Seus olhos sempre fitando o livro que
sempre trazia consigo. Não interagia com as outras pessoas, gostava da quietude
e da tranquilidade. Talvez por isso eu nunca tivesse reparado nela; meus olhos
sempre buscavam tantas garotas que passavam a minha frente, todas tão
diferentes, falantes, extravagantes. Escrevia histórias sobre elas, imaginava
suas vidas, queria conhecê-las e entendê-las. Eu buscava uma história de amor,
mas todas me davam pequenas crônicas em conta-gotas. Nunca me ocorreu
simplesmente aquietar-me e sentir as vibrações em minha volta. Então, em um dia
qualquer, após outra decepção amorosa, sentei-me calada na cafeteria. Sentia-me
solitária, amarga e triste, assim como os tantos cafés que eu adorava tomar.
Meu olhar vagava pelo ambiente, até pousarem sobre a garota de cabelos pretos e
lisos sentada no canto do lugar. Ela olhou-me, sorriu, e voltou a sua leitura.
Rapidamente interessei-me por ela. Geralmente eu demorava séculos para me
aproximar, apenas observando minhas pretendentes, mas dessa vez resolvi tentar
a sorte. Caminhei calmamente até ela e me apresentei.