Cinco Loiras e Uma Sentença - 2




Capitulo 2 – Tatiane.

Então eu comecei a contar como tudo aconteceu.

Eu estava na faculdade naquele tempo, começo de ano, sentada á minha carteira bem comportada, quando ela entrou pela porta: alta, magra, cabelos compridos e loiros, encaracolados nas pontas. Olhos azuis e um sorriso lindo, toda delicada e meiga. Eu quase morri quando a vi, a desejei para mim, mas eu sabia que ela não me veria se eu não me fizesse sobressair em meio aquele monte de gente.


Passei a aula toda a ouvindo falar e sonhando alto, admirando-a dos pés a cabeça. Quando chegou o fim da aula, todos os alunos se levantaram e foram saindo, e ela foi arrumando as coisas para ir embora, já que era a última aula. Eu cheguei perto dela e vendo quanta coisa ela tinha que carregar, me ofereci a ajudar.

- Quer uma ajuda professora? – eu perguntei sorrindo, e quando ela sorriu de volta eu quase caí para trás, de tão lindo o seu sorriso.

- Ah muito obrigada, seria ótimo. – eu peguei algumas pastas e papéis e estendi a mão apresentando-me:

- Jéssica. – ela segurou minha mão e eu tenho certeza que fiquei vermelha na hora.

- Prazer, Tatiane. Obrigada pela ajuda.

Ela foi andando com suas coisas e eu fiquei ao lado dela, ajudando-a a levar o material até seu carro, que eu descobri estar no estacionamento. Fomos conversando e ela sorria constantemente, era muito simpática, o que me cativou na hora.

- Sabe, é difícil achar pessoas que estejam dispostas a ajudar os outros, pessoas simpáticas como você. – ao ouvi-la dizer isso eu quase morri do coração! Fiquei corada nas bochechas e agradeci.

- Imagina muito obrigada! Eu gosto de ajudar os outros, sempre. – ela me olhou nos olhos e sorriu.

Eu podia jurar que havia algo mais além do seu sorriso, mas não pude identificar o que era. Chegamos até o seu carro e ela abriu a porta do motorista, entrando com a cabeça lá dentro colocando as coisas em cima do banco do carona. Esperei e depois lhe entreguei o resto de suas coisas e ela fez o mesmo gesto.

Depois, ao reerguer-se, estava com o braço direito apoiado em cima da porta do carro que estava aberta, ou seja, ela estava totalmente de frente para mim. Ficamos nos olhando nos olhos e sorrindo. Mas eu tinha que ir embora... Maldita hora!

- Bom Tati... Posso chamar você de Tati? – perguntei meio embaraçada.

Ela sorriu mais ainda respondendo:

- Claro, me chame do que quiser.

- Então Tati, eu tenho que ir, até amanha. – e então eu a abracei, com uma mão em sua cintura e a outra em suas costas.
Senti seu perfume bem de perto, inebriante, e beijei sua bochecha tão perto da boa que poderia quase sentir seu beijo.

- Até amanha Jéssy. – ela despediu-se de mim e eu saí do estacionamento andando em nuvens. Claramente ela estava dando em cima de mim e...


Eu fui interrompida por Marina, que fez um barulho com a garganta. Olhei-a e ela cruzou os braços novamente, e com uma sobrancelha levantada, perguntou:

- Você não é muito confiada não? – todas deram uma risada e Tati completou:

- E quem disse que eu estava dando em cima de você? – ela cruzou os braços também, então eu respondi com um sorriso convencido:

- E não estava? – ela abriu a boca várias vezes e eu voltei a falar:

- Posso continuar? – Marina confirmou com a cabeça e então eu continuei:


Depois daquele dia no estacionamento, toda aula eu ajudava a professora e conversava com ela ao fim da aula, descobrindo que tínhamos muito em comum. Eu não tinha namorada e ela estava dando um tempo no namoro com um cara com quem ela estava.

As semanas foram passando até que chegou uma sexta-feira em que eu fui entregar um trabalho na mesa dela, e ela me perguntou baixinho:

- O que você vai fazer no fim de semana? – outro aluno trouxe o seu trabalho e eu esperei ele sair para responder:

- Nada de especial, por quê? – Tati sorriu e me perguntou:

- Eu queria saber se você gostaria de passar o fim de semana lá em casa, comigo, me ajudando com as coisas da escola e etc. Mas se você tiver algo melhor eu irei entender e...

- Eu adoraria! – eu respondi prontamente. Nós duas sorrimos e eu disse baixinho para que ninguém ouvisse:

- Passa lá em casa depois das suas aulas, eu estarei esperando. – dei uma piscadinha para ela e voltei para o meu lugar.

Era simplesmente inacreditável! A minha professora, quem eu achei super gata, dando mole para mim? Há, era muita sorte para uma pessoa só! Bom, acabaram as aulas e eu fui para casa, almocei qualquer coisa e arrumei uma bolsa com minhas roupas para passar o fim de semana lá na casa da Tati.

Quando era mais ou menos seis horas da tarde, ouvi buzinarem lá fora, olhei pela janela e reconheci o carro da minha professora. Fechei a casa, peguei minha bolsa e saí, fechando a porta. Cheguei ao carro e abri a porta, entrando.

- Quanto tempo! – eu disse sorrindo. Tati deu uma risada e respondeu:

- É mesmo, então está pronta? Podemos ir? – eu fiz que sim com a cabeça e nós fomos para a casa dela.

A casa era muito bonita, toda organizada e certinha, assim como a dona. Coloquei a bolsa no quarto dela e Tati se ofereceu para fazer um jantar para nós duas, mas eu disse que queria ajudá-la, só tinha um problema: eu não entendia nada de cozinha, entendeu? Se soubesse fazer um chocolate quente era muito! Okay! Exagerei, mas vocês entenderam!

- Jess, corta os tomates para mim?

Eu respondi que sim e peguei a taboa e a faca, comecei cortando um tomate, mas que coisa difícil! De repente, eu bati a faca com tanta força que um pedacinho saiu voando e foi parar dentro da panela com macarrão que a Tati cozinhava.

- Mas como você é desastrada! – ela disse rindo e pegando uma colher para resgatá-lo.

            Eu dei risada dizendo:

- Eu disse que não era boa na cozinha... – ela virou-se para mim olhando diretamente em meus olhos e sussurrou:

- Será que é boa em outras coisas? – eu voltei a encará-la e os seus lábios me chamavam para eles...

- Porque você não arrisca e descobre? – agora minha mão estava em sua cintura, encostei-a na mesa da cozinha e continuei olhando seus olhos lindos.

- Tem certeza? – ela perguntou-me ainda indecisa.

- Claro! – respondi baixinho fechando os olhos e juntando meus lábios nos seus.

O beijo começou lento, ficando mais intenso e apaixonado. Nossas línguas se juntaram, tentando ganhar espaço dentro de nossas bocas, e só quando ficamos sem fôlego foi quando nos separamos.


- Atiradinha você hein? – Marina disse olhando para Tatiane, de cara emburrada.

Minha professora que estava encostada no armário apenas sorriu rolando os olhos:

- O que eu posso fazer? Ela é linda e estava dando em cima de mim e...

- E vocês foram até o final? – Marina agora estava mais que surpresa.

Eu comecei a lembrar-me de tudo o que aconteceu e comecei a falar:

- Bom se ir até o final significa rolar no tapete da sala, com a lareira acesa, com a lua lá fora e os gritos de prazer e ‘não para, não para’, ‘ai meu deus!’ e...

- JÉSSICA! – o grito de Marina me despertou novamente de minhas lembranças, e eu tive realmente medo dela... Seu rosto estava vermelho de raiva, sua boca estava espumando e...

- Como você é rápida hein? – Fran disse com pouco caso, cruzando os braços.

- Até parece que com você não foi até pior... – eu disse dando risada.

- Como assim? – Marina voltou a perguntar sentando-se novamente.

Esqueci de dizer, com a indignação ela tinha levantado e quase me batido...
Eu e minha boca grande! Deveria ter ficado bem caladinha no meu lugar...

- Nada! – Fran respondeu, voltando a sentar-se na beirada da cama.

- Agora você pode ir respondendo mocinha! – Marina voltou a dizer e logo Tati emendou:

- É, foi por causa dessa ‘vendedora’ que a Jessy parou de me ver... Aliás, foi com ela que a Jessy me traiu. – agora Tati de sorridente ficou furiosa, eu não tinha explicado para ela sobre a Fran, apenas que as coisas foram esfriando e...

- JÉSSICA! – Marina dessa vez me chamou dando um tapa em minha cabeça:

- Hey isso machuca! – eu respondi vendo se não estava sangrando.

- Para de drama e de vagar no pensamento e volta para cá! Continua contando, anda!

- Okay, okay! ‘To’ indo sargenta. – fiz posição de sentido e Marina levantou a mão:

- Quer outro safanão? – levantou a sobrancelha e eu sorri amarelo:

- Não, não, sar... Quer dizer, Marina. Bom, continuando a história, eu conheci a Francine quando entrei no shopping uma vez e ela era uma das atendentes da loja de bijuterias...

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