Capítulo 1 – Era Uma Vez...
Com todos aqueles barulhos, gritos e protestos eu sai correndo da cama, somente com um lençol envolvendo meu corpo e refugiei-me no banheiro. Sentei no chão ao lado da privada e comecei a ouvir batidas na porta, então coloquei a mão na testa, sentindo-me a criatura mais idiota da terra.
“Como você foi se meter nessa, Jéssica? Aliás, como vou sair dessa?” Pensei que era meu fim, então achei um pequeno caderno jogado no chão do outro lado da pia juntamente com uma caneta. Peguei-os e abri o caderno em qualquer página, descobrindo que era um velho diário meu. Comecei a escrever em uma das páginas em branco, precisava de uma salvação, e rápido!
“Querido diário, aqui estou eu escondida no banheiro da minha casa, escrevendo desesperadamente nessa página em branco. Há três mulheres loiras tentando entrar em casa, cada uma por um lugar, além de uma em minha cama e a quinta esmurrando a porta do banheiro. Não sei mais o que fazer, se elas me pegarem, estou perdida! Espero que alguém encontre esse diário depois que eu for sentenciada á pena de morte. Mas e agora, o que eu faço?”
Olhei em volta mais que desesperada, e além das batidas na porta, uma voz juntara-se á elas:
- Jéssica, o que está acontecendo? Porque essas mulheres estão quase derrubando a casa? Saia daí agora! – ela praticamente gritava, não pedia mais. Mandava.
De repente, ouvi mais barulho dentro de casa e do nada, as batidas na porta se intensificaram, como se houvesse mais pessoas batendo nela, o que eu descobri sendo verdade, meu medo se confirmara: Marina abrira a porta e deixara todas as mulheres entrarem.
Ótimo. Agora eu estava ferrada de verde e amarelo. Confesso que fiz um gesto com a mão que não é lá muito bonito de se repetir, mas compreenda, minha situação era crítica! Voltei a escrever em meu diário:
“Se alguém achar esse diário, eu desejo depois que me for que todos os meus bens fiquem para o meu cachorro! Ah, eu juro também nunca mais olhar para loira nenhuma em lugar nenhum! Mas eu já vou estar morta mesmo, então nem adianta...”
Parei de escrever. Tudo silenciara. Ouvi apenas um virar de chave. Eu fechei o diário e apertei os olhos. Era o meu fim.
- Jéssica da Silva Xavier! – ela gritou.
Eu abri os olhos vagarosamente e olhei na direção da porta. Marina com a mão na maçaneta da porta, Francine, Fabiana, Tatiane e Alessandra atrás dela. Seria uma visão do paraíso, se não fosse a coloração avermelhada de seus rostos e feições do tipo ‘hoje eu te mato’.
Então eu sorri aqueles sorrisos bem amarelos, sabe? Fazer o que, eu já estava perdida mesmo...
- Eu. – eu respondi olhando para todas elas. Marina me olhava furiosa.
- Pode ir me explicando o que está acontecendo!
- Bem, é que... A história é longa... – eu encolhi um pouco, quase me enfiando dentro de mim mesma, se isso fosse possível.
Ela colocou a mão na cintura, continuando a falar no mesmo tom alto e autoritário:
- Não me interessa! Eu quero a explicação AGORA!
Eu suspirei olhando para todas aquelas mulheres na porta do banheiro da minha casa, e eu ali no chão, acuada como um bichinho de estimação, com medo da bronca da dona.
- Posso me levantar primeiro? – eu disse hesitante.
Marina levantou uma sobrancelha e recuou alguns passos para trás. Eu levantei-me, segurando o lençol em volta do meu corpo, e disse por fim:
- Posso me trocar também? – levantei uma ponta do pano que me cobria.
Marina segurou em meu braço, me apertando e passou entre todas ali me carregando até o quarto, dizendo:
- Não! Vai continuar assim! – e chegando ao quarto me jogou sentada na cama. – Vai ficar sentada quietinha aí e vai me contar o que está acontecendo.
Ela ficou de pé na minha frente, os cachos dos seus cabelos loiros e curtos caiam lindamente pelo seu rosto angelical e...
- JÉSSICA! – eu acordei do meu devaneio com mais um grito de Marina.
As outras estavam á minha volta, só esperando que eu me explicasse. Suspirei mais uma vez, passando a mão pelos meus cabelos castanhos. Olhei para todas ali presentes e mais uma vez me perguntei como eu tinha me metido nessa confusão toda.
Só podia ser culpa dos hormônios! Bem feito, quem manda querer sair com toda loira que aparece pela frente...
- Bom... Era uma vez...
- Se você continuar com suas gracinhas, você vai ver do que eu sou capaz! – os olhos verdes de Marina faiscaram, eu sinceramente não queria nem imaginar o que ela poderia fazer, por isso eu continuei:
- Desculpa. É... Tudo começou há alguns meses atrás, quando eu ainda não te conhecia. Acho que quase nenhuma das pessoas aqui presentes. Eu me envolvi com essas quatro mulheres antes de você, e bem... Eu não sei como aconteceu, mas eu não terminei o namoro com algumas e... Bem, eu sei que fiz um tremendo de um rolo. Mas, eu sempre fui levando, até que elas descobriram e estão aqui para tentar me matar...
Marina cruzou os braços á cima do peito e me olhou nos olhos:
- E é só isso o que você tem para me dizer?
- Hum... É. – eu sorri tentando convencê-la, o que foi completamente em vão.
Ela sentou-se na poltrona á minha frente e ficou me encarando, dizendo por fim:
- Vamos! Eu tenho todo o tempo do mundo. Quero a história toda, desde o comecinho, desde como conheceu cada uma delas, quem são seus nomes e etc. Serviço completo. – ela sorriu ao final da frase e olhou pra mim de novo.
- Tudo bem. – eu suspirei, pensando em como começar. Resolvi fazer pelo começo mesmo.
- Era uma vez, há mais de seis meses atrás, eu estava cursando a faculdade, foi quando Tatiane começou a me dar aulas de História...
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