Você se sente péssimo. A raiva e o choro o consomem por inteiro. Você só quer gritar e gritar e gritar, até tudo desaparecer. Arranhar, morder, bater, socar, estrassalhar seu corpo até não restar mais nada. E ninguém escuta seus gritos mudos. Ninguém olha dentro dos seus olhos úmidos. Ninguém percebe que você está a beira da loucura. Não há ajuda, não há saída. Mas você continua. Olhando para o nada e se perguntando quando isso irá acabar. E você sorri, com um brilho nos olhos negros. Já sabe a resposta. Nunca para, nunca acaba, nunca. Só piora. E você também. Até a hora em que resolver parar, nem que seja na marra, ou até o momento em que enlouquecer de vez.

Imagens Que Contam Histórias 18


Os olhos me espreitavam. Seu corpo todo retesado, como um felino se preparando para o ataque. Abaixou os ombros, as mãos espalmadas no chão. Os cabelos negros caindo-lhe pelo corpo nu. Naquele momento, nada mais importava, nada mais eu enxergava. O quarto escuro e promissor, tão estranho quanto qualquer outro quarto de motel, mas naquela noite não parecia estranho. Naquela noite tudo era tão natural, como se fosse para ser. Quando meus olhos se conectaram aos dela, senti um sentimento queimar dentro do peito, subindo pela garganta, queimando, ardendo, mostrando-se mais vivo do que qualquer coisa. Eu era sua presa, e sempre seria. Eu era dela, e agora não havia mais dúvidas disso. Veio andando de quatro pelo tapete, no chão, com um sorriso malicioso nos lábios cheios e rosados. Parou perto das minhas pernas. Sentou-se. Começou a arranhar minha perna direita, beijou-a, mordiscou-a. Voltou a encarar meus olhos, e senti meu corpo todo estremecer, arrepiar-se. Sorriu de canto. Colocou a cabeça para trás, exibindo a sua linda coleira negra. Segurei na coleira com o dedo indicador, trazendo-a para mais perto de mim. Ainda entre minhas pernas, veio até o local desejado. Agarrou-se à mim, mordendo minha pele em brasa, sugando minha força vital, tomando para si o que já era dela. Apossou-se de mim. Saciou a sede que há tempos a enlouquecia. Sentia meu corpo estremecer, chachoalhar em orgasmos violentos, enquanto da minha boca saiam palavras desconexas. Olhei novamente para baixo, e aqueles olhos... Olharam-me, desafiando-me, instigando-me. Queriam saber se ela havia atingido seu objetivo. Sorriu, mordendo a parte inferior da minha coxa. Ela havia vencido. Eu já não mais respirava.

Beijos Estalados


Faz tempo que percebo na garota coisas estranhas. Um anel estranhamente posicionado no dedão me chama a atenção há semanas. O sorriso e a risada não saem da minha cabeça. É tão estranho como com aquela carinha de menina carente, faz-me querer segurá-la nos braços e tomar conta! E mais estranho ainda, é o modo como ela vem se comportando nos últimos dias. 

Sentada confortavelmente em meu banquinho, mereço não é? Enquanto não tinha ninguém para atendermos na exposição, quando ela chega devagar, colocando o pé, apoiando no banquinho, com a perna entre as minhas. Tremi, mas fingi não me importar. É comum, certo? Errado! Amigas do peito de anos a fio fazem isso, mas não garotas que conheço há apenas duas semanas e que não são realmente amigas apenas colegas de trabalho. 

Video: Lullaby - Nickelback


"Então, só tente mais uma vez

Com uma canção de ninar
E aumente o rádio
Se você pode me ouvir agora
Eu estou chegando
Para que você saiba que você não está sozinha
E se você não sabe disso
Eu estou muito assustado
Porque eu não tou conseguindo falar com você pelo telefone
Então, basta fechar os olhos
Querida, aqui vai uma canção de ninar
Sua própria canção de ninar"

Ah, São Paulo


Ah, São Paulo

Ah! São Paulo...
És meu fascínio,
Doce menino,
Que se põe a cantar.

Quero sua dança,
Sua gente, sua mente,
Felicidade sem fim.

Placas em Neon

Nunca. Você nunca vai saber do meu sentimento por você, nem imaginar, nem mesmo uma ideiazinha que seja. Não porque eu não comente, já que até escrevo nas paredes, carteiras, portas, braços, e até em uma plaquinha de neon que carrego no pescoço. E sim porque você não lê, passa despercebido, não olha, não vê. De vez em quando, de relance, uma olhadela aqui e outra ali, e volta a fechar os olhos, só sentindo cheiros e gostos, tatos. A noite cai, você sai, a rua escura iluminada somente pela plaquinha de neon verde-limão pendurada no pescoço de uma garota de pé, sozinha, no meio da rua, fazendo papel de boba, com um semblante triste no rosto. 

Quando achou que tudo havia mudado
Quando pensou já ser grande o suficiente
 Quando passou do all-star para o salto-alto
Descobriu que nada mudara dentro dela.

As mesmas inseguranças batendo na porta
Os mesmos medos a assombraram naquela noite
E as mesmas lágrimas lhe fizeram prisioneira 
De um sentimento de inutilidade e solidão.

Nunca seria parte da multidão adorada
Nunca daria gostos e orgulhos aos pais 
Nunca seria perfeita aos olhos de ninguém
E o mais importante: nunca seria ninguém.

Cores e Cheiros


Cores e Cheiros

Noite fria, e eu no meu posto, sem ninguém pra prosear, admirando a escuridão, aguardando, quando uma explosão de cores estourou frente a meus olhos pequenos. 

- Obrigada, viu? - palavras dirigidas à boa alma que lhe indicou o caminho.

Guardei o livro, mãos geladas, e agora? Ela sentou-se ao meu lado, eu tremi. Era a contadora de histórias, e lá estávamos, eu e ela. Começou a me contar sobre si mesma, fizera teatro. Eita azar! Ou seria sorte? Juro que não faço ideia do porquê de ter minha vida povoada de atrizes, talvez por ser um drama? Ou seria comédia? Tanto importa, o que chamou a atenção de meus olhos foram suas mãos finas e delicadas, seu jeito engraçado de falar, sua simpatia. Simpatia que logo conquistou meus olhos. É! Olhos sim! Pois não consegui mais tirá-los dela. 

Conto - A Primeira Vez


A Primeira Vez

            A primeira vez dói. Isso é fato. E então você sente um enorme incômodo. Não sabe o que fazer direito. Fica assustado. Mas continua fazendo. E então começa a sentir prazer naquilo. O prazer na dor. O prazer da dor. O torpor. A sensação. Acredito que muitos de vocês já passaram por isso, e se não, provavelmente já cogitaram. Ninguém é tão perfeito assim, não é? Irônico até, tocar nesse tópico, quando se é considerada louca. Maluca. Estranha. Estúpida. Tudo, menos perfeita.  
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