- Eu te amo! - gritei no meio da rua.
Logo minhas palavras atingiram seus ouvidos, ela veio como um furacão. Os olhos cor de chocolate bem abertos, escuros, raivosos.
- Cala a boca! Alguém pode te ouvir! - ela olhou para os lados, e então para mim. - O que quer?
- Ganhar sua atenção. - sorri de canto.
- Parabéns, agora você tem. Desembucha. - colocou os braços em frente ao peito, em uma atitude defensiva.
- Me abraça? - perguntei com os olhos já marejados.
- O quê?
Os braços dela caíram ao lado do corpo, ela abaixara a retaguarda. Seus olhos se abrandaram e ela voltou a ser a mesma pré-adolescente que eu conhecera.
- Eu preciso de você. Só você consegue me entender.
- Mas... Eu... - ela tentou argumentar, não deixei.
- Só me abraça. É inegável que você sabe como me sinto. Eu não queria que você me visse assim, provavelmente me odeia mortalmente, mas não me importa.
- Eu não...
- Por favor. - uma lágrima escorreu pelo canto de meus olhos.
Seus braços estavam ao redor dos meus, e pude sentir o seu cheiro tão gostoso perto de mim. Minha cabeça recostava em seus seios fartos e ela me abraçava apertado. Nada disse, tampouco resolvi falar. E chorei, chorei e chorei até doer.
- Eu... Eu só... - esbocei falar.
- Shhh! Não fala, minha menina. Eu sei. - ela não deixou.
Acordei com o barulho da chuva lá fora batendo forte na janela. Olhei a minha volta, quarto escuro. O tic tac do relógio me lembrava que não havia ninguém em casa. Abracei-me e voltei a deitar, desejando fervorosamente aquele abraço de cheiro da única pessoa que poderia me entender, mas também da única que jamais me daria aquele abraço.
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