Tenha calma...


Menina apressada que corre com a jarra de leite na mão, nunca lhe ensinaram que não se deve correr? No banquete da vida, de tanta ansiedade se esvazia, que acaba comendo cru o que era para ser ao ponto. De pulo em pulo, anseia em chegar ao seu destino, esquecendo-se dos avisos no caminho de pedras e areia. Tome cuidado, menina, quanto maior a velocidade, maior o ralo em seus joelhos. Tropeça nos próprios pés e sempre derruba aquilo que vinha carregando com tanto carinho e doçura. Irrita-se consigo mesma, aponta mil defeitos e se põe a chorar de raiva. De que adianta? Quer cortar caminhos e seguir atalhos que são mais longos e tortuosos do que a sua própria estrada. Sua mãe não lhe ensinou a não andar pela floresta? Se bem que talvez fosse bom. Desestressa, distraia, menina. Tira esse peso dos ombros que já não há mais necessidade. Desacelera. Você já sabe que tudo vai acontecer como tem que acontecer; tudo tem seu tempo, não tente apressar o que não pode. Respira, garota, seu mundo não vai acabar. Eu sei que você já esperou demais por tanta coisa... Tantas promessas vazias... Tantos "talvez"... Tantos "sei lá, pode ser..." Tantas reticências... E tudo o que você quer é um ponto final. Assim. Bem colocado. Com propriedade. Um ponto e vírgula, pode ser; uma exclamação! Ou várias!!!!! Você quer certeza. Decisão. Cansada de tanto ser uma opção. Mas não adianta querer correr, se vai apenas tropeçar. Dê seus passos com clareza, exatidão. Alguns bem pensados, outros apenas pela intuição, e você vai chegar lá, eu prometo. Então, tenha calma, menina, que o tempo sabe bem o que faz.

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