Crônica - Aceita um café? (+18)


Aceita um café?

*conto +18 escrito ouvindo a música Save Me Now do Andru Donalds.


Eu esperava há meses por aquele momento, era como se eu soubesse que ele fosse acontecer cedo ou tarde. Havia demorado, mas finalmente teríamos a chance de conversar a sós. Estávamos em silêncio há alguns minutos e as borboletas no meu estômago me corroíam por dentro. Sentada no chão da sala, descruzei as pernas e as coloquei para o lado, esticando-as. Ficar muito tempo com elas dobradas fazia com que formigassem.

— Aceita um café? – sua pergunta atraiu minha atenção para o seu rosto.

— A essa hora?

— Não existe hora para tomar café. – Ela sorriu, levantando-se.

Colocou a água para ferver e pegou a garrafa térmica, o coador e o filtro de papel. Esperei que minha perna parece de formigar e também me levantei, indo atrás dela. Encostei-me no balcão e a olhei descaradamente. Fazia tempo que tinha desistido de ser cuidadosa ou de ter medo do julgamento alheio. Só não tinha verbalizado ainda o que eu pensava: que ela era uma tremenda de uma gostosa. Apesar disso, eu sabia que ela sabia. Toda vez que nossos olhares se cruzavam durante as aulas ela sorria para mim.

— Você está muito quieta hoje.

— Eu penso demais. – Suspirei.

— Pois deveria pensar menos.

A água já estava fervendo, então ela se virou para a pia e colocou o café dentro do filtro. Pegou a leiteira e despejou a água dentro do coador, subindo imediatamente o aroma do café.

— Eu amo esse cheiro.

— O do café? – ela se virou para mim, encarando-me. Foi uma pergunta retórica, mas eu não podia deixar de aproveitar para responder:

— Não. O seu.

O riso se instalou nos seus lábios, mas foi morrendo aos poucos conforme ela percebia que eu não estava rindo. Eu sorria, mas de nervoso.

— Mas você nem sentiu meu cheiro! – comentou rapidamente, tentando quebrar o clima estranho e pesado que tinha ficado entre a gente.

— Porque você nunca deixou. Se deixasse, eu cheirava! – brinquei, fungando no ar.

— Ué, você que nunca pediu. – Ela deu de ombros.

— Então deixa eu sentir seu cheiro?

Ela revirou os olhos, rindo, e colocou a cabeça de lado, tirando, com a mão direita, o cabelo do pescoço. Aproximei-me, colocando a mão em sua cintura, e cheguei bem pertinho da sua pele, deixando meu nariz encostar levemente no pescoço. Pude ver que ela estava toda arrepiada. Afastei-me apenas alguns centímetros, só para poder vê-la melhor. Ela usava uma blusa de alcinha, então dava bem para ver sua pele escura, e logo meus olhos se desviaram para o seu ombro desnudo. Eu tinha um tesão quando ela ficava de ombro de fora! Não me pergunte por quê. Voltei a me aproximar e, sem nem perguntar, mordi.

— Eu deixei você cheirar, não morder.

Afastei-me novamente, encarando-a. Ela sorria abertamente, mostrando os dentes, sempre me perguntei como conseguia que eles fossem tão brancos. Meu silêncio durou apenas alguns segundos, enquanto eu tentava decidir se queria seguir com aquela brincadeira. Quantos limites eu estava cruzando naquele momento? Muitos, provavelmente.

— Até porque, se me deixasse morder… – Levantei as mãos em minha defesa.

— O que você ia fazer? – ela cruzou os braços e levantou a sobrancelha esquerda, em uma pose desafiadora.

— Eu te mordia inteirinha de tão gostosa que você é!

O sorriso se alargou no rosto. O fato de ela não ter se abalado pelo que eu tinha dito me deu ainda mais tesão. Ela se virou de costas, acrescentando açúcar no café. Depois mexeu e colocou-o na garrafa térmica.

— Então quer dizer que você me acha gostosa?

— Claro que eu acho. Você é uma delícia.

— Mas você nem experimentou para saber.

Aproximei-me, quase encostando meu corpo no dela novamente. Ela respirava mais rápido, o peito subindo e descendo. Segurei em sua mão, levantando-a na altura dos meus olhos. Ela me encarava, sem saber o que viria em seguida. Coloquei o dedo indicador dela dentro da minha boca, chupando-o, tomando cuidado para sua unha não me machucar. Ela gemeu, sem conseguir tirar os olhos do que eu estava fazendo. Repeti o movimento nos outros quatro dedos e, só então, voltei a encará-la.

— Agora posso afirmar: você é uma delícia.

— Menina… que habilidade! – Ela riu sem graça, engolindo em seco.

— Você não viu nada ainda.

— Então me mostra.

Não precisou pedir duas vezes. Encostei minha testa na dela, olhando bem dentro dos olhos castanhos. Os lábios, grossos, estavam entreabertos, e eu encostei os meus nos dela, roçando-os de leve. Ela soltou um leve grunhido, e logo minha boca já estava saciando toda a vontade de beijar aquela mulher. Minha mão estava em sua cintura, arranhando de leve sua pele por debaixo da blusa. Eu tinha vontade dela e ela estava totalmente entregue.

Desci minha mão para o meio das suas pernas, passando-a por cima dos shorts; como ele estava bem colado em seu corpo e era um tecido fino, não foi difícil sentir a umidade em meus dedos. Era gostoso para caralho saber que ela tinha ficado molhada, mas o que eu queria mesmo era fazê-la gozar. Apertei meus dedos contra seu sexo, e falei em seu ouvido:

— Você quer?

Ela balançou a cabeça afirmativamente. Meus dedos escorregaram para dentro dos shorts e da sua calcinha, sentindo a textura da pele quente e dos pelos. Ela gemeu, e eu deixei meus dedos ali, acariciando-a, sentindo-a.

— Você é toda gostosa, sabia? – Introduzi dois dedos devagar. — Sua risada é gostosa, sua boca é gostosa, seu olhar é gostoso. Seus ombros, suas pernas, suas coxas… Você é uma pessoa gostosa.

Seu quadril movimentou-se de encontro à minha mão, e ela passou os braços ao redor do meu pescoço. Ela gemia em resposta às minhas investidas, beijando meu pescoço e meu queixo. Com os dedos, eu a massageava, colocando e tirando, ora mais rápido, ora mais devagar. Quando senti que ela estava em êxtase já, parei o que estava fazendo. Ajoelhei-me no chão, puxando seus shorts e a calcinha para baixo. Ela terminou de tirá-los, deixando-os no chão ao nosso lado, e eu a puxei para mais perto.

Ela se apoiou nos armários a sua frente, levantando a perna direita e me dando total acesso a ela. Faminta, enterrei meu rosto entre suas pernas, molhando meus lábios e meu queixo. Seu gosto era ainda melhor do que eu imaginara. Coloquei meus lábios ao redor do clitóris, sugando-o, o que a fez gemer ainda mais alto. Olhei para cima, vendo-a de olhos fechados, inclinada para frente, com o cabelo no rosto. Que visão deliciosa. Lambi diversas vezes, chupei com gosto, e só então, depois de me deliciar, foquei-me em fazê-la gozar.

Achei o ponto em que ela se tremia inteira e continuei lambendo exatamente naquele local, de vez em quando dando leves sugadinhas. Suas pernas começaram a querer se fechar e a tremer, e eu sabia que estava chegando perto. Suas mãos agarraram ainda mais forte nas alças do armário. Quando percebi que ela estava prestes a atingir o orgasmo, introduzi novamente os dois dedos, intensificando os movimentos com a língua, e levantei os olhos no exato momento em que ela abriu a boca, com os olhos bem apertados, e o corpo começou a se agitar. Com a mão esquerda, segurei em sua coxa para que ela não saísse do lugar, enquanto ela tremia. Eu estava encharcada só de assistir. Ver uma mulher gostosa daquela atingindo o ápice do prazer e gozando na minha boca era realmente uma delícia.

Quando senti suas mãos na minha cabeça, empurrando-a de leve, percebi que estava na hora de parar. Mordisquei a parte interna da sua coxa e ela tremelicou mais uma vez. Levantei-me, encostando no balcão da pia atrás de mim, e a encarei. Coloquei a mão em sua nuca e a puxei para um beijo.

— Nunca tinha sido tão forte assim – ela comentou.

— Você ainda não viu nada… – sorri, dando uma piscadinha.

— Nossa, não sei se aguento! – Ela colocou as mãos na cabeça, ajeitando o cabelo, tirando-o do rosto molhado de suor.

Olhei para a garrafa térmica de café, que tinha ficado esquecida em cima da pia, e a segurei.

— Aceita café? Dá bastante energia.

Ela riu, passando a língua pelos lábios, balançando a cabeça de um lado para o outro. A noite estava apenas começando.

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