Nas Suas Águas
Paciência. O que aprendo agora, o que me esgana nesse exato minuto, e o que me traz para fora da água, podendo respirar enfim, é a paciência. Assim mesmo como veio ao mundo, nua e crua. Sabe, é que assim, eu tenho essa urgência de falar, andar, fazer, pensar, gritar e sentir, tudo ao mesmo tempo, nesse furacão de emoções que não duram nem um segundo; urgência de saber, de querer, de ansiar por uma resposta, um sinal de vida, um suspiro de alívio, qualquer coisa que me mostre que nada foi em vão. Não sei esperar, esse é o meu tão guardado segredo. Não colou? Verdade, não colou. Meu maior segredo, meu maior medo, é pecar pelo silêncio e lhe perder tão facilmente assim. Por uma palavra, um gesto, um silêncio mal colocado, colocar tudo a perder. Sempre vivi assim, correndo, nessa urgência de explicar a qualquer custo, nesse medo insano de perder o que nem possuo ainda. Nunca ninguém reclamou. Nunca ninguém me parou, até você chegar. Parece clichê, eu sei, mas não o é.