A xícara de café entre as mãos pequenas. O quão clichê aquilo poderia ser?
Por que insistia em tomar café enquanto sua cabeça doía imensamente?
Por que ela insistia em um relacionamento que só existia em sua cabeça?
Por que esperava tanto das pessoas, e nada recebia?
Por que sempre acabava sozinha com o seu café?
Tantas perguntas, tantos choros, tantas lágrimas, que nada mudavam.
Olhou para a janela, a escuridão tomava conta do quarto, e a chuva tamborilava na janela.
Suspirou, cansada. Pensando seriamente em qual seria o próximo passo.
Já tentara esquecer, divertir-se sem pensar no amanhã,
Mas em cada rosto via fragmentos da pessoa que fazia seu coração acelerar.
Tentara dar todo o amor que possuía, construir um relacionamento,
E não sabia se tudo dera errado porque ela era toda errada.
As pessoas iam embora, sempre. Não importa a circunstância.
Foi a única conclusão que ela tirou de tudo aquilo.
Menos o café. Ele era o seu único companheiro pra vida toda.
Ao menos enquanto não lhe causasse uma úlcera.
Riu da própria piada, com lágrimas nos olhos, e a angústia presa na garganta.
Na janela, as gotas batiam, cada vez mais fortes.
Suspirou, tomou o resto do café que havia na xícara,
e desejou que pudesse desaparecer, assim como fizera com o líquido negro.